AQUELES QUE AMAMOS! - Parte 2

0 0 0
                                    

... Na mesma noite, varando a madrugada, Paulo que era o filho caçula, 39 anos, estava no bar que ficava no salão onde dois dias atrás todos estavam reunidos. Ele bebia e se lembrava da festa onde os pais bailavam levemente como se fosse a primeira vez que dançavam juntos.

Lamentava também por ter sido o filho mais ausente e rebelde entre os outros e achava que poderia ter feito diferente, mas tantos anos se passaram e ele nunca tinha tomado jeito. Desejou que ainda pudesse ter a chance de expressar o amor aos seus pais que não conseguiu fazer quando estavam vivos.

Após muitos drinks, com a visão meio turva, viu algo descendo as escadas, para sua surpresa eram seus pais que desciam de mãos dadas em passos suaves e lentos, como se estivessem prontos para bailar. Esfregou os olhos, balançou a cabeça como quem quisesse permanecer acordado, seus pais já estavam no meio do salão, ele então caminhou ao encontro deles e quando chegou mais próximo, uma nuvem negra pairou sobre os dois e se transformou em uma velha demoníaca que gritou:

- Eu vou te levar. - Esticou os braços para tentar agarrá-lo, suas unhas eram grandes e sujas. Ele deu uns passos para trás e caiu no chão, quando levantou a cabeça não viu mais ninguém.

Correu para as escadas para se recolher ao seu quarto, mas quando começou a subir, viu que no topo da escada havia uma figura masculina, titubeou em continuar, desceu novamente os degraus que já havia subido e foi para o elevador que ligava os dois andares da mansão, entrou no elevador e apertou o botão para fechar a porta e fazê-lo subir.

De repente as luzes apagaram e o elevador que subia lentamente parou. Amedrontado, apertou os botões simultaneamente tentando fazê-lo funcionar, mas não adiantava. Sentiu que alguém lhe colocou as mãos nos ombros, se arrepiou e as lágrimas começaram a correr pelo medo que estava sentindo, se virou para tentar visualizar quem estava lhe tocando e lembrou que certa vez sua mãe tinha dito que há anos e anos atrás quando ela era pequena, tinha vistos fantasmas na mansão, mas achavam que eram apenas histórias para amedrontá-los quando criança.

A luz piscou e ele viu a figura de seu pai com olhos escorrendo sangue dentro do elevador junto com ele, mas em seguida tudo ficou escuro novamente e a mão que tinha tocado em seu ombro, voltou a tocá-lo, mas desta vez cravando as unhas em sua pele, na altura de seus ombros. Ele gritou de dor e ajoelhou no chão do elevador.

As luzes acenderam e o elevador voltou a funcionar, quando terminou de subir e abriu a porta que era protegida por uma grade de correr, ele saiu cambaleando pelo corredor e entrou no quarto onde sua esposa estava dormindo, porém um vulto de uma figura masculina estava sentado na cama ao lado de sua esposa, e mesmo com medo ele partiu para cima da figura do homem e acabou acertando socos em sua esposa que acordou assustada.

- Sai daqui maldito - gritava Paulo enquanto esmurrava o colchão e sem querer atingia alguns golpes na sua esposa.

- Amor, o que isso ? Para! - exclamou Janaina assustada e se colocando de pé fora da cama, porém seu esposo estava descontrolado ainda socando o colchão.

- Me deixe em paz! - gritava Paulo. - O que está querendo comigo ?

- Calma amor, não tem ninguém aqui - dizia Janaina segurando o esposo pelos braços, até que ele foi parando e ficando mais calmo. - O que está acontecendo com você, amor ?

- Desculpe, não foi nada - respondeu atordoado. - Acho que bebi demais hoje e acabei tendo algumas alucinações. Não foi nada.

- Você precisa parar de beber. Tantas vezes já te pedi isso. Inclusive teus pais ansiavam por isso também. Para de beber amor - pediu amorosamente.

- Meus pais... - ficou olhando fixamente para o chão -, sinto por não ter sido um filho tão presente e ter demonstrado o amor que eu realmente sentia a eles.

AQUELES QUE AMAMOS!Onde histórias criam vida. Descubra agora