Apurado como instinto de Gato

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Juro que tentei ouvir os concelhos que Tae me deu, mas era tão difícil me controlar. Me explica como uma pessoa em sã consciência consegue resistir à empolgação que é estar perto de um ídolo que admira? Porque eu não consigo.

No que eu defini como nosso primeiro encontro — porque sim, para mim aquilo foi um encontro, já que estávamos os dois, sozinhos e tomando milk-shake na minha cafeteria favorita – usei toda minha concentração e determinação disponível em estoque, para tentar ouvir o que ele dizia e mesmo assim metade do tempo eu me perdi admirando o quanto ele era lindo e ouvindo o timbre perfeito daquela voz.

Para depois, ainda ficar ouvindo a voz da consciência, que nesse momento, soava igual a de Taehyung e repetia os conselhos que ele me deu sobre tratar ele como uma pessoa normal e ser eu mesmo que ele iria gostar de mim. Ouvindo ele falar naquele momento, parecia fácil, mas quando me dei conta que, apesar de tudo, a entidade que era o Suga tinha a mesma carinha que a pessoa Min Yoongi, daí lascou.

Cheguei ao ponto de ficar entoando um mantra e fingir que estava ouvindo tudo que ele falava: É o Yoongi, não o Suga, Yoongi e não o Suga, respira, expira, respira... Se funcionou? Mas é claro, que não né.

Então, tirando como base esse evento, não fica difícil imaginar o tamanho do surto que eu estava tendo por CONVERSAR COM ELE POR MENSAGEM O DIA TODO e ainda ter que bancar a sonsa como se tudo estivesse tranquilíssimo. Me poupe, quase morri do coração a cada vibrada do meu celular.

E jamais, em toda minha vida, encerrei meu dia de trabalho tão rápido, ou corri tanto para chegar em um lugar. Nem sei como fiz aquele percurso e saí vivo depois.

Porém, tudo valeu a pena para ver aquela criatura divina só de calça de moletom e cabelo molhado abrindo a porta para mim. Louvado seja Deus por essa benção.

— Ehhn, Oi Yoongi – tentei focar em olhar nos olhos dele, tarefa árdua. Então fiz o que sempre faço quando não sei como reagir a algo... Abri um sorriso que rezei para parecer simpático e não de psicopata. – Por acaso... Cheguei muito cedo?

— Ahhn, não, claro que não – respondeu o outro meio atordoado e ficou me olhando. Essa situação começava a ficar complicada para mim, porque sem ter o que dizer e sem receber nenhuma instrução sobre entrar, só me restava olhar ele de volta... E ele estava sem camiseta!

— Miiiaawn! – quando a situação estava a um passo de ficar ainda mais estranha, vulgo climão, Jae vem e salva o dia! Essa gata é algum tipo de super heroína, só pode.

— Oiii Jaejae! – me abaixei ainda em frente a porta para receber minha amiguinha em meus braços, como sabia que a mesma gostava. — Como você está, hun? – já com a felina no colo, aproveitei e cedi toda minha atenção para a mesma fazendo carinhos em suas orelhas.

Com um sorrisinho de lado, que eu não sei dizer se era sacana ou simplesmente simpático, Yoongi deu um passo para o lado sinalizando para que eu entrasse no apartamento. Preciso me concentrar hoje, conter meus impulsos, neuroses e reagir de acordo com as deixas. Nunca odiei tanto ser uma pessoa que não entende sutilezas.

Talvez o melhor jeito para não ser odiado e sobreviver ao dia de hoje seja simplesmente focar na JaeHwa, afinal, na prática, eu vim para ver ela. Ao menos foi para isso que fui convidado. Será que o Yoongi tem outra coisa para fazer e combinou isso para eu ficar de olho nela? Faz sentido.

De qualquer forma, foi mantendo certo controle que eu consegui que ele confiasse em mim o bastante para querer me ver de novo, melhor continuar seguindo os conselhos do Taehyung. Nunca imaginei que iria dizer isso, a que ponto que cheguei na vida.

Agradeça ao GatoOnde histórias criam vida. Descubra agora