Junmyeon não era uma pessoa má. Longe disso, ele era um membro respeitável da sociedade, um bom professor, um ótimo filho, e um amigo exemplar. Mas sim, ele estava espiando o vizinho bonito enquanto anotava em seu caderno aquilo que o outro escrevia nas janelas - mesmo que depois tivesse que tentar entender pois ler ao contrário era horrível. Então, talvez, esta atitude do professor de literatura seja questionável, já que ele foi pego no flagra enquanto Jongdae estava analisando os rabiscos nas janelas.
O que não fez o professor de nenhuma maneira parar de observar o outro pelas janelas e surtar internamente com os triângulos e pontos aleatórios deveria fazer sentido, certo? -, mas agora era muito pior, já que Junmyeon sabia que o cunhado de Sehun era programador.
Então ele pegou seu caderno cheio de rabiscos da janela e foi pesquisar sentado na sua mesa com o notebook clareando a mente - o que quebrava totalmente a sua rotina.
Havia pegado a foto que tirara da janela do hospital, e sabia que aqueles escritos vinham de Jongdae, querendo ou não, soube que de uma forma estranha que aquilo era uma programação -- ou um modelo para organizar os códigos. A vida ganhando surpresas talvez fosse a pior verdade que teria de encarar dali em diante.
Mas o que Junmyeon encontrou depois foi ainda mais assustador e ainda sem sentindo. Aparentemente os pontos que estavam desenhados na janela eram algum tipo de código, morse para ser mais preciso. E o triângulo ainda não fazia sentido. Mas o que realmente assustou o professor foram os algoritmos e testes de mesa.
Se Junmyeon fosse religioso ele faria o sinal da cruz em si mesmo ao ver que Jongdae deveria saber tudo aquilo para programar, eram páginas e mais páginas na internet, fóruns e mais fóruns, e dúvidas! Dúvidas de pessoas que deveriam saber daquilo.
O professor pegou-se sorrindo enquanto levava a caneca com chá a boca, pensando que havia escolhido a área certa. Felizmente era de humanas e não precisava saber de nada daquilo que estava lá. Felizmente gostava de observar os pássaros nos feriados e não de ficar jogar no computador ou entendendo como ele funcionava. Claro que Junmyeon mal sabia ligar o datashow na escola direito, mas nada que uma pedida de ajuda na secretária não ajudasse, certo?
Mas ele estava refletindo sobre sua atitude. Sentido-se a pior pessoa do universo por espionar alguém que havia-o ajudado enquanto se pegava curioso e sentindo-se dono de si. Faziam anos que Junmyeon não tomava as rédeas da vida, possuía tantos e tantos medos que prendia-se a suas concepções. Não queria passar mal na rua, então pouco saía, tinha medo de fazer amizades, então evitava as pessoas, tinha receio de sonhar e quebrar a cara, então pegava seus originais e os trancava na gaveta para que ninguém visse sua alma.
Pois Junmyeon espelhava sua alma em cada personagem e em cada linha escrita.
E o medo de que pudessem ler a si era maior que qualquer outra coisa.
Claro que os transtornos de Junmyeon eram outras coisas, coisas que ele poderia cuidar, tratar, e tentar lidar. Mas não era algo que poderia mudar, deixar de lado ou curar por sentir novamente o peito aquecendo por uma travessura - como na adolescência quando pegou as revistas pronográficas do irmão mais novo e teve a certeza absoluta que gostava de homens.
Então, ele tentava decifrar o que os vidros das janelas falavam. Tentava entender de todas as formas pois desse modo sentia que entendia muito mais de si mesmo. Um Junmyeon que havia esquecido anos atrás, um Junmyeon que havia trancado junto com os originais, na gaveta da escrivaninha.
Mas talvez aquela liberdade lhe desse mais que apenas um retrato se si mesmo, e um entendimento meio oblíquo de seus sentimentos quanto aos seus desejos mais profundos de viver a vida sem se esconder de si mesmo. A aventura de observar e tentar decifrar os códigos alheios lhe davam a certeza de que Jongdae era muito mais que um programador qualquer e que aqueles pontos, triângulos e palavras que não faziam sentido para si era a sua liberdade.
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(De)codificando
Fiksi PenggemarJunmyeon gostava de chegar do trabalho e ler um bom livro sentado em sua poltrona favorita, bem próximo a sua janela. Gostava de olhar para a rua e absorver as palavras, mas sua atenção acabou se perdendo junto com sua concentração. O novo morador d...