Capítulo 7 - Surpresas

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Por alguns segundos ele apenas me encarou e eu fiz o mesmo. Absorvendo todos os detalhes possíveis, desde seu lindo terno feito sob medida ao jeito como seus olhos verdes brilhavam contra as luzes do ambiente. Deus, se ele era bonito fantasia de menino mal, como poderia classificá-lo naquele momento?

As vozes dos anjos começaram a preencher minha mente mas logo foram caladas pela voz da cerimonialista. A mulher me orientou a chegar mais perto de Caleb e juntos nossos braços, enquanto um pequeno bouquet era posto na minha outra mão.

— O que está fazendo aqui? — questionei, já que ele ainda não tinha dado um pio.

— Bom, eu ia te perguntar a mesma coisa. Mas você bateu em mim antes que eu pudesse algo dizer — disse sem me encarar, enquanto os outros casais eram arrumados também — , pensei que fosse viajar.

— Eu ia... para cá — meu rosto corou quando ele me lançou um olhar — eu vinha ao casamento de Laila e Ramon.

— Eu os conheço — com um lindo sorriso torto, Caleb se aproximou ainda mais, se isso era possível, como se fosse me contar um segredo — Ramon é meu irmão.

Senti como se uma pedra de gelo tivesse caído dentro do meu estomago.

Ai

Meu

Deus!

Então Caleb era irmão de Arthur e Ramon, o cara que todo mundo havia cismado em me apresentar. Meu par!

Se isso não era destino, eu não sabia o que era.

...

Laila estava deslumbrante e toda aquela atmosfera romântica estava mexendo comigo.

Em muitos momentos minha atenção se voltou a Caleb e ele também não parecia estar tendo problemas em disfarçar seu interesse. Todas as vezes que nossos olhares se encontravam, ele sorria, um sorriso tão encantador que quase derreteu meu coração e o resto do corpo junto.

A cerimônia estava quase no fim quando algo me fez observar a plateia de convidados e lá, sentados na segunda fileira de cadeiras, estavam meus pais.

— Mas que merda — resmunguei sentindo meu coração bater com mais força contra o meu peito.

— O que foi? — Caleb perguntou discretamente, enquanto Laila e Ramon terminavam seus votos.

— Meus pais — respondi desviando o olhar o mais rápido possível, seria possível os dois não terem me visto? — Não falo com eles a anos... por causa da minha profissão. — Comprimi os lábios, sentindo a mão de Caleb apertar a minha carinhosamente.

— Se tem vergonha da propria filha, é por que não a merecem. — As palavras foram apenas um sussurro, mas foram as mais importantes que ouvi em muito tempo.

Os noivos se beijaram e todo mundo comemorou, esperava que as surpresas daquele dia tivessem terminado.

...

A festa estava linda, eu e Caleb estávamos sentados na mesma mesa, junto com Arthur e Beth. Depois de algum tempo, Caleb foi falar com seus pais e eu observei os convidados dançando e conversando enquanto os noivos passavam pelas mesas cumprimentando a todos.

— Parece que você e meu irmãozinho já se conhecem... — Arthur puxou assunto.

— Você nem sabe o quanto! — a afirmação foi mais para mim do que para ele.

— Caleb tem uma das melhores trabalhos do mundo e agora está pensando em abrir uma produtora! — Arthur não sabia nada sobre a profissão de Caleb, por que ele parecia ter muito orgulho do irmão.

— Como vocês se conheceram? — Beth questionou curiosa.

Droga.

— Ela está fazendo um filme comigo. — Foi Caleb quem respondeu se aproximando sem ser percebido e se sentando.

Fiquei sem palavras, meu rosto queimou de vergonha.

Eu não tinha problemas em ser uma atriz porno, já havia superado aquilo. Mas ali era diferente. Laila era minha melhor amiga e aquela era sua família, a família de Caleb. Ainda tinha o fato dos meus pais também estarem na festa. Não queria que nada desse errado, não queria um escândalo.

— Ei, Nina, não precisa se envergonhar. — Beth sussurrou notando meu desconforto. — Não há nada de errado com isso, nossa família respeita a liberdade e escolha de todos. Caleb fala abertamente sobre a profissão, por favor me desculpe por ter perguntado.

— Está tudo bem — lhe assegurei. — Eu realmente estou fazendo um filme com Caleb, só não queria que isso atrapalhasse nada esta noite.

— Por que atrapalharia? — Beth perguntou.

— Minha família é amiga da família de Laila, eles estão aqui e não aceitam muito bem o que eu sou.

— Não se envergonhe de quem você é, de suas escolhas. — Caleb foi firme ao dizer, enquanto segurava minha mão.

— É isso aí. — Arthur pegou uma bebida com um garçom e bebeu um longo gole antes de completar: — Acho que também vou virar ator, tenho uma ótima performance, não é amor?

— Cala a boca, você não consegue nem mudar de posição! — Beth revelou lhe dando uma tapa, de brincadeira, no ombro.

Eu sorri, eles realmente conseguiram amenizar o clima.

— Que bom que eu te encontrei aqui. — Caleb disse enquanto seu irmão continuava a discutir com a esposa. — Foi um ótimo presente de Natal...

— Nina? — a voz da mulher que um dia chamei de mãe interrompeu o que poderia ser o melhor momento da minha noite. — Não acredito que você tenha vindo até aqui estragar esse grande momento na vida de Laila.

Era só falar no demônio, que ele aparecia.

— Eu preciso ir ao banheiro — avisei a Caleb que não teve chance de dizer nada antes que eu me levantasse e começasse a andar.

Meu intuito era evitar uma cena, mas minha mãe tinha outros planos e me seguiu até chegarmos a saida.

— Por que você nos deixa em paz? — A pergunta veio junto com um puxão em meu braço, que me fez parar. Ela disfarçou um sorriso quando um convidados se aproximou, esperando que o indivíduo se afastasse para continuar — Seu pai está envergonhado e isso é culpa sua.

Um garçom passou por nós e ofereceu champanhe, minha mão recusou novamente fingindo que nada de errado estava acontecendo. Peguei uma taça e a virei de uma só vez.

Estava pedindo forças a Deus, e a bebida, para finalmente encarar um problema que já devia ter sido resolvido a anos atras.

— Escuta aqui Nina...

— Escuta aqui você — rosnei olhando dentro dos olhos dela. — Quem você pensa que é pra me julgar assim? Quem vocês dois pensam que são? — Pude ver seu espanto. — Você e seu marido só se importam com os próprios umbigos!

— Não diga asneiras...

— São egoístas e hipócritas! Como conseguem dormir a noite quando o teto sob suas cabeças foi comprado pelo dinheiro sujo do meu trabalho? Eu sustentei nossa família quando papai foi preso e nos deixou sem nada! Um maldito ladrão, é o que ele é, e mesmo assim vocês me expulsaram por eu ser quem sou. — Minha mãe se assustou com a dureza das palavras, seus olhos encheram-se de lágrimas, mas continuei: — Saia da minha frente e vá cuidar da sua vida, enquanto eu cuido da minha.

Deixei minha mãe parada lá e caminhei em direção a saída do salão.

Precisava de ar.

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Eita, com uns pais como esses heim.... Continua no próximo capitulo. 

Bjos, Isa. 

O Presente PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora