Capítulo 2 - Nina

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 — Podemos parar por hoje! — Uma voz alta quebrou todo o encanto.

Por alguns segundos tentei fingir que nada tinha nos interrompido, que eu finalmente teria meu final feliz, mas foi em vão. Aquela voz não era do meu Deus do sexo, era hora de voltar a realidade.

O homem que estava, a poucos segundos, me fodendo com perfeição, ficou imóvel. Meus corpo quente e pulsando, estremeceu quando ele saiu de dentro de mim, ainda completamente ereto. Tive vontade de afundar meu rosto no travesseiro e soltar um berro, de tanta frustração, mas não o fiz. Apenas fingi que nada do que tinha acontecido me abalou, me sentei na cama e o fitei, deixando que uma expressão serena e despreocupada fosse o que ele enxergasse em meu rosto.

Seu olhar sustentou o meu, por apenas milésimos de segundos, e ele me lançou um sorriso torto, um daqueles que sempre derretia meu coração. Uma assistente lhe ofereceu um roupão e agradeci, mentalmente, por não poder ver seu corpo.

Eu o queria tanto... Tive que morder os lábios para evitar que ele ouvisse o gemido de frustração que escapou de mim.

É, eu definitivamente estava morrendo de raiva.

A verdade era que aquilo tudo não passava de pura encenação, pelo menos não deveria passar.

Nós estávamos em um cenário, câmeras nos gravavam o tempo todo. Antes de perder a noção da realidade, eu estava vestida com alguma coisa muito próxima de uma Mamãe Noel pornográfica, enquanto meu lindo "Deus do sexo" era um garoto muito mal que precisava de um castigo na noite de natal. Caleb era meu colega de cena, o cara que estava trabalhando em um novo filme comigo e por quem eu tinha uma queda.

Eu era Nina Turner, uma atriz pornô, trabalhando em um filme mais pornô ainda sobre o Natal, logo eu, que definitivamente odiava o Natal.

— Nossa Nina, você realmente parecia estar a beira de um orgasmo! — levei um susto ao escutar meu nome — Ótima atuação.

A voz de Caleb realmente era angelical, até quando ele falava daquele jeito, todo educado e sorridente, realmente achando que eu tinha fingido tudo aquilo.

— É por que sou uma otima atriz! — Eu realmente merecia um oscar ou algo parecido, porque era a maior mentirosa de todos os tempos, nunca rezaria o bastante para salvar minha alma.

Aceitei um roupão, entregue por outra assistente, e fingi não prestar atenção em cada movimento ele fazia enquanto ia em direção aos camarins.

— A propósito, eu adorei o "Vai ter que me foder até não aguentar mais, até que eu diga chega!" , achei bem original. — disse com aquele sorriso encantador estampado na cara, ao parar no meio do caminho e se voltar para mim.

Droga, o sorriso dele era lindo e sempre me fazia perder o raciocínio.

— A...ah. — gaguejei enquanto me cobria — obrigado por isso! E, eu adorei a árvore de Natal!!!

— Hã?— resmungou, as sobrancelhas franzidas, nitidamente confuso — O que?

A meu Deus! Que cargas d'água eu estava falando? Como assim eu adorei a árvore de Natal? Que merda.

— A árvore, — falei sem conseguir pensar em algo coerente — Ela é tão... grossa, e grande... Oh, Deus. Sério, esqueça meu discurso sobre a árvore, você esteve ótimo hoje.

Por que Deus? POR QUE?

Merda.

Era assim desde a primeira vez que eu o vi. Eu, que era uma pessoa séria e extremamente profissional, esquecia completamente meu cérebro em algum lugar embaixo do meu umbigo, o mesmo local que ainda latejava esperando por alívio. Eu sempre agia daquele jeito quando se tratava de Caleb.

— Tudo bem — ele resmungou coçando a cabeça.

— Nina, Caleb! Eu devo dizer que estou impressionado, sério! Esse vai ser o melhor filme de Natal de todos os tempos. — Tyler disse vindo em nossa direção — Vai ser uma ótima despedida para nossa melhor atriz! Eu só queria pedir um pouco mais de palavras sujas, tipo "Quero que jogue toda sua porra nos meu peitos!". Talvez possamos usar a árvore de Natal bem no meio dessas lindas pernas Nina! Está tudo muito água com açúcar, entendem? Pareciam um casal apaixonado fazendo amor, quero um pouco mais de ação! Quero uma trepada natalina daquelas!

Eu já tinha pedido a ajuda de Deus hoje? Ah, claro que sim, e estava pedindo novamente porque Tyler era simplesmente um idiota pervertido que adorava coisas estranhas acontecendo em seus filmes.

— Vocês concordam? — ele perguntou sinceramente querendo nossa opinião.

Óbvio que não!

— Não sei não Tyler... — respondi enquanto Caleb apenas me observava. Ele também não parecia muito feliz com as sugestões de Tyler e depois de mais alguns segundo de conversa insana, se desculpou dizendo que precisava se apressar e caminhou em direção aos camarins.

Depois de mais alguns minutos tentando convencer o Tyler de que usar uma árvore de natal no meio das minhas pernas não seria nada legal, finalmente consegui me livrar dele.

Trancada no banheiro, me livrei de tudo que me ligava a aquela personagem. Tomei um banho e sai rapidamente do estúdio, com pressa de me sentir mais como eu mesma. Destranquei meu carro, entrei e dei uma boa olhada no espelho retrovisor. Meu cabelo ainda estava molhado, preto e bem diferente da peruca ruiva que eu tinha usado durante as filmagens. Meu rosto estava pálido, sem maquiagem, e as roupas tinham voltado ao velho jeans, camiseta e um casaco grosso.

Eu era uma pessoa normal outra vez, bem diferente de alguém que cheirava a sexo e era completamente desinibida. Do lado de fora eu era apenas a Nina, alguém com os mesmos medos de qualquer outra pessoa.

Suspirei, me obrigando a parar de pensar muito. Esse seria meu último filme na industria pornográfica, deixaria essa parte da minha vida para trás em breve. 


.....


Espero que gostem,

Isa ;)






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