Prólogo

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           — Jullie, por que você não vai brincar com as crianças? — perguntou Ricardo a sua filha que estava grudada em seu pescoço.

          — Eu tenho medo delas. — choramingou a menina. Ricardo olhou para as duas crianças que estavam brincando no balanço do parque. Não pareciam crianças ruins.

            — Olhe para o papai. — foi o que a criança fez. Ricardo prendeu a respiração, mesmo depois de quatro anos ainda não tinha se acostumado com a beleza de sua filha. Os traços delicados dos quais herdou de sua mãe, os olhos tão dourados quanto ouro e o cabelo escuro que ficava em destaque em sua pele clara. — Papai está aqui para te proteger e a Luna também. — a criança olhou para o pai como se ele fosse um louco.

            — Luna é só uma gata, não tem como ela me proteger. — Ricardo apertou de leve o nariz de Jullie.

            — Mas ela vira uma pantera quando mexem com a garotinha dela. — Luna, que até aquele momento estava quieta, miou concordando com Ricardo. Jullie riu.

            — Eu vou se Luna for comigo. — disse a menina. A gata se espreguiçou e desceu do banco. A menina saiu do colo do pai e foi junto com a gata brincar com as outras crianças. Ricardo ficou observando elas se aproximarem das crianças, em pouco tempo começaram a brincar com Luna e um graveto. Jullie estava com um sorriso enorme no rosto, as crianças pareciam ter gostado dela, então nada de ruim poderia acontecer, certo? Foi o que Ricardo pensou, até que imagens do que tinha acontecido na última vez que levou Jullie para brincar invadiram sua mente, mas ele logo as afastou quando viu que sua filha estava vindo em sua direção com Luna junto.

            — Já está cansada? — perguntou. Jullie balançou a cabeça.

            — Nem um pouco. — Ela fez uma pausa. — Eu quero sorvete.

            — Onde você viu sorvete? — A menina apontou para um homem que empurrava um carrinho de sorvete.

            — Quero de uva. — disse a menina.

            — Eles vão querer também?

            — Sim, acho que era de chocolate e um de limão.

            — Está bem, então volte lá com a Luna que eu vou comprar. —  disse Ricardo se levantando.

            — Luna não quer voltar, ficou irritada por não conseguir pegar o graveto. — a gata balançava a cauda violentamente.

            — Então ela vem comigo. — Luna apenas virou e começou a andar em direção ao homem do sorvete. — Gatinha brava. — Ricardo a seguiu enquanto Jullie voltava a brincar.

            — Boa tarde, o senhor ainda está vendendo sorvete? — perguntou Ricardo quando se aproximou do homem.

            — Estou sim, que sabor deseja?

            — Um de uva. — Luna miou. — Ok, dois de uva, um de chocolate e dois de limão.

            — Eu acho muito bonito um pai tirar uma tarde para trazer os filhos ao parque. — comentou o vendedor enquanto pegava os sorvetes.

Dama da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora