O casal evangélico - Parte II

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Bati o ponto, entreguei o relatório na sala do Marcos e passei horas sendo completamente ignorado pela Bruna.

O que será que ela quer que eu faça? Fiquei totalmente irritado quando ela resolveu almoçar mais cedo com o Victor, me senti traído, como se ele estivesse a tirando de mim.

Me senti tão incomodado com o fato dela ter ido almoçar com o Victor e principalmente com o fato dela me ignorar como se eu não existisse que comecei a provocá-la diminuindo sempre que possível a igreja dela.

Marcos verificou o relatório que eu escrevi e pediu para que subisse para a sala dele, pude perceber o quão tensa ela ficou, mas assim que ela saiu da sala, pude notar a felicidade no rosto dela e saber que fui eu quem a fez sorrir me deixou com orgulho de mim mesmo e ,estranhamente, consegui sentir a felicidade que ela estava sentindo.

"Victor, ele continua sendo meu tutor, mas devido ao meu progresso aqui na loja, vou ter horário próprio, vou começar a entrar às 7:00h e terá final de semana que não trabalharei no mesmo dia que ele. Do jeito que o gerente falou, eu acho que tenho grande chance de ser efetivada."

Ela disse com um tom de animação na voz e em seguida o abraçou. Fechei os olhos e pude sentir o abraço dela, ver aquele sorriso lindo, sentir o cheiro dela, como no dia em que ela me abraçou, mas agora não era eu e devia ser eu. Ela me chamou de "ele" nem mesmo o meu nome ela consegue proferir mais.

Fui em direção à ela e disse: "Parabéns, você merece." O meu coração ficou acelerado, tudo que eu quero é que volte a ser como era antes.

"Obrigada." Ela disse de um modo seco. Sorri e a deixei em paz. O que essa varoa quer de mim, Senhor?

Quando a jornada de trabalho chegou ao fim, Bruna foi a primeira a pegar a bolsa no armário para sair da loja.

"Está saindo toda apressada por que, Bruna?" Victor sorriu e colocou a mão no ombro dela, a fazendo parar e olhar para trás.

Um ciúmes muito forte tomou conta de mim porque eu não queria que ninguém a tocasse, ninguém além de mim. Respirei fundo a fim de me controlar e ignorar a cena.

"Vou cantar na igreja e preciso ensaiar." Bruna respondeu.

"E para que você vai ensaiar? Sua igreja é – morna -, não tem energia nenhuma. Qualquer louvor que você cantar, de qualquer modo que cantar, vai estar bom para eles." Disse e dei de ombros.

Bruna me olhou, bufou, olhou para o Victor e disse: "Tenho que ir, Victor. Até, amanhã.".

"Até." Victor disse e em seguida sorriu para ela.

Eu fiquei parado apenas a olhando andar pela rua, quando já não podia mais vê-la, voltei para a minha amarga realidade e notei que o Victor me lançava um olhar de reprovação.

Três dias se passaram e eu continuei menosprezando a igreja dela sempre que possível.

Queria que ela gritasse comigo, chorasse, fizesse qualquer coisa, mas não me tratasse como se eu não existisse e com frieza nas vezes em que ela era obrigada a dirigir a palavra à mim.

Sim, eu cheguei a um ponto de preferir que ela me odiasse do que saber que sou alguém sem importância na vida dela.

Marquei um exame de sangue para fazer amanhã, mas preciso sair uma hora mais cedo do trabalho para chegar na hora do exame, eu não tenho problema algum, porém gosto de fazer exame de sangue anualmente, apenas para prevenir.

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