Os dias para Gabrielly não eram tão tediosos graças a Helena e Anna, que sempre davam um jeito de lhe fazer companhia.
Amélia procurava não reclamar sobre as visitas que sua filha estava recebendo. Sabia que quando ambas iam embora, ela se trancava no quarto e por vezes chorava, sentindo falta de praticar aquilo que tanto ama. Nem mesmo as novas amizades eram suficientes para aplacar a dor. Sufocar o grito. Ou diminuir as lágrimas que escorriam durante à noite.
As visitas de Helena faziam Gabrielly desejar tê-la conhecido antes de tudo. Saber que um dia sua vida teria um fim, era algo que a deixava restrita para qualquer aproximação. Todos sabemos que um dia morreremos. Mas nunca estamos preparados para lidar com a morte e Gabrielly tinha um prazo de validade que vinha com algumas restrições.
— Gaby? Por que anda faltando os treinos?
Gabrielly lutou contra si mesma antes de atender ao telefonema do seu treinador.
As lágrimas já vinham nos olhos só de pensar no que teria que dizer. Ela respirou fundo e sentou na cama, secando as lágrimas que escorregavam.
Helena estava prestes a bater na porta que estava aberta, quando a viu com o telefone na orelha e passando a mão no rosto.
— Desculpe treinador... Eu... Eu não posso mais jogar.
— É a sua mãe de novo? Posso conversar com ela se quiser.
Ela não conseguiu conter o choro incessante e o soluço de brinde.
Helena entrou no quarto e sentou ao seu lado, abraçando-a. Gaby deixou o celular em seu colo, sem conseguir responde-lo.
Helena pegou o telefone com cuidado e tomou coragem para falar.
— Ela não está bem, treinador. Fisicamente não pode mais jogar. Ela sente muito.
Helena desligou e apoiou a cabeça de Gaby em seu peito, que não conseguia parar de chorar. Ver seu sonho se desfazendo como pó era a maior dor que seu peito já sentiu.
Mas nem expressar tudo aquilo que sentia ela podia, pois sempre ficava sem ar e com uma dor de cabeça que parecia que ia explodir.
Helena afagou suas costas e tirou os fios de cabelo de seu rosto quando ela saiu do abraço.
Gaby levantou e foi até o banheiro, lavou o rosto e outra vez tornou a se olhar no espelho. Parecia cada dia mais pálida e com menos força de vontade.
Mas não era apenas a doença. Ela estava morrendo por estar infeliz. Sem saber o que fazer com seus últimos dias, ou semanas, ou meses. Não poderia saber quando simplesmente não iria mais respirar. Ou quando seu coração daria uma última batida.
Ela voltou para a cama e olhou suas mãos.
— Desculpe por isso.
— Tudo bem. Sei que dói.
— Você não entende...
— Provavelmente não. E não irei fingir que entendo. Mas estou aqui, não estou? Entendendo ou não, quero ficar ao seu lado pra te ajudar.
Gabrielly a olhou e viu sinceridade em seu olhar, como todas as outras vezes que encarou a imensidão azul.
Ela não pensou muito e puxou Helena para um beijo. Dessa vez mais calmo, lento, como se desejasse guardar o gosto dos lábios grossos. Helena surpreendeu-se, mas adorou cada segundo do beijo, que foi carregado de desejo e ternura.
Amélia não tinha costume de entrar no quarto da filha sem bater, mas o silêncio a deixara preocupada.
Quando ela abriu a porta devagar, arregalou os olhos com a cena que viu. Sua menininha beijava uma garota!
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A Jogadora
Historia CortaGabrielly Rodrigues é uma baiana apaixonada por futebol e música internacional. Ela tem um grande futuro pela frente, mas tudo muda quando ela descobre uma terrível doença. Sua vida muda radicalmente, e ela perde a alegria e o jeito doce de ver as c...