Leão no Acrílico

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Por Renato de Amorim Gomes

Ás vezes
me vejo como um leão
numa jaula de acrílico.
Minhas garras batem na jaula
e arranham
sem sinal de rachadura.
Meu rugido ecoa nas paredes
e me assusta.

Ás vezes,
quero que este leão
adormeça.
Fique quieto,
conformado,
mas isso não é da sua natureza.

Leões não gostam de ficar enjaulados.
Leões que não sentem a selva
sentem-se entediados e estressados.
Leões gostam
de buscar presas
e não gostam de ficar encostados.

Sou um Leão,
meu rugido me diz isso.
Apesar de tudo,
apesar desse acrílico,
continuarei arranhando,
pois o que não quebra
se trinca,
a unha que não se desfaz
se afia,
a força que não dispersa
se alinha.

Leões aparentam cansaço,
mas isso são só aparências.
Se oprimem quando
seu orgulho é ferido,
silenciam quando
perdem o sentido.

Mas sua verdadeira força
se inicia na crise,
pois ele sabe que
este é o início da mudança.
Seu apetite por poder
o mantém na liderança.

Não se acomode, Leão,
falta pouco
para quebrar o acrílico.

Tenha paciência,
pois a savana que o espera
é farta,
os espaços são ilimitados
e o ar cheira a liberdade.

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