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Eu penso em algo ótimo, o dia começa inesperadamente bem.
Há um resquício de felicidade no bom dia que se espalha pelo cômodo vazio. Verde, roxo, branco.
Bom dia, ele me devolve.
Respirar fundo, inspirar, respirar.
Eu sei que isso não vai durar muito.

Eu tenho esses pensamentos rondando a minha cabeça, às vezes.
A existência é algo duro, bruto, instável.
Quem diria que hoje pela manhã, ao abrir os olhos inchados e lacrimejantes, o dia me receberia com seus raios brilhantes e alegres. Estes mesmos agora ferem a minha pele marcada, deixam bolhas ardentes nos meus ombros e manchas horríveis na minha alma.

Eu tenho esses pensamentos tão frequentemente que, se olhar um pouco mais de perto, verá que eles tem meus traços, minha fisionomia, meu sotaque e, se parar um pouco para ouvi-los, ouvirá a minha própria voz.
E quem diria que hoje pela manhã era minha própria voz abafada e preguiçosa que desejava um bom dia a ninguém em especial. Que falava animada às paredes.
Essas mesmas paredes agora olham-me com pena, com dor, elas choram por mim constantemente.
E se você parar um pouco para ouvi-las, ouvirá a sua própria voz.

Sente-se, ouça, chore ao lado delas.
Mas por favor, não toque nas paredes vermelhas. Se chegar um pouco mais perto, verá que não é tinta que as tingem de carmim.

 Se chegar um pouco mais perto, verá que não é tinta que as tingem de carmim

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Sit in SilenceOnde histórias criam vida. Descubra agora