{Capítulo 3}

24 4 0
                                    

"Falar é fácil, minha querida
Quando você está se sentindo em casa
Eu quero fazer você se mover com confiança
Eu quero estar sozinho com você."

(Talk is cheap - Chet Faker)
____________________________________________________________

{KATE}

Quando decidi vir a essa festa com Kiara, não imaginei que ficaria tão tensa. Considerando que eu nunca estive numa festa de fraternidade antes, isso era completamente compreensível. Eu estava me sentindo deslocada. Já vi um casal gay se beijando, uma garota praticamente transando no balcão da cozinha, o que sem dúvida, vai me traumatizar pelo resto da vida. Sem contar no momento em que fui barrada por Alex, a garota mais popular da NYU, na porta do banheiro praticamente me expulsando dali. De acordo com ela, ali não era lugar para uma qualquer como eu e ela estava totalmente certa. Eu não me encaixava ali.

Andei por toda a casa a procura de Kiara pra dizer-lhe que estava voltando pro alojamento para me jogar de cara nos estudos. Mas ela não estava em lugar nenhum da casa e fiz uma nota mental de não ir a festas com ela se isso significasse ficar sozinha durante toda noite enquanto minha querida melhor amiga ficava aos beijos com algum desconhecido. Decidi pegar alguma coisa pra beber enquanto dava uma última volta na casa em mais uma tentativa frustrante de tentar encontrá-la quando de repente, alguém esbarra em mim com força, jogando-me para a frente e fazendo com que eu, desastrosamente, derramasse todo o refrigerante na pessoa mais próxima.

- Aí, meu Deus! Me desculpe! Alguém esbarrou em mim. - eu disse, tentando consertar o estrago feito da roupa do cara parado a alguns centímetros do meu corpo.

No exato momento em que olhei em seus olhos, perdi totalmente o ar dos meu pulmões. Ele era lindo! Nunca tinha visto alguém tão absurdamente sexy. Seus olhos eram de um verde intenso, o cabelo estava um pouco grande, com algumas mechas caindo por seu rosto. A barba bem feita e seus lábios numa linha fina. Seu corpo era alto e pelo que eu podia ver, ele era do tipo que frequentava a academia assiduamente. Os braços bem tonificados, o peito largo e pela maneira como sua camisa de botão estava um pouco aberta, vi que tinha peito largo e definido.

O mais estranho era que eu tinha a impressão de que o conhecia, mas com ele ali tão perto e me olhando daquela maneira, eu não conseguia lembrar quem ele era. Sem nenhum tipo de vergonha, ele me analisou de cima abaixo e passou a língua nos lábios algumas vezes enquanto passava seus olhos curiosos por todo o meu corpo. Graças a Kiara, eu estava bem arrumada num vestidinho branco de alcinhas e acima do joelho, sandálias de salto anabela e o cabelo com algumas ondas nas pontas. A maquiagem estava leve, marcada apenas por um batom que deixava meus lábios numa cor rosada e um delineado com um pouco de rímel nos olhos. Eu ainda parecia uma menina, mas me sentia sexy com aquele vestido marcando minhas curvas.

Estava completamente em transe enquanto observava aquelas veias saltando por seus braços, e foi quando percebi que o esquerdo continha tatuagens. Eram desenhos aleatórios como a âncora na parte da frente de seu pulso ou algo parecido com o desenho de um coração humano em seu bíceps. Quando ousei olhar para a camisa que eu havia estragado, por causa dos quatro botões abertos, notei que ele tinha uma mariposa tatuada no abdômen. Eu queria vê-la sem a barreira imposta pelo tecido fino.

Seus olhos ainda me esquadrinhavam como se ele também estivesse tentando me reconhecer, mas eu não tinha certeza. Sabia que precisava me desculpar e sair de perto dele o mais rápido possível, as sensações que ele causava em meu corpo, enquanto me olhava daquela maneira tão excitante estavam me deixando estranhamente perturbada. Meus pensamentos não eram nenhum pouco respeitosos e um formigamento desconhecido estava me fazendo suar entre as coxas. Eu nunca tinha me sentido daquela maneira perto de um homem. Sim, tenho certeza que ele era um homem, pela forma como estava me olhando. Por seu físico e pelo fato de nunca tê-lo visto pelo campus. Ele com certeza não era daqui e percebi que estava se sentindo tão deslocado quanto eu.

Como se tivesse recobrado os sentidos, ele me olhou novamente antes de resmungar algum palavrão e dar as costas, me deixando ali sozinha sem dirigir a palavra a mim. Aquela atitude me incomodou de uma forma que eu não consegui explicar, mas algo em mim tinha certeza de que eu veria aquele homem muito em breve.

**********

Acordei no meio da madrugada com alguém batendo na porta do quarto e fiquei assustada ao perceber que até aquela hora, Kiara ainda não havia voltado da festa.
As batidas continuaram um pouco mais forte até que ouvi uma voz feminina que eu reconheceria em qualquer lugar.

- Já estou indo! - avisei.

Ao abrir a porta, encontrei minha melhor amiga encostada na parede falando coisas incompreensíveis, com os sapatos de salto nas mãos e o rosto de quem havia acabado de vomitar todo o conteúdo que tinha no estômago.

- Meu Deus, Kiara, você está péssima! - eu disse, ajudando-a a entrar no quarto.

- Eu sei, mas me diverti muito essa noite. Eu estava precisando. E você? Saiu da festa que eu nem vi! Veio embora com alguém interessante? - perguntou, jogando-se na cama depois de tirar toda a roupa e vestir sua velha camisa do Kiss que ela usava para dormir.

- Não, vim de táxi. Te procurei por toda a festa e não encontrei, então deixei recado no seu celular mas você não retornou! Você não pode me chamar pra ir a esses lugares e me deixar sozinha, Kiara! Fiquei preocupada e assustada. Me senti um peixe fora d'água naquele lugar... - disse, mal ouvindo minha própria voz.

Ela não respondeu.

- Kiara? - chamei.

A única coisa que obtive foi o som de sua respiração pesada, indicando que havia dormido. Ela era minha melhor amiga, a única pessoa depois de minha mãe e Jack, que eu podia contar. Eu a amava como se fosse minha irmã. Levantei-me indo até sua cama e puxando o cobertor até seus ombros.

- Boa noite, maluquinha. - ri para mim mesma enquanto sussurava próximo a seu ouvido.

Depois de me aconchegar novamente debaixo do cobertor, suspirei ao lembrar do exato momento que meus olhos encontram aquele olhar intenso. Algo nele me atraia, me fazia desejar coisas que eu nunca tinha desejado antes. Mas não poderia me iludir. Sabia que alguém como ele jamais desejaria alguém como eu.

========================

Hahaha, prometi voltar na sexta mas não aguentei. Esses dois estão invadindo meus pensamentos! 😚

Doce CriaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora