sensações estranhas e desastres

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Estar com o coração partido e ainda ter a chave de casa roubada por um pirralho esquisito, estava bem longe dos meus planos.

Naquele dia, como a maioria dos outros, eu apenas queria dormir tranquilamente como um bebê e assim o fiz após me dar conta de que nada do que eu fizesse iria adiantar, não por aquele dia pelo menos — o mundo não pararia para que eu pudesse consertar meu coração em caquinhos e o chaveiro ficava muito longe dali.

Aderi o método Hakuna Matata.

Na manhã seguinte, senti uma sensação estranha, algo como um aconchego, algo quente e bom. Era quase como se eu tivesse morrido e um anjo acariciava meus cabelos. Meio mórbido? Não sei.

Só quando abri os olhos sutilmente pude perceber que, na verdade...

— MAS QUE PORRAS?! — gritei para Taehyung, que tinha suas mãos entranhadas nos meus fios negros.

— Bom dia, terminei de entregar os jornais e resolvi te fazer uma visita. — disse rodando a chave, a minha chave, nos dedos.

— Me devolva a maldita chave e vá embora daqui! — esperneei.

— Também fiz o café da manhã. — ele dissera.

Logo meus olhos pairaram na mesa, minha humilde mesa do meu apartamento de um quarto, completamente empanturrada de comida. Ele deve ter tido bastante trabalho para fazer aquilo tudo, tinha ovos mexidos, chocolate quente, bolo, biscoitos... tinha tanta coisa, minha barriga havia roncado só de olhar. Eu com certeza não tinha ingredientes na minha geladeira para nada daquilo então significava que ele gastou uma boa grana.

Então, fiz o que qualquer um faria no meu lugar; encher o buxo.

— Por que quer tanto que eu seja seu professor? — indaguei enchendo minha boca com pão e ovos mexidos.

— Não é óbvio? — retrucou.

— Se fosse, eu não perguntaria — respondi impaciente, bebericando um pouco do chocolate sem nem mesmo ter engolido o pão direito.

E então ele não disse mais nada, até a louça lavou, deveria estar mesmo querendo essas benditas aulas...

O fato é que eu não poderia mandá-lo embora, uma parte de mim estava começando a ser solidária.

Quando me olhou de relance enquanto secava os últimos pratos e eu terminava de bebericar minha xícara de chocolate quente, acabei por me desequilibrar e derrubar a pilha de livros atrás de mim, que acreditem em mim, eram muitos, ainda mais por pertecerem à um aluno de letras.

Parabéns Yoongi, além de trouxa é desastrado.

Achei que meu pequeno corpo não iria sair vivo daquele impacto, mas algo como um escudo protetor pairou sob mim, Taehyung especificamente.

Não sei onde ele aprendera a ter velocidade à jato e tanta força para braços meio magros, será que fazia crossfit?

— Acho que me deve uma agora. — falou sobre mim com seu maldito sorriso bobo.

Egoist ➳ taegiOnde histórias criam vida. Descubra agora