Prólogo (Parte 1)

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Boa leitura.

(...)

Outra manhã se dá início. O sol nasce quadrado pela pequena janela protegida por barras de ferro, tão resistentes quanto as grossas paredes que as cercam. Sua luz quente e amarela invade a cela iluminando o recinto, revelando um colchão mofado com mais buracos que um queijo suíço, uma pia imunda que possui tanto musgo quanto um lago, restos que outrora fora uma privada e finalmente ele, Jack, deitado angelicalmente no chão congelante, e pelo cheiro deve estar entrando em alguma fase maluca de decomposição.

Ele morreu faz três dias, e não é preciso ser um legista ou possuir qualquer diploma para saber a causa da morte.

Fome.

Não temos uma rotina de alimentação como café, almoço e jantar, geralmente nos alimentamos de três em três dias, por essa razão somos magros, fracos, passamos a maior parte das semanas trancados nessa caixa de cimento, e quando saímos, bom, recebemos uma festa de boas vindas, com direito a chibatadas e um "banho" estilo cinco estrelas, onde os soldados jogam baldes d'água que são trazidos diretamente do mar em fase de congelamento que banha a costa da ilha.

As paredes mais parecem um quadro. Jack anotava os dias que se passavam, riscos, riscos e mais riscos, não sei quanto tempo exatamente estamos aqui, mas são muitos.

Me arrasto até onde o feixe de luz foca o chão e ponho o rosto em seguida. O calor aquece minha face, as bochechas que antes eram rosadas e macias agora estão ásperas e sem cor, o cabelo que antes possuía cor de ouro agora é inexistente.

Calor.

É tão bom se sentir aquecido, mesmo se for só por alguns minutos, mas é bom.

Sinto falta da minha família, do abraço apertado a minha mãe, do aperto de mão forte do meu pai, da proteção do meu irmão mais velho e o amor que meu cachorro me dava.

Morte.

Não temo mais tal ato. Morrer me parece melhor que sobreviver neste lugar, pelo menos vou estar junto de Jack, meu único amigo.

Mesmo estando preso nunca tirava seu sorriso do rosto. Sua alegria era às vezes incompreensível perante a situação em que nos encontrávamos. Ele dizia que estarmos enjaulados não nos tirava o direito de sorrir.

Saudades amigo.

Uma lágrima teimosa insiste em escorrer por minha face.

Nos conhecíamos a dois anos, mas já o considerava meu irmão.

Saudades irmão.

Ouço a pequena porta de metal sendo aberta e um recipiente conhecido ser posto para dentro.

Comida.

Sai do tão aconchegante calor onde me encontrava e fui até a vasilha, a pegando rapidamente e devorando seu conteúdo como um animal.

Meu corpo logo absorve as proteínas contidas no mingau, fazendo a forte dor no estômago cessar.

Após alguns minutos me alimentando decido retornar ao calor aconchegante onde estava e esperar pelo navio que está para chegar, trazendo soldados, suprimentos e prisioneiros.

Após alguns minutos me alimentando decido retornar ao calor aconchegante onde estava e esperar pelo navio que está para chegar, trazendo soldados, suprimentos e prisioneiros

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Abraço e até o próximo.

by: LostMan_000

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