Capítulo Um

22 3 4
                                    

Jullie

Treze anos depois

- Jullie? - Nina estalava os dedos na minha frente.

- O quê?

- Você está bem? Está mais distante que o normal. Precisa do seu remédio ou da Luna? - Nina disparou a fazer perguntas, mas meu pensamento estava no sonho estranho que tive hoje. Meu pai falava para uma árvore enorme que nunca mataria a filha dele e se ela teria coragem de matá-lo. Olhei na direção de Nina, mas vi algo além dela. Uma figura loira, alta e sua postura transmitia confiança.

- Pai. - disse sem pensar.

- De novo não. - ela tentou me segurar, desviei do seu toque, porém senti um braço passar pela minha cintura.

- Ele não é seu pai, Jullie. - disse uma voz masculina no meu ouvido.

- Bem na hora, Cole. - disse Nina ao seu irmão gêmeo. - Jullie, eu sei que sente falta do seu pai, mas não pode pensar que qualquer homem loiro é ele.

- Estamos aqui, Jullie. - Cole me virou para ele e me abraçou. - Sabemos que a morte dele foi difícil para você. - o sinal do início da aula tocou, o barulho era tão alto que parecia que minha cabeça iria explodir.

- Vamos para a aula. - Nina pegou minha mão, Cole ainda não tinha me soltado. - Cole, nos vemos no intervalo se não for ficar com a sua namoradinha. - Nina me puxou e fomos para a nossa sala. Como imaginei Thaís, namorada de Cole, e suas amigas começaram a fazer piadinhas sobre mim.

- Que cor estão meus olhos? - perguntei a Nina assim que sentamos em nossos lugares.

- Eles estão vermelhos. - ela respondeu.

- Droga!

Meus olhos são dourados, mas por conta de uma mutação toda vez que sinto uma emoção muito forte meus olhos ficam vermelhos. Graças a isso, sou chamada de demônio pelos outros.

Tem um lado bom nessa mutação, meus sentidos são melhores que de uma pessoa normal. Meu pai disse que a velocidade que vejo é diferente, que o que pode estar rápido para uma pessoa normal para mim pode estar devagar, a distância que vejo é bem maior. Minha audição é dez vezes melhor, por isso toda vez que o sinal toca parece que a minha cabeça vai explodir. Meu olfato também é mais aguçado.

Ninguém pode saber sobre esses "poderes", apenas Luna e meu pai, que um tempo antes de morrer me fez prometer guardar segredo sobre isso, ele disse que nem minha mãe poderia saber. Meu pai morreu quando eu tinha dez anos, dizem que ele se matou, mas sei que não foi isso que aconteceu, uma pessoa que tirou a própria vida não faria aquele estrago com o corpo e eu estava com o meu pai no momento em que morreu, afinal fui eu quem o matou.

- Jullie, vamos para a próxima aula. - ouvi Nina dizer. Peguei minhas coisas e saímos da sala. - Odeio aula dobrada, principalmente de matemática.

- Matemática é legal.

- Você nem prestou atenção na aula.

Dama da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora