A Garota

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Daniela encarou a amiga e seguiu seu olhar para a jovem no canto que conversava alegremente com Anna.

— É uma amiga nova da Anna, por que não vai lá falar com ela?

Gabrielly piscou algumas vezes e tentou recompor-se.

— Não, não tenho nada pra falar. Melhor me concentrar.

O jogo seria na rua mesmo, onde Gabrielly morava. Ela havia sido criada ali e todos a conheciam bem. Apesar dos estragos que de vez em quando ocorriam, ela gostava daquela vibe. Pra quem estava acostumada com locais grandes aquilo era um prato cheio para Gaby.

Daniela, Maria e Jorge fariam parte do time junto com a Gaby. Luciana, Yasmim, Israel e a menina que estremeceu o coração da jovem Gaby eram do time rival.

Ela respirou fundo e esfregou as mãos, um pouco mais tensa do que o normal. Fazia muito tempo que ela não jogava na rua e com possibilidade de ser assistida por sua mãe ainda por cima. Talvez fosse isso seu tremor e não a beleza gritante da jovem do outro time.

Ela ajoelhou-se e respirou fundo. Aquela falta de ar era realmente pelo nervosismo? Ou algo a mais?

Gabrielly não conseguiu iniciar o jogo. Ela recostou-se numa parede e tentou ao máximo puxar o ar. Anna que iria assistir de fora aproximou-se rapidamente.

— Está tudo bem Gaby? O que ta sentindo? Quer ir no médico?

— Não, está tudo bem, é só um pouco de falta de ar, irei ficar bem.

Os amigos de Gabrielly aproximaram-se preocupados. Anna pediu que não ficassem muito em cima para não sufocá-la, já que a mesma precisava de ar.

— Está tudo bem gente, só irei ficar uns minutos fora.

Ela caminhou para a área mais longe onde o jogo aconteceria e sentou-se.

Uma das meninas que estavam esperando a sua vez entrou no lugar de Gaby.

Ela estava de cabeça baixa com os olhos fechados e tentando regular sua respiração e os batimentos cardíacos, quando alguém se aproximou.

— Tudo bem? Quer alguma coisa?

A voz era serena como a brisa da noite e doce como o mel.

Gaby não a reconheceu então continuou como estava.

— Estou bem, obrigada.

— Essa posição não vai te ajudar a respirar melhor.

Gabrielly levantou a cabeça e deu de cara com os olhos azuis fitando-a intensamente. Ela passou a mão nas bochechas e sorriu minimamente.

— Irei ficar bem, não se preocupe. Você tem belos olhos azuis.

A garota sorriu com o elogio, mostrando sua covinha solitária no canto esquerdo do sorriso e dentes um pouco tortos, mas que davam um charme extra para o sorriso de derreter corações.

— Meu Deus, seus dentes são lindamente imperfeitos também.

Gaby colocou a mão na boca e tentou não rir balançando a cabeça, por um instante parecia que seu corpo funcionava normalmente e às vezes ela costumava falar o que sua mente pensava.

— Desculpe, eu falo demais...

— Tudo bem, já tinha recebido o elogio pelos meus olhos, afinal são raros por aqui, mas ninguém tinha reparado com tantos detalhes nos meus dentes...

Ambas riram fraco. A garota sentou ao lado de Gaby, que tentou não responder a primeira coisa que viesse a sua mente.

— Desculpe, realmente não devo estar bem.

A JogadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora