Agradeça ao Gato

Trabalho de Cupido Felino

Cheguei ao local combinado e ajeitei meus óculos escuros e touca para garantir que estava bem coberto. Aquela cafeteria era relativamente próxima ao meu apartamento e me lembrei de frequentar bastante logo que me mudei, mas faziam meses que eu não passava nem na frente e fiquei feliz em notar que ainda era aconchegante como me recordava. Durante todo meu caminho até ali tentei me tranquilizar, afinal era só uma conversa com outro cara adulto. O que poderia dar errado?

Bom, um milhão de coisas poderiam dar errado nesse caso em especifico. Primeiro, que o cara é meu fã e pode surtar e começar a gritar, já fiquei até arrepiado com essa possibilidade. Segundo, que eu expulsei ele da minha casa usando de métodos físicos e ele pode estar irritado comigo. Eu ficaria irritado com alguém que me retribuísse me enchendo de porrada, quando estou fazendo um favor.

Péssima ideia essa minha. Devia ter ficado em casa na minha cama linda e deixar a JaeHwa fazer a birra que quisesse, isso sim. Mas não, vai lá eu, querer ser pai bonzinho e fazer amizade com o tal babá rebolador que ela adorou tanto.

Respiro fundo e engulo minhas preocupações, fui eu quem marcou e já vim até aqui, não vou dar para trás. Eu sou um homem ou um saco de batatas?

Determinação restaurada, entro na cafeteria procurando pelas mesas se o tal Hoseok já estava ali. Me surpreendi um pouco ao encontrar aquele rosto inesquecível com uma expressão que não combinava em nada com ele. O garoto estava em uma mesa afastada, no fundo, encarando um imenso milk-shake, como se todos os males do mundo fossem culpa do mesmo, e sua expressão agregava ainda um beicinho de lado e braços cruzados na mesa, onde repousava a cabeça.

Sacudi a cabeça de leve tentando me livrar de todo aquele misto de sentimentos que o a cena me causou e não coincidiam com encontrar um estranho pela segunda vez.

— Jung Hoseok? – tentei chamar sua atenção, pois o mesmo até agora não havia me notado por todo percurso de atravessar a cafeteria e nem quando parei ao lado de sua mesa.

— Aqui! – respondeu automático, quase como se fosse a chamada da escola, o que me fez rir do quão distraído o outro estava. – Quero dizer... Ahn, sim, sou eu...

— Eu sei – confirmei, me sentando a sua frente ainda rindo de seu embaraço pela gafe. – Oi.

— Ahn, é, oi Yoongi-ssi – respondeu ele desviando o olhar e coçando a nuca desconcertado. Esse garoto parecia ser muito mais fofo e educado do que eu imaginei. Não que eu tenha imaginado algo, ou que ele seja fofo. Aish, em que eu estou pensando de novo?

— Posso te chamar só de Hoseok, certo? – tentei ser simpático e cortar as formalidades, ele era amigo de um amigo afinal. – Pode me chamar de Yoongi também, eu já me sinto velho sem precisar ser lembrado disso.

— Você não é muito mais velho que eu, ahhn, éhn, Yoongi – hesitou ele em dizer meu nome sem nenhum pronome acompanhando, suas faces ainda estavam levemente coradas, mas eu não sabia se era por antes ou por agora.

— Verdade? – claro que ele saberia, sendo um fã, até me esqueci disso por alguns segundos. Bom, ao menos posso me tranquilizar sobre ele ter um surto e gritar como as fangirls. – Melhor ainda, não precisa de formalidades, certo? – confirmou ele me devolvendo um sorriso pequeno e isso sim combinava com seu rosto, definitivamente, ficava muito melhor sorrindo e o que era estranho, me fazia ter vontade de sorrir também. Logo eu, o senhor do mau humor.

Antes que eu pudesse continuar nossa conversa, que estava quase virando um monologo – o que eu achei estranho, já que Hoseok parecia do tipo tagarela – uma garçonete veio pegar meu pedido, toda simpática e sorridente. Até demais para o meu gosto... E o pior, não era comigo que ela estava sendo atenciosa, sendo que era eu quem estava fazendo o pedido.