Angelical (L.S)

Un

Os gritos ecoavam por todo o quarto, acordando o garotinho assustado em sua cama. Louis estava abraçado ao seu urso de pelúcia enquanto tentava tampar seus ouvidos para que o som dos gritos cessassem.
Ele tentava não chorar porque sua mãe havia o dito que ele já era um garoto crescido e que meninos crescidos não choram por bobagens. Mas mesmo assim as lágrimas desceram de seus olhos azuis oceânicos para a bochecha fria. Não parecia ser uma bobagem, então ele poderia chorar.
O medo que consumia seu corpo era crescente, suas pernas tremiam ao ouvir os passos pesados vindos do corredor. Os gritos cessaram, e foi quando a porta do quarto de Louis foi aberta. O menino colocou o cobertor sobre si  e prendeu a respiração por alguns segundos.
Sentiu uma mão passando pela sua silhueta demarcando o contorno de seu corpo até chegar a ponta da cabeça. As lágrimas desceram novamente queimando o rosto do jovem.
Tomlinson ficou ali por alguns minutos até que finalmente teve coragem para colocar para fora da coberta a sua cabeça. Procurou com cautela se havia alguém ali, mas aparentemente tudo havia se acalmado. Foi então que o garoto ouviu uma voz doce do outro lado da cama.
- Você não precisa sentir medo. - a voz disse.
Louis se virou rapidamente e se deparou com um menino de cabelos cacheados e olhos verdes sentado em sua cama segurando um ursinho de pelúcia com as cores do arco-íris.
- Ele não te fará mal enquanto eu estiver aqui Loueh, você sabe disso não sabe?- O garoto continuou.
E então se levantou e foi até a janela e olhou atentamente para o lado de fora.
- Quem é você?- Louis gritou enquanto se levantava da cama.
O  cacheado sorriu e então sumiu. Louis também acordou de seu sonho nesse momento.
O travesseiro estava molhado e seu corpo suado. Sua respiração estava ofegante e Louis soluçava enquanto as lágrimas caiam de seus olhos. Os sonhos já eram algo frequente para o garoto, que agora com 18 anos, lidava melhor com essas questões já que desde pequeno tinha sonhos com esse ser cacheado. Seja na forma de um animal ou de um ser humano.
Sua mãe o levara diversas vezes a intérpretes de sonhos mas nenhum possuía uma resposta para ele. Nem médicos, nem ninguém, não havia explicação para o que estava acontecendo com o garoto.
Louis levantou de sua cama retirando os lençóis e o travesseiro e colocando-os no chão para levar a uma lavanderia depois. Dirigiu se ao banheiro para tomar uma ducha tentando esvaziar sua mente um pouco.
A água fria descia pelo corpo do garoto e o mesmo deixava com que as lágrimas de misturassem. Ele não estava chorando apenas por conta do sonho em si, mas pela frustração de não saber o que seus sonhos significavam, quem era aquele ser e porque sonhava com ele toda noite. Era difícil para Louis lidar com tamanha falta de   informações, ele se sentia perdido e uma bússola de vez em quando não faria mal.
  Após o banho Tomlinson colocou seu suéter rosa e calça jeans skinny preta e desceu até a cozinha para preparar seu café da manhã, enquanto terminava de fazer a lição de casa. Seus pais e irmãs estavam dormindo então não ligou a televisão. 
Recebeu uma mensagem de Zayn minutos depois quando já estava saindo de casa.
" Lou? Está aí?"
"Yep Zee, pode falar"
" Estou aqui no hospital com o Liam e o quadro clínico dele piorou, eu não sei o que fazer!"
" O que? Eu estou indo agora! Fique bem até eu chegar, okay?"
Zayn não visualizou a mensagem de Louis, o que o deixou preocupado. Decidiu deixar uma mensagem na geladeira, avisando aos pais sobre o ocorrido e correr para o hospital.
Liam estava internado a cinco meses por conta de um acidente em que levou o garoto a um coma. Desde então, Zayn, seu namorado o visita todas as manhãs antes de ir para a escola.
Louis decidiu ir a um ponto de taxi no final da sua rua. Tentou ligar para Zayn enquanto andava, mas o garoto não o atendeu. Suspirou preocupado e desligou o telefone. O dia estava frio, e os ventos fortes atrapalhavam o cabelo de Tomlinson os fazendo parecer bagunçados arrumados...
Avistou um táxi parado e entrou, o motorista sorriu para o garoto.
- Bom dia senhor, para onde vamos?
Louis passou o endereço para o homem e eles começaram a viagem. O hospital era um pouco longe da casa de Louis, mas não demoraria mais de 20 minutos para chegar lá.
O garoto colocou seus fones de ouvido e começou a ouvir Young & Beautiful. Fechou os olhos e adormeceu.
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Louis acordou sentindo alguém passando a mão na sua perna. Ainda estava sonolento então não conseguiu de imediato entender o que estava acontecendo. Virou a cabeça para o lado e viu o motorista o encarando com um olhar malicioso.
Tentou gritar, mas a outra mão do homem silenciada seus pedidos de ajuda. Começou a chorar, pensando em alguma solução para sair daquela situação. Foi então que Louis mordeu a mão do homem que apenas fez com que esse ficasse ainda mais irritado.
- Fica quietinho garoto!- O motorista gritou sufocando Louis enquanto o menino implorava  para ele parar.
O homem tirou suas calças e se aproximou mais de Louis que chorava pedindo por ajuda.
Foi quando Louis viu um outro homem quebrando a janela do táxi e abrindo a porta. Usava um chapéu branco e seus olhos estavam cobertos por óculos escuros.
O motorista foi puxado pelo homem misterioso que o jogou no chão e chamou alguns policiais que estavam do outro lado da rua. Louis sentia seu corpo fraco, seu corpo tremia e ele tentava assimilar tudo que havia acontecido a alguns momentos atrás.
O homem misterioso chegou perto do garoto enquanto os policiais levavam o motorista para a delegacia.
- Obrigado...- Louis sussurrou com a cabeça entre as pernas.
- Está tudo bem agora. Você não precisa sentir medo. - O homem disse.
Louis levantou a sua cabeça, sorrindo timidamente. Suas bochechas estavam vermelhas e sua pele pálida. O homem passou as mãos pelas lágrimas que ainda caiam.
- Ele não te fará mal enquanto eu estiver aqui Loueh, você sabe disso, não sabe?- Disse ainda com as mãos em seu rosto delicado.
- Como você sabe o meu nome?- Louis perguntou levemente confuso.
O homem sorriu e se afastou do garoto, sumindo do campo de visão do garoto.