Yeolight

Overlight

O corpo docente da escola era composto em sua maioria por mulheres, como era de costume pelo fato de as turmas serem de crianças mais novas. Naquela noite, a mesa estava sendo ocupada por Baekhyun, Kyungsoo e mais sete professoras de séries distintas. Nenhuma delas sabia da orientação sexual dos dois então, naturalmente, metade flertava sem ter a mínima ideia. Baekhyun já estava acostumado a lidar com aquele tipo de situação porque sua orientação não era informação pública, até melhor do que Kyungsoo, que não parecia ter tanta paciência assim.

- As pessoas não têm a obrigação de saber que você está apaixonado pelo vizinho do meu namorado – Baekhyun sussurrou bem baixo quando as professoras sentadas na frente deles se distraíram em uma conversa com a ponta da mesa. – Seja mais simpático com a Sana, ela é japonesa. Precisa se sentir acolhida.

- Se eu for simpático ela vai achar que estou correspondendo. Sua simpatia exagerada está iludindo Jihyo.

- Ela é fofa, eu não consigo ser grosseiro.

Kyungsoo suspirou, soltando um gemido silencioso pela garganta, e Baekhyun sentiu vontade de rir. Era verdade, não conseguia ser grosseiro com pessoas que eram educadas com ele. O jantar com o corpo docente estava sendo divertido, ele se sentia bem entre as garotas, mas a cada quinze minutos, quando o assunto acabava, sua mente se distraía e seu estômago apertava, lembrando de sua última consulta com seu psicólogo e da tarefa que haviam combinado para aquela semana.

A tarefa referia-se ao tratamento iniciado há um mês com seu psicólogo especializado em terapia cognitivo-comportamental, na qual Baekhyun precisava, de forma muito sutil, conversar com Chanyeol sobre a relação dos dois. Fazia parte de seu tratamento incluir Chanyeol na mudança, pois ele, de certa forma, infelizmente fazia parte de seu diagnóstico. Aquilo matava Baekhyun por dentro cada vez que pensava sobre isso, e pensava sobre isso o tempo inteiro porque era sua vida inteirinha naquele momento. Lembrava como se fosse ontem de uma das consultas iniciais com o doutor Kim e da resposta que havia finalmente tirado todas as suas dúvidas.

- Pode me dizer exatamente o que eu tenho, doutor? Eu gostaria de ter uma ideia do que está acontecendo.

- Claro. Pelo que você vem me contando, está passando por sintomas de um transtorno de estresse pós-traumático causado pelos seus relacionamentos do passado. O relacionamento com Chanyeol está causando alguns gatilhos sutis, apesar de parecerem contraditórios, porque ele é um namorado muito bom para você, mas ainda sim são gatilhos por natureza. Eles ocorrem principalmente durante o sexo e quando Chanyeol tem atitudes exageradamente protetoras que lhe fazem perder um pouco sua autonomia. E nos seus relacionamentos anteriores você não tinha autonomia nenhuma. Então, por mais que as intenções dele sejam as melhores, elas acabam lhe remetendo ao passado. Por isso precisamos abordar Chanyeol com delicadeza, aos poucos, para que ele entenda que uma mudança é necessária e faz parte do seu tratamento.

Depois de seu diagnóstico claro, Baekhyun compreendia muito melhor o que estava acontecendo, mas aquilo lhe causava um pouco de tristeza. Não havia como não causar. Saber que Chanyeol, com todo o seu amor e carinho, havia sido em parte causa de sua situação por ser protetor demais e tomar atitudes às vezes um tanto controladoras lhe deixava muito triste. Chanyeol era sim controlador, mas era o jeito dele. Tudo o que ele fazia era com as melhores intenções do mundo e Baekhyun era muito grato por todo aquele amor. Como conversaria com Chanyeol sobre aquilo? Como seria capaz de pedir para ele pegar mais leve... no amor? O psicólogo lhe explicou direitinho como falar, mas mesmo assim ele ainda não havia tido coragem desde a última consulta. A medicação acompanhada pelo psiquiatra, que também frequentava uma vez por semana, ajudava bastante em sua ansiedade, principalmente na hora do sexo, mas... a medicação não era capaz de anular seus pensamentos. O deixava mais calmo, mas ele ainda precisava conversar com Chanyeol.