Um capítulo contado por Nicholai.
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A porta rangeu ao ser aberta violentamente, dando passagem a luz forte que ofuscou sua visão o deixando momentaneamente entorpecido. O som de passos e gritos carregados de ódio podiam ser ouvidos por uma distância muito longa. Os soldados arrancavam as pessoas das celas sem a menor distinção de idade, tamanho ou cor, e os que se negavam a sair acabavam espancados até a morte, ou beirando ela.
Levantei-me lentamente, sentindo cada músculo do meu corpo latejar e implorar por descanso. O dia anterior foi demasiadamente exaustivo, mas claro, não é algo que os homens fortes e dispostos liguem, já que muitos deles dormiram em camas quentes e confortáveis durante a noite gélida.
Caminhei até a parte de fora, onde uma multidão se organiza em uma extensa fila que aparenta ter mais de cem metros de comprimento. Me coloco em posição, atrás de um senhor com idade avançada e meio corcunda. Logo um apito é ouvido e todos começam a andar lenta e compassadamente.
Fecho brevemente os olhos enquanto caminho, sentindo o vento gélido bater no rosto seco e marcado por sujeira e machucados. O sol que insiste em perfurar as nuvens brancas com seus raios amarelos instiga um clima romântico e deslumbrante. Logo a neve nos picos das montanhas começarão a derreter e o verde tomara conta de tudo novamente.
O chão, antes coberto por cimento, dá lugar ao barro e cascalhos afiados e escorregadios. A bela paisagem começa a mudar, revelando uma única montanha à nossa frente. Os passos são interrompidos e todos param em silêncio. Botas, picaretas e capacetes são distribuídos aos montes para todos, sem exceções.
Visto o "equipamento de proteção" devagar, as bolhas do dia anterior não dão trégua no quesito dor, me fazendo ter várias expressões nada bonitas.
No começo foi difícil segurar a enorme picareta pelo seu peso, mas aos poucos fui acostumando e hoje é bem fácil manuseá-la. Por último amarro o capacete na cabeça, o impedindo de cair em momentos delicados e perigosos.
Em poucos minutos estamos andando novamente, seguindo em direção a um enorme buraco feito na base da grande montanha. Grupos de quinze pessoas descem de cada vez pelo elevador até o fundo do profundo poço de mineração, onde fomos incumbidos de desmantelar as rochas e encontrar o ouro negro, ou em outras palavras: carvão.
Logo a minha vez chega e caminho em em direção a plataforma de madeira e ferro, rangendo ao primeiro passo dado em sua base. Depois de cheia, o motor é acionado, nos descendo lentamente pelo profundo e escuro buraco.
O que ninguém sabe é que tenho medo de lugares escuros, e possivelmente ninguém vai saber, já me conformei que vou morrer aqui, uma hora ou outra.
Até o próximo.
By: LostMan
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GRITO DE GUERRA
Mystery / ThrillerEssa história não é um conto de fadas. Não há ninguém trancafiado em cima de torres a espera de um príncipe, quem dirá dias inteiramente felizes. Quer descobrir se o amor pode mesmo curar medos e feridas? Se sim, então boa leitura. By: LostMan Pl...