... No jardim, Cristina ia em direção ao jazigo, seu coração parecia que ia sair pela boca, pois o vulto a espreitava por entre os arbustos. Ela via aquela sombra que provavelmente estava querendo atacá-la, mas de alguma forma ela não se aproximava, só ficava lhe olhando ao longe e mudando de direção.
Cristina entrou no jazigo e olhava as muitas gavetas que tinha ali dentro, a iluminação não estava favorável, parecia que as lâmpadas estavam prestes a queimar e apenas davam meia luz. Ela já estava carregando uma pá que pegou no armário de jardinagem que ficava no caminho, ela meteu a pá na parede de onde estava enterrada sua avó e com muito custo, após tentar diversas vezes, conseguiu retirar o tampão que há muitas décadas não era mexido, a gaveta parecia que tinha sido duplamente selada.
Estava um breu ali dentro, ela conseguia enxergar apenas poeiras dentro da gaveta e pedaços de ferros que antes pertenceram as alças do caixão. Agora ela compreendia o porquê nunca fizeram questão de coletar as cinzas, era para que não fosse descoberto nada sobre a maldição da família. Então ela começou a tapear o chão da gaveta cheio de pó, procurava o tal livro, quando de repente foi agarrada pelo braço e puxada para dentro da gaveta.
Gritou desesperadamente quando se viu em meio a treva que estava dentro daquele buraco, mas mesmo em meio a escuridão pode ver também uma cara de uma mulher velha e com feições malignas ali dentro junto com ela, e era ela quem a estava segurando ali dentro. Cristina se debatia e tentava sair daquela situação, sentiu algo agarrar seus pés, ela olhou para os pés que estava para a saída da gaveta e viu o vulto de um homem em pé e era ele quem estava segurando seus pés, agonizando de terror, sem pensar ela gritou:
- Eu aceito, eu quero renovar o trato, o pacto, seja lá o que for. Irei dar o que querem.
Na mesma hora tudo se acalmou e ela não estava mais sendo segurada pelos braços. Do nada achou uma pequena caixa de ferro, pegou e saiu com um pouco de dificuldades daquele buraco, terminou de descer, abaixou a cabeça para bater um pouco o pó que estava em suas roupas, pegou a pá e bateu na caixa com força, abrindo-a, ali dentro estava o livro, agachou para pegá-lo e de cabeça baixa viu que tinham duas pessoas dentro da capela de frente a ela.
Cristina levantou a cabeça vagarosamente, com medo, mas eram seus pais que olhavam para ela como se quisessem dizer que não era certo o que ela estava fazendo. Ela começou a chorar copiosamente ao ver seus pais perante a ela, pareciam que estavam vivos, embora houvesse um pouco de luz os envolvendo e estavam meio transparentes.
Cristina levantou maravilhada pela presença daqueles entes que ela amava e até esqueceu momentaneamente do pequeno livro dentro da caixa de ferro. Porém as portas da capela que ficava o jazigo abriram subitamente e começou a correr um vento, trazendo consigo algumas folhas secas que estavam caídas pelo jardim, aquele vento foi ficando forte e foi se transformando em um redemoinho de fumaça negra e foi envolvendo os pais dela que sumiram em meio a fumaça negra e dentro do redemoinho as figuras do homem e da mulher apareciam sorrindo malignamente, ela tentou chegar perto, mas foi jogada ao chão com a força do vento.
Ouviam-se ao longe os latidos dos cães que tentavam se soltar novamente, mas desta vez não conseguiram. Fábio que não conseguia dormir, da varanda de seu quarto viu a movimentação das árvores que encobriam a capela que balançavam devido ao vento, porém não estava ventando, ele sabia que estava acontecendo novamente algo, olhou para sua esposa que também estava acordada assistindo televisão e pensou em alguma desculpa para descer.
- Amor, vou lá embaixo verificar o que está acontecendo com os cachorros – disse Fábio tentando ser o mais natural possível.
- Mas Fábio, isso não é hora de cuidar de cachorros – disse Carmem sem paciência.
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AQUELES QUE AMAMOS!
HorrorRelato dividido em 4 partes. Sempre dizem que quando amamos muito uma pessoa ou temos um carinho especial por ela, quando ela morre, nao consegui descansar, pois as pessoas estão tristes pela sua partida... A alma da pessoa fica vagando pelo plano a...