-Eu sou esquisito. É o que todos dizem. Ás vezes, não entendo o que os outros querem dizer e acabo me sentindo só, mesmo com outros ao meu redor. Só consigo me sentar e mexer os dedos, que é o meu comportamento autoestimulante. Eu bato uma caneta em um elástico em determinada frequência e penso no que nunca poderei fazer, como pesquisar pinguins na Antártica, ou ter um relacionamento com alguém. Não sei. Eu gostaria de ir à Antártica. Lá é silencioso... menos nas colônias onde os pinguins acasalam. Lá não é nada silencioso! - Will Byers ri - Terminei minha resposta.- Ótimo - Nancy Wheeler, a terapeuta de Will, sorri - Estamos quase terminando. Boa sessão, Will.
- Posso ver seu sutiã. É roxo.
Ela rapidamente o esconde debaixo da blusa azul marinho.
- Queria conversar sobre mais uma coisa. E não preciso que responda agora, mas estou perguntando aos clientes se querem doar seus cérebros para pesquisa.
- Doar meu cérebro?! - Will ri da possibilidade de morrer.
- Depois de morrer. - Nancy explica - Há tão pouco material cerebral disponível e não há substituto para o de verdade. Só pense a respeito.
- Tudo bem.
- E, Will... Sabe aquilo que disse sobre ter um namorado? Pessoas no espectro namoram. Pode encontrar alguém que quiser.
- Como?
- Só precisa ir atrás
- Ir aonde?
🐧
Ônibus são legais, mas eu não gosto que minhas costas toquem no assento, então eu me sento assim, com as costas retas. Não sei como os outros aguentam. Talvez tenham uma pele grossa nas costas por andarem tanto de ônibus. A Merluza Antártida tem uma proteína especial, no sangue que a impede de congelar. Um peixe anticongelante!
Will Byers começa a rir loucamente dentro do ônibus, atraindo olhares das pessoas. Ele estava acostumado com isso. As pessoas olham para ele como se fosse um estranho, mas ele não entendia o por quê.
- Eu estava pensando na Merluza Antártida. - Ele diz sorrindo.
🐳
- Will! Jantar! - Joyce Byers gritava enquanto colocava a pizza na mesa. - Pedi uma caixa de camisas de que o Will gosta, aquelas cem por cento algodão, e elas enviaram algumas do que chamam de "tecido misto". Aí liguei pra empresa e falei com uma mulher chamada Marguerite. Acho que era uma francesa. Enfim... Ela encontrou uma caixas das antigas e as enviou de graça. São exatamente do tipo certo.
- Que história maravilhosa, mãe. - Max colocava um fatia no prato.
- Não seja malvada. - Hopper diz.
- Will, como foi a sessão hoje com a Nancy? - Joyce pergunta.
- Ela quer que eu doe o cérebro, mas só quando eu morrer.
- Para pesquisa? Isso pode ser legal - Hopper pegava um tomate cereja.
- De jeito nenhum - Joyce se manifestou.
- Ordenou a rainha - Sua filha falou ironicamente, como sempre.
- É nojento, Maxine. Diga à Nancy: "Não, obrigado."
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atypical - byler
FanfictionOnde Will é um garoto no espectro de autismo, que gosta de pinguins e quer encontrar um "namorado de treino". ou Onde Mike se apaixona por um garoto atípico que gosta de pinguins. Bɑsed on the Netflix serie: ɑtypicɑ...