79°

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Hazel

Eu mal podia acreditar no que meus ouvidos registraram. O tempo parece ter parado e tudo estava em câmera lenta pra mim. Eu não conseguia respirar ou piscar os olhos, só conseguia continuar com a expressão congelada na face. O Peter. O garoto ao qual eu arrisquei minha vida, era um criminoso. Um membro da gangue inimiga de Justin. Eu sabia que não estava louca, no fundo tinha uma voz na minha cabeça que insistia em martelar com a teoria que o Peter tinha estado ali. Que tinha presenciado o momento exato do meu ataque.

Não fazia sentindo. Nada fazia sentindo, o Peter. O garoto isolado que conheci no início, na escola, o garoto com olhos azuis gélidos inocentes. Nada fazia sentido. Tudo estava confuso demais e nesse momento eu só queria olhar em seus olhos e perguntar: Por que?

Por que se tornou um membro de uma gangue? Cadê aquele garoto frágil que encontrei na mão de Justin, naquela velha casa, passando fome e totalmente indefeso. Cadê o garoto órfão que cresceu em um orfanato?

Justin sabia que ele era o errado da história? Por que nunca me disse? Por isso ele insistiu em persegui-lo?

Uma parcela de culpa me atinge em cheio. Por um lado, a culpa disso tudo é minha. Eu insisti para Justin deixar Peter livre. Eu ofereci minha própria vida e liberdade em troca daquele ser que mal conhecia, mas mesmo assim não pensei duas vezes em ajudar. Eu fui a ingênua e tola da história. Eu.

Me sentia traída. Não éramos amigos, mas acreditava que podíamos ser e a raiva estava impregnada em meu sistema. Eu o ajudei e ele como agradecimento se junta a uma gangue para me fazer mal. Eu, a pessoa, a única, além de Katy e Pattie, que o defendeu com unhas e dentes, quando era para ter me defendido dele mesmo.

Fiquei chocada demais para continuar ali dentro do escritório. Estava envergonhada demais para encarar seus olhos. Eu o defendi, eu defendi um criminoso de outro criminoso, a diferença é esse cara a minha frente estava tentando me salvar, enquanto o outro me prejudicar.

Qual irônico isso podia soar? Quão humilhante era minha situação agora?

Sai do escritório ouvindo Justin me chamar. Passei pelos garotos na sala, que se mantiam em silêncio e subi as escadas. Quando finalmente cheguei ao nosso quarto, que agora é nosso. Me tranquei lá dentro e deslizei na porta. Eu não sei porque, eu só chorei. Chorei por minutos e pareceu me aliviar, já que me senti mais calma.

Lavei meu rosto e fiquei me encarando na frente do espelho. Quando penso que tudo está entrando no eixo aparece algo que desmorona toda a felicidade que eu estava sentindo. Incrível.

Sai do banheiro e me sentei na cama olhando pra porta fechada. Ouvi toques na porta e arrumei meus cabelos tirando a franja dos meus olhos antes de respirar fundo e abrir a porta. Como eu havia previsto, Justin estava de pé do outro lado, com a mão nos bolsos dos shorts, bermuda. Raramente eu o via de outra coisa sem ser suas calça de ganga, jeans e etc. Ele parecia mais leve e descontraído.

"Por que saiu daquele jeito?" Ele pergunta confuso.

"Eu.. eu não sei." Digo e deixo a porta aberta voltando a me sentar no colchão.

Ele entra e fecha a porta atrás dele.

"Eu sei porque saiu.." diz caminhando na minha direção. O cheiro de seu perfume amadeirado impregna nas minhas narinas. Ele com certeza tinha tomado banho, no quarto de hóspedes. Isso explica a bermuda, de certo não encontrou uma calça.

"Sabe?" Questiono levantando uma sombrancelha pra ele.

"Te conheço o suficiente para saber que ficou totalmente abalada pelo merdinha do Peter.." ele fala sentando no colchão, na minha frente.

Tattoos / Justin Bieber [Repostada]Onde histórias criam vida. Descubra agora