Angelical (L.S)

Quatre

Londres, 1969

A tinta passava vagarosamente pelo quadro quando aquele garoto bateu na porta. No momento em que o viu pela primeira vez, Louis conseguiu detalhadamente analisá-lo.
Sua respiração estava ofegante o que indicava que provavelmente havia vindo até o ateliê correndo. Seus cabelos cacheados estavam metodicamente organizados em mechas e para trás do ouvido, dessa forma ele provavelmente havia demorado para se arrumar. Notou o seu lindo par de olhos verdes, as covinhas enquanto ele sorria e sua pele extremamente lisa mesmo que não tivesse a tocado.
- Bom dia senhor Tomlinson. - Harry disse, tentando esconder a euforia e a ansiedade - Me chamo Harry Styles e conheço as suas pinturas a algum tempo, hoje vim aqui para encomendar uma pintura.
Louis abriu passagem para que o jovem adentrasse, fechando a porta logo em seguida.
-  Então me diga, Senhor Styles. - Louis se sentou com as pernas cruzadas no divã. - Que tipo de pintura o Senhor gostaria que eu fizesse?
Harry o observou um pouco, pensou que estaria óbvio pela forma que chegou ali. Tinha feito o maior esforço para que seus cabelos parassem naquela posição.
- Eu gostaria de uma pintura minha, Senhor. - Harry disse tentando soar calmo ao dizer essas palavras. - Hoje.
Louis se levantou, foi até a cozinha e pegou um copo de água e ofereceu a Harry. Pinturas ao vivo são o ponto forte de Louis então ele deveria ter adivinhado o porquê do garoto estar tão bem vestido ali.
  - Me conte um pouco mais sobre você senhor Styles, após essa etapa poderemos começar a pintura.
Devem ter conversado por algumas horas antes de começarem o que Harry estava ali para realizar.
Enquanto Tomlinson escolhia as tintas, Harry observava o homem. Seu corpo excitava Harry, e na verdade não só Harry, todos os seres humanos que era apaixonados por arte consequentemente era apaixonados por Louis. Seu cabelo bagunçado e a roupa suja de tinta davam a impressão de bagunça e desordem. O que não era necessariamente verdade, porque Louis era muito metódico e organizado.
- Bom, Harry - O garoto foi interrompido de seus devaneios e olhou para os olhos azuis de Louis -  Como o senhor me pediu duas pinturas, enquanto conversávamos, pensei que talvez uma pintura nua sua não seria uma má ideia.
Harry concordou com a cabeça, mesmo entendendo que seria complicado se expor tanto. Louis pediu para que começassem pela pintura convencional e no dia seguinte fariam o nu artístico.
Harry se sentou enquanto segurava um pêssego em suas mãos e o observava.
Passaram-se muitas horas quando Louis pediu para que Harry fosse embora e voltasse amanhã. Se despediram formalmente e Louis prometeu que no dia seguinte terminaria a pintura convencional e começaria com o nu.
  Foi quando Louis estava guardando seus quadros em uma sala onde todos os quadros ficavam, que a porta do ateliê se abriu.
- Estamos fechados no momento- Louis gritou do corredor.
A voz não respondeu e então Louis gritou novamente. Nada.
Ao chegar na sala principal Tomlinson se deparou com um homem vestido vestes negras, literalmente do pé a cabeça.
- Olá Louis Tomlinson - Disse o homem - Meu nome é Nick Grimshaw e estou aqui para Falar de Harry Styles.
- A vida pessoal dos meus clientes não me importa, Senhor Grimshaw. - Louis Disse enquanto guardava os pratos que usara para colocar as tintas.
  Nick gargalhou alto e Louis quase derrubou os pratos que segurava na mão.
- Mas você quer que Harry seja mais do que um cliente não quer?
Louis fez uma expressão confusa para Grimshaw.
- Eu não me comprometo a ter uma relação não profissional com os meus clientes, Senhor.
Nick se aproximou mais de Louis.
- Então senhor Tomlinson, eu peço encarecidamente que o Senhor se afaste rapidamente de Harry Styles, porque você não entende o quão catastróficos serão os acontecimentos futuros se vocês ficarem juntos. - Nick sentia a raiva subir pelo seu corpo e o fogo interno queimar o seu rosto. - Você não sabe o que acontecerá quando vocês se reencontrarem daqui 49 anos e como isso mudará tudo.
  Quando Louis ia falar algo, o homem não estava mais lá, apenas uma pintura de uma floresta com uma macieira em meio às árvores e dois garotos mortos na grama.
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Londres, 2018 (Atualmente)

  O frio mordia as bochechas de Louis, alunos e professores estavam parados nos corredores cochichando algo quando pararam para observar o garoto de olhos azuis. Seu professor o envolvia em seus braços dizendo que ia dar tudo certo. Mas Louis não entendia o que estava acontecendo, era tudo muito confuso.

Ao chegarem ao fim do corredor, Tomlinson conseguiu perceber um garoto envolto em toalhas sujas de vermelho sentado no chão com seus cabelos molhados e feição assustada.

- Vamos deixar vocês a sós. – O professor respondeu passando a mão no ombro do garoto. – Quando terminarem eu preciso que nos avise para levarmos o jovem ao hospital, ele está machucado.

E então Louis engoliu em seco, percebendo que a tonalidade vermelha abundante nas toalhas era sangue. A medida que o professor se afastava, Louis pode ouvir os passos se tornando cada vez mais silenciosos e o silêncio interno cada vez mais barulhento.

"Quem era aquele garoto?" "Como ele conhecia Louis?" "Por que ele estava assim?"

Eram essas as perguntas que passavam pela cabeça do jovem Tomlinson bagunçadas e enigmáticas. Louis saiu da área coberta e começou a se aproximar lentamente, sentindo a chuva leve cair sob seus cabelos e o vento passar por seu corpo fazendo com que arrepiasse.

O garoto ali sentado olhava para baixo com seus cabelos cobrindo seu rosto, sua pele era branca e seus lábios eram finos e rosados. Louis parou de andar quando viu que a água da chuva se misturava com o sangue no corpo delicado do garoto, formando uma poça de sangue.

O garoto levantou a cabeça exibindo uma expressão de surpresa ao ver Tomlinson, e então, sorriu.

- Olá. – Louis disse, se ajoelhando próximo a ele, não se importando se o sangue o sujaria. – Disseram que você estava me chamando.

Os olhos verdes encararam os azuis e brilharam.

- Oh... sim. – Sua voz era doce e calma. – Meu nome é Timothee.

- Louis Tomlinson. – O garoto estendeu as mãos para cumprimentar o outro que não o cumprimentou em resposta. – Mas presumo que já saiba quem sou.

Timothee assentiu fazendo um sinal postiivo com a cabeça como resposta.

- Eu te conheço a muito tempo... -Lágrimas se formaram nos olhos oceânicos do rapaz, era como se todo o mar transbordasse para fora.

Louis chegou mais próximo do garoto, tocando o seu ombro suavemente para que não o machucasse.

- Quem é você, Timothee?

O garoto o olhou e sorriu com o canto da boca, abaixando a cabeça logo em seguida.

- Você é o meu pai, Louis.