Capítulo 3

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Voleteeei!  Comentem pessoal, é a maneira que tenho de saber o que estão achando. 

Boa leitura.

:3

Um capítulo narrado por Andrei.

O clima durante a manhã estava calmo e ameno. O sol nos presenteava com sua doce e quente radiação, apesar das maçãs do meu rosto estarem rosadas pelo vento congelante que nos envolve. Hoje completamos doze dias pelo extenso oceano gélido, já perdi a conta de quantos icebergs passaram por nós durante esse longo percurso, isso me deixa um pouco aflito. Talvez algum muito grande e espesso rompa nosso casco, como o navio que afundou em sua primeira viagem e saiu nos jornais do mundo todo a alguns anos atrás. Acho que o seu nome era 'Ninanique', ou algum parecido com esse, não me recordo.

Caminho devagar por todo o convés, indo em direção a proa e sentando na ponta da mesma, envolvendo meus braços nas cordas para não cair na água fria. Levanto o rosto em direção ao vento, vendo as ondas se quebrando em meio as lâminas de metal reforçado que compõem o navio.

Ultimamente tenho sentido um vazio tão grande em meu peito, como se faltasse alguma coisa para estar completo. Talvez seu meu corpo esteja cansado dessa vida, desse trabalho. As coisas que sou obrigado a fazer para agradar meu pai, já que meu grande medo é desapontá-lo.Ter a rejeição dele seria algo insuportável, ele é minha única família nesse mundo.

O lado bom de vagar por locais gélidos é que, às vezes, se torna possível ver uma aurora boreal dançando pelo céu noturno e sem poluição causada causa pelas cidades.

Não me dou conta do tempo que estou sentado aqui até sentir um braço envolver rapidamente o meu pescoço, trancando minha respiração de imediato. Soltei as cordas rapidamente e tentei me desvencilhar do forte aperto, mas sem sucesso. Joguei meu corpo para trás, caindo em cima do deck e consequentemente de quem estava tentando me sufocar. Ele estava rindo forte, com as duas mãos na barriga. Seu casaco grosso e o tecido que tampava parcialmente a face morena, juntamente com o gorro escondendo se cabelo negros como a noite.

"Você é muito bobão, cara." Disse Henry após recuperar o fôlego que perdeu com as intensas risadas. "Você é um idiota, e se eu tivesse caído?" Digo bravo e massageando o pescoço. "Um bobão a menos no mundo"

Henry volta a gargalhar, mas para quando me vê indo em sua direção. Eu não iria machucá-lo, mas creio que ele não saiba disso já que se pôs a correr igual um desesperado. O persegui até a escotilha de entrada, uma porta grande e meia abaulada nos cantos que ficava em frente ao convés principal. Henry correu por todo o corredor, atropelando três homens pelo caminho, dobrando a direita e indo em direção as escadas.

Desviei dos tripulantes que estavam caídos no chão, seguindo até a escadaria, onde ouvi passos pesados e rápidos pelos degraus de metal brilhante. Henry poderia ser menor e mais leve que eu, mas eu o superou no quesito velocidade .

Desço três lances de escada, chegando ao último nível da embarcação, um lugar frio e escuro, onde há somente algumas luzes fracas pelo corredor. Admito que não gosto de vir aqui, é meio assustador.

"Henry?" Caminho devagar pelo corredor, forçando a vista para enxergar alguns metros a frente. "Aparece cara, prometo que não vou te bater." Continuo devagar, mas logo ouço o que parece ser o ranger de uma porta se abrindo. "Henry! Isso não tem graça, cara, aparece logo"

Alguns metros a frente me deparo com uma porta grande e meio enferrujada. A alavanca de acesso era diferente das outras, essa possuía um tipo de chave para ser aberta. Tento abri-la, mas sem sucesso. Quando estou quase desistindo de procurar o Henry, escuto um barulho vindo do outro lado a porta. Encosto o ouvido para tentar ouvir melhor e realmente funcionou.

O som era baixinho, lembrando um choro de bebê, mas isso não é possível, aquela área era onde os prisioneiros eram armazenados, não há registro de nenhuma mulher ou criança a bordo. Comecei a andar para trás, dando passos lentos e firmes. Me viro em seguida e caminho em frente, fazendo o percurso reverso de onde vim.

Quando cheguei na escadaria, Henry estava sentado nos degraus me esperando com um sorriso no rosto, agora sem tecido nenhum o cobrindo. "Achei que tinha se perdido, precisou de um mapa?" Ele ri.

Dou um soco em seu braço, forte o suficiente para ele aprender a não fazer isso de novo. "Da próxima vez eu te jogo no mar!" Digo estendendo a mão. "Da próxima vez arranca meu braço, vai doer menos!" Henry massageia a região enquanto subimos tudo novamente. "A propósito, seu pai está te procurando, ele quer falar com você."

Meu rosto demonstra uma expressão confusa, meu pai geralmente é muito ocupado e não sai da cabine dele, mas o momento é apropriado, preciso tirar uma dúvida que esta tomando meus pensamentos.

"Terra para Andrei, ouviu o que eu disse?" Concordei. "Ainda não estou surdo, graças aos céus." Henry revira os olhos. "Você tem viajado legal ultimamente, tá pensando em alguma gatinha?" O encaro sério, novamente dando um soco em seu braço. "Já parei, não faz isso de novo! Que merda." Um sorriso escapa do meu rosto ao ver o quão rabugento meu irmão é. Conheci Henry a alguns anos quando ele perdeu a família inteira em um surto de varíola. Éramos dois garotos brincando em um corredor de hospital, sem saber a gravidade do que estava acontecendo ao nosso redor. Pelo menos uma amizade verdadeira nasceu, hoje ele é como um irmão para mim, mesmo me irritando todos os dias.


Até o próximo :3

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Até o próximo :3

By: LostMan


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⏰ Última atualização: Feb 25, 2020 ⏰

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