Capítulo 5 - Jingle Bell Rock

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Naquele início de noite tive que terminar de arrumar as minhas malas, faria uma viagem de mais ou menos duas horas até Seattle. Eu precisava ir ao casamento de Laila, minha melhor amiga de infância. Mesmo que não gostasse nada de sua ideia de casamento natalino. Esse era o problema de Laila, sempre queria ser diferente. Ninguém deveria se casar no Natal.

Fiz um imenso esforço, afinal nós duas crescemos praticamente juntas, apesar de termos nos afastado quando papai arruinou minha família, meus pais eram até seus padrinhos de batismo. Voltamos a nos falar quando deixei tudo para trás em minha cidade natal, foi quando lhe contei sobre tudo.

Laila não me julgou ao tomar conhecimento de minhas escolhas, muito pelo contrário, tentou me apoiar e incentivar a seguir de cabeça erguida.

Minha presença nesse casamento era uma exigência, minha amiga se sentia culpada por não ter estado presente na pior fase de minha vida e seguia compensar o passado. Até me escolheu como uma de suas madrinhas, não tive não tive saída a não ser concordar em ir, pelo menos uma de nós teria a chance de ser feliz, se casar e construir uma família.

O único problema era realmente a data do evento, 24 de Dezembro.

Laila se casaria com Ramon, um cara rico, que conheceu em uma viagem. Tive a chance de ser apresentada a ele, e sua família, na festa de noivado, eles formavam um belo casal. Minha melhor amiga tinha aproveitado aquele evento para dar uma de cupido casamenteiro, tentou me apresentar a um dos irmãos de Ramon, o único solteiro e que segundo ela era "um bonitão irresistível" , mas o mesmo teve um imprevisto e nem apareceu na festa.

O tal irmão seria meu par no casamento e eu não estava nem um pouquinho feliz. Já seria um sacrifício pisar novamente em Seattle, ainda mais no natal, e eu ainda teria que aguentar um homem, provavelmente chato, por uma noite inteira. Não estava disposta a conhecer ninguém por que Caleb, o Deus do sexo, estaria esperando por mim, quando toda essa bobagem de natal tivesse fim.

Bufei, coloquei meus casacos mais pesados dentro daquela mala e arrumei o resto das coisas. Seria apenas uma festa, nada de ruim aconteceria!

As oito em ponto eu já estava pronta, na portaria do meu prédio, esperando por minha carona. Por coincidência, outro irmão do noivo de Laila, vivia na mesma cidade que eu, junto com sua esposa, e nós duas tínhamos nos dado bem na festa de noivado. Acabamos combinamos de irmos juntos para Seattle, o que foi ótimo para mim.

O carro dos dois estacionou no meio fio, Beth, a futura cunhada de Laila, acenou da janela e gritou animada:

— Está preparada para festejar?

Beth era uma mulher feliz, estava sempre sorrindo e só conseguia enxergar o lado bom das coisas. Não era atoa ela ser casada com Arthur, um cara grande e musculoso, mas tão gentil e bem humorado.

— Preparadíssima— resmunguei jogando minha bagagem no porta malas e depois entrando no carro.

Tinha a impressão de que nada daria certo.

...

Eu encostei minha testa no vidro gelado e respirei fundo. Estava nevando lá fora e tudo que eu podia ver eram as copas das árvores, cobertas pelo gelo. Uma música tocava no rádio e Arthur cantarolava baixinho.

Era uma música de natal, e eu nem a conhecia e já odiava. Suspirei, observando a fumaça sair por minha boca com admiração, tentando me distrair do clima tranquilo no carro. Tentei não prestar atenção, também, em como Beth e Arthur pareciam felizes, apaixonados e o frio que fazia do lado de fora quase me envolveu por completo.

Quase me deixei sentir um pouquinho de inveja, mas a sensação passou quando uma música conhecida começou a tocar e Arthur aumentou o som.

Jingle bell rock ecoava pelo autos falantes e meus companheiros de viagem cantavam a plenos pulmões.

— Jesus...— resmunguei tampando os ouvidos.

— O que foi Nina, vai dizer que não adora essa música? — Arthur questionou sorridente, me encarando pelo retrovisor.

— Ela odeia o Natal — Beth revelou.

— O que? Quem em sã consciência odeia o Natal!? — pude ver Beth dando um pequeno soco no braço de Arthur, o alertando para parar, mas isso só o fez provocar mais.

— Vou te fazer amar musicas de natal! — o homem não se mancava e mesmo com a carranca que eu estava fazendo, ele continuou sorrindo e tentando me animar.

— Que tal escutarmos Holy Night?

— Não — disse chateada — definitivamente, não.

All I want for Christmas is you ?

— Não.

Santa tell me? — Beth sugeriu.

— N.Ã.O — gritei.

— Cruz Credo, você me lembra meu irmão. — Arthur resmungou descontente, enquanto virava à esquerda e passava pela enorme placa: Bem vindos a Seattle. — Ele também odeia o Natal.

— Então, afinal de contas, parece que vamos nos dar bem — afirmei massageando as têmporas.

Eu não devia ter concordado com aquilo, minha cabeça já latejava de arrependimento.

— Vocês farão um par perfeito!

Eu já imaginava o quão perfeito. 

.....

kkkkkk

Tadinha da Nina!

Espero que estejam gostando.

Bjos, Isa.

O Presente PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora