Enlight

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O estrondo agressivo o fez abrir os olhos de forma repentina, e não aos poucos como costumava fazer de manhã. Virou a cabeça para o lado – estava deitado de barriga para cima – e observou por entre as cortinas do quarto o dia nublado, mal iluminando o ambiente. Estava acontecendo uma tempestade do lado de fora, e há cada trinta segundos um trovão se manifestada. Às vezes baixo e rápido, às vezes alto e contínuo.

Existia algo de reconfortante nas tempestades. Talvez o fato de o obrigarem a permanecer na cama por mais tempo.

Bem, na verdade, estava literalmente se sentindo confortável naquele momento. Por que estava tão aquecido? Estava no auge do inverno e ele não costumava aumentar a temperatura do ar condicionado para dormir, pois se sentia sufocado depois de algumas horas.

Como estava tão quente?

Desviou o rosto da janela e olhou para baixo, ainda sonolento.

Ah, caramba.

Baekhyun estava dormindo com a cabeça em seu peito, o abraçando pela cintura. Havia até colocado uma das pernas em cima das de Chanyeol, o imobilizando. E por que raios Chanyeol o estava abraçando também? Como haviam chegado naquela posição?

Meu Deus, aquilo era muito precipitado. Mas estranhamente natural.

E ele parecia tão sereno e tranquilo, muito diferente do que Chanyeol havia visto na noite anterior. Não queria interromper aquilo. Daquela posição, podia ver a região do tapa já adquirindo um tom arroxeado. Sentiu o coração apertar e um pouco de raiva tomar conta de suas emoções, lembrando daquele homem grotesco e criminoso.

Um trovão alto demais e muito grave, mas daqueles que atingem um ápice agudo, ecoou pelo quarto e fez Baekhyun se sobressaltar durante o sono, apertando o corpo de Chanyeol com os braços. Sua cabeça se moveu um pouco, se ajeitando melhor, o rosto roçando de leve em sua camiseta.

Estava dormindo abraçado com o professor de Hyohee.

No terceiro dia após conhecê-lo.

Aquilo não era normal.

Apesar de ser um clichê na profissão, não era muito fã da normalidade. Portanto, hesitou um pouco mas acabou movendo o braço, que antes abraçava os ombros de Baekhyun, e subiu a mão até seus cabelos, iniciando um cafuné receoso.

O professor se mexeu, movendo a cabeça como se estivesse satisfeito.

Chanyeol então continuou, embrenhando mais os dedos por entre os fios. Era bom proporcionar algum tipo de carinho à alguém que claramente estava precisando. E sabia que já estava começando a cultivar afeto por aquela pessoa em particular, então não se culpou.

Outro trovão alto ressoou pelo quarto, como um tiro, e o corpo de Baekhyun se sobressaltou mais uma vez, tencionando por completo. Ele parecia ser muito sensível a estímulos externos agressivos. Talvez fosse pelo fato de se relacionar com aquele tipo de pessoa abusiva e violenta.

Chanyeol mesmo o apertou mais contra si, usando a mão que estava livre do outro lado do corpo para buscar a de Baekhyun, que o envolvia pela cintura. A segurou e acariciou seus dedos e palma, tentando acalmá-lo e fazê-lo voltar a relaxar.

Ficou fazendo aquilo por um instante, até sentir o corpo grudado no seu ceder e voltar ao normal. Soltou a mão de Baekhyun, mas aquilo o fez subir com o braço pelo peito de Chanyeol e descansá-lo ali, ao lado do rosto.

Cinco minutos a mais, e o terceiro trovão, mais forte do que os anteriores, acabou fazendo Baekhyun acordar de vez, levantando o tronco assustado e olhando em volta do quarto sem entender o que estava acontecendo.

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