O mulherengo e a mãe solteira

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Devido a todos os percalços que já passei em minha vida, atualmente não acredito mais em amor verdadeiro entre um homem e uma mulher, apenas os tolos ousam em acreditar que tal amor possa de fato existir.

Lembro-me muito bem de quando acreditava: o nome dele era Felipe, ele tinha 17 anos na época e estudava na mesma escola que eu, mas ele simplesmente não me enxergava, era como se eu fosse invisível, porém tudo isso mudou quando a minha amiga que estudava na mesma sala que ele, resolveu dar uma festa na casa dela para comemorar os seus 18 anos.

Implorei tanto para ela chamá-lo que ela acabou o chamando e naquele dia pela primeira vez ele finalmente havia me notado.

Hoje percebo o quão ridícula eu estava com aquela saia minúscula, maquiagem pesada, sapato alto e cropped, estava tão vulgar que mais parecia uma prostituta de beira de esquina. Eu não usava roupas daquele tipo, mas pensei que deveria usar algo mais ousado para chamar a atenção dele, mal sabia eu naquela época que poderia fazer isso sem ficar vulgar.

Quando cheguei na festa e o vi conversando com os amigos dele, fiquei nervosa e com medo de mais uma vez não ser notada por ele.

Percebi que a escolha da roupa tinha surtido efeito quando vi que a maioria dos homens olhavam para mim, mas quem eu queria de fato despertar o interesse ainda não tinha vindo ao meu encontro e, por isso, eu comecei a beber para ficar um pouco mais tranquila, até que finalmente o vi andando em minha direção.

A cada passo que ele dava, o meu coração disparava e quando ele parou na minha frente e disse "oi", eu senti como se devido à alguma mágica existissem apenas nós dois, como se toda aquela multidão e toda aquela música estivesse simplesmente desaparecido.

Conversamos por um tempo até que um breve silêncio se fez presente, ele olhou para a minha boca com desejo como se me pedisse permissão para me beijar, aproximei-me mais um pouco, já sendo o suficiente para que ele entendesse o meu sinal e finalmente me beijasse.

No mesmo instante em que senti os lábios dele nos meus, me senti a mulher mais feliz do mundo. Os beijos intensos evoluíram para carícias indecorosas me fazendo sentir vontade de pela primeira vez me entregar para alguém e graças à bebida, a felicidade e ao intenso desejo que estava sentindo, tive a audácia de pedir para a minha amiga a chave do quarto dela.

Foi a minha primeira vez e, muito embora eu só tivesse 15 anos, achei que jamais teria na minha vida um dia mais feliz do que aquele. Mas será que o que realmente senti foi de fato felicidade ou foi uma falsa sensação?

Se enganou quem pensa que depois daquela noite ele me abandonou, seria mais fácil se ele tivesse o feito, mas não.

Quatro meses depois daquela festa ele me pediu em namoro e três anos após o pedido eu descobri que estava grávida.

"Acha mesmo que eu com 20 anos, com uma vida toda pela frente, vou cuidar de um filho? Vou virar pai de família? Ou você tira essa criança ou esta será a última vez em que me verá." A reação dele me surpreendeu e eu perdi o meu chão.

"Eu não posso tirar." Falei baixinho com a última força que ainda havia em mim. Ele bateu a porta da minha casa com força e eu caí aos prantos. Esta foi a última vez que o vi.

Meus pais me deram todo o apoio necessário e a minha filha Luna me deu um novo motivo para ser feliz, para sorrir e seguir em frente. Assim que ela fez um ano a coloquei na creche e arrumei um emprego de caixa de supermercado, no qual eu ainda trabalho.

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