Capítulo 25, I

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Último capítulo

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Jade Pov

– Devo multiplicar a segunda linha pela terceira? – Sorri, assentindo e observando a questão de matemática que Perrie resolvia.

Sim. Nós realmente estávamos estudando, e por incrível que pareça, o fato de estarmos sozinhas em casa, na minha cama, se quer influenciou em alguma outra coisa. Perrie estava focada em tentar aprender, e felizmente dava certo.

Suspirou cansada e coçou a nuca, me fazendo rir pelo ponto de interrogação estampado em sua face. Mas eu não lhe ofereci ajuda. Perrie precisava tentar e pensar para aprender. As contas não são o tipo de conteúdo adequado para se decorar, embora algumas fórmulas na matéria sim.

E de qualquer jeito, se ela não conseguisse nada, eu lhe esclarecia algumas ideias caso Perrie perguntasse.

E pelo visto, lhe oferecer mais alguma ajuda fora desnecessário. Perrie fez a conta, no seu tempo, mas ela fez, e assim que corrigi, Pezz saiu pulando contente pelo quarto.

– Você tem a melhor professora. – Exclamei divertida. Perrie sorriu e voltou a sentar logo ao meu lado.

– Sim, eu tenho.

– E como vai me pagar por isso? – Brinquei. Pezz cerrou os olhos, se aproximando e lentamente tomando meus lábios nos seus. O beijo lento que na verdade não tinha um tempo definido. Com ele, os minutos se passavam rápido, com que ao menos pudéssemos nos dar conta.

Até Perrie quebra-lo.

– Eu espero que você goste... – Falou, agora tomando postura séria. Segui a direção do seu olhar, confusa, e só então percebi uma caixinha um pouco maior que sua mão, só que de laterais finas.

– Eu estava brincando, Pezz. Eu queria era um beijo seu... – Ela sorriu.

– Fico feliz que tenha sido sua intenção, mas agora aceite a minha. – Mordi o lábio inferior, assentindo para suas palavras, e tomando a caixinha para mim. Abri e não pude deixar de ficar surpresa ao encontrar um colar com um delicado pingente de libélula. Era lindo.

– Perrie! Isso deve ter sido caro?!

– É falta de educação perguntar os preços dos presentes. – Virou os olhos. Fiz o mesmo e ela riu.

– Tudo bem... mas por que uma libélula? – Pezz se ajeitou e franziu o cenho.

– Bom. Na verdade, existem vários significados... Renovação, força positiva, o poder da vida em geral... As libélulas podem também ser um símbolo de maturidade. É relacionada como uma criatura do vento, por isso representa uma mudança. Como a libélula vive uma vida curta, também diz ao fato de aproveitar o máximo essa vida. E eu quero que você faça isso. Quero que não tenha medo de ser quem você realmente é. Nem que seja só para mim, eu quero te ver feliz, então... Aproveite sua vida, não viva pelos outros... – Perrie sorriu, acariciando minha bochecha.

A sensação quente se instalou no meu peito, e foi inevitável quando a abracei com vontade, escondendo minha cabeça no pescoço pálido, e a apertando contra meu corpo.

Perrie me fazia sentir especial, amada... ela me fazia sentir.

Seus braços envolveram minha cintura, deliciosamente sendo apertada. Suas mãos prenderam a barra da minha camisa e acabei suspirando. Sem dúvidas aquele era o melhor abraço que eu já teria dado em alguém.

– Obrigada... – Perrie sorriu contra a pele nua do meu pescoço.

Distribuí beijos até seu maxilar e fui aproximando meus lábios de sua boca, lentamente selando um longo selinho. As mãos dela na minha cintura e as minhas partindo até sua nuca, eu invadindo sua boca com minha língua.

E Perrie aceitou, me envolvendo com mais vontade.

A intensidade aos poucos foi surgindo cada vez mais. Ninguém nunca entenderia como eu me sentia quando Perrie me pegava assim, quando estávamos nos beijando dessa forma.

E aparentemente... Hoje não era um dia tão bom. Ao menos, não iria mais ser. Não quando rapidamente vi a porta abrir, e Norma nos encarar com certo ódio.

E tudo pareceu câmera lenta. Desde quando minha mãe veio em minha direção, como uma fera, e me puxou pelo braço... gritando algo que não ouvi direito... Pois meus olhos estavam em Perrie. Nossos olhos estavam juntos.

E é engraçado como mesmo de cores diferentes... conseguimos ver igual.

Eu a amo. Mas acho que era tarde demais para dizer.

***

Após o momento tenso, onde Perrie insistiu com Norma que só sairia quando eu pedisse, o que acabei fazendo, visto que não tínhamos outra saída, eu vi meu mundo desabar.

Meu rosto doía com o tapa que eu havia recebido na tentativa de argumentar, mas nada machucava mais do que estar sem Perrie.

Nada doía mais do que a distância que fui obrigada a ter sobre a loira. Nem mesmo as palavras homofóbicas de Norma.

E precisar ficar longe era o motivo das minhas lágrimas grossas e insistentes.

– O QUE FOI QUE EU FIZ- ONDE ERREI COM VOCÊ, JADE?! – Norma gritou. E eu permaneci parada. Vazia. – POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO?! COM A NOSSA FAMÍLIA- você precisa se confessar. E logo. Filha minha não vai contra vontade de Deus para ficar de casinho com uma lésbica- FILHA MINHA NÃO VAI SER SAPATÃO! – Senti uma lagrima solitária descer pela minha bochecha.

Norma já havia pego meu celular e jogado na parede.

– Mãe...-

– CALA A MERDA DA BOCA, AMELIA! – Limpei meu rosto infestado de lágrimas e Norma bufou. – Não quero saber de mais nada. Você vai parar com isso. Você... quer saber? Você vai para a Espanha. Vai com a sua avó, vai estudar o resto do ensino médio lá, em um convento. Vai ficar bem longe daqui. Bem longe das más influências.

– MAS-

– ABAIXA O TOM DE VOZ QUE VOCÊ NÃO ESTÁ NO DIREITO DE FALAR ASSIM COMIGO. NÃO ESTÁ, NEM NUNCA ESTEVE. REZE BASTANTE PARA NÃO APANHAR DO SEU PAI TAMBÉM. – Suspirei. Encolhi meu corpo no sofá e deixei minha cabeça ser escondida entre meus joelhos, enquanto eu abraçava minhas pernas, na esperança de acordar daquele pesadelo logo.

Mas infelizmente eu estava sonhando acordada. Acordada no meu pesadelo.

Então ouvi minha mãe falar com meu pai pelo telefone.

***

No mesmo dia, fiz as malas e Norma me levou até o aeroporto.

Como se a dor de não ter me despedido da loira, até mesmo Leigh, Jesy, Camila e Lauren, não fosse o suficiente, a dor da chance de nunca mais ver Perrie também apareceu.

Pois agora meu caminho seria outro.

Outro que eu não conhecia, mas tinha a pura certeza de que não envolvia certa loira dos olhos azuis.

E nem a libélula, como a do pingente que em tempo algum tirei do pescoço.

Na verdade...

Perrie era minha libélula.

E eu sabia que ninguém nunca mais me faria ser tão livre e feliz como ela fez.

Fim.

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Saint || Jerrie G!P (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora