Capítulo XVIII

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Ela estava de joelhos ao lado do meu pai caído e havia uma arma em sua mão, ele foi baleado, consegui ver as marcas e todo o sangue escorrendo e formando uma poça, Ever estava ao seu lado...

Não consegui acreditar em tudo que tinha acabado de acontecer. Ever estava com uma arma na sua mão, meu pai estava caído no chão. Sangue... Muito sangue. Esse era o momento que eu deveria fazer algo mas estava paralisada, não conseguia me mexer, ouvia ela chamar o meu nome, pessoas chegando, mas eu só estava ali, parada observando tudo. Ele estava... Morto. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido naquela sala mas a cena falava por si. Eu não sabia exatamente o que pensar só queria sair dali... Alguns policiais tentaram falar comigo, outros estavam segurando Ever, a imobilizaram no chão e haviam tomado a arma de suas mãos, ela gritava mas não conseguia entender nada. Não queria entender nada, um dos policiais me guiou até uma das viaturas e eu fiquei sentada lá, eu disse quem era e assinei uma ocorrência, eles iriam me ajudar, mas não queria ficar mais ali. Queria correr... Pra longe e foi o que fiz, assim que fiquei sozinha corri o mais rápido que pude e se tivesse prestando atenção não teria acabado por esbarrar bruscamente naquela moça, sim a da cafeteria. Eu não quero ver ou falar com ninguém mas preciso me desculpar, preciso ligar para a minha mãe, preciso fazer algo.

- Me desculpe moça, eu não a vi, eu só preciso sair daqui... Me desculpe.

Já tinha me virado sem esperar uma resposta mas ela me segurou, ainda calada, estava segurando meu braço e olhando fixamente para mim. Agora sim eu estava assustada, ao mesmo tempo me sentia segura mas pelos meus últimos acontecimentos era melhor não confiar em ninguém e principalmente em uma desconhecida.

- Eu conheço você, sei quem você é! -Ela disse ainda olhando em meus olhos.

Eu não faço ideia do que ela está falando e com certeza eu não conheço essa garota mas eu precisava da ajuda de alguém para falar com a minha mãe...

- Me desculpe, não sei do que está falando, deve ter me confundido com alguém mas você poderia me ajudar... por favor? É algo sério.

- Por que te ajudaria?

Meu Deus! como uma pessoa conseguiria ser tão arrogante dizendo apenas quatro palavras?! Aquele olhar, eu não precisava dela, encontraria outra pessoa. Se meu celular não estivesse sem bateria, droga... Eu preciso falar com minha mãe.

- Eu só preciso fazer uma ligação.. por favor...

- Tome, estou esperando.

Peguei o celular de sua mão, odiava o fato de ter que aceitar aquilo. Estava pronta para ligar quando percebi que tinha um problema... eu não fazia ideia de qual era o número da minha mãe, o único que me lembrava era o da Jenn, eu precisava da ajuda de alguém e talvez ela pudesse me ajudar, mesmo que ela tenha sido uma péssima namorada, ela sempre foi uma ótima amiga, não me negaria ajuda agora. Ainda tremendo pela quantidade de adrenalina que bombardeava o meu corpo disquei os números, depois de vários toques ela não atendeu. Vamos lá, mais uma vez... por favor Jenn me atenda eu preciso de você agora. Já estava desistindo quando ouço sua voz...

- Alô.

- Jenn... É a Allie, eu estou em São Paulo, eu preciso da minha mãe aqui... o meu pai... Por favor me ajuda... Eu sei que você tem fortes motivos para estar chateada comigo e eu com você mas sempre fomos amigas. Por favor!

- Calma, respira, eu vou falar com sua mãe e chegaremos aí em breve. Eu não sei o que aconteceu mas preciso que você vá para um lugar seguro e fique lá, vou te mandar um endereço por sms neste mesmo número, só dá um jeito de ir pra lá, ok?

- Só vem rápido...

- Jajá chegarei ai!

Ela desligou, fiquei mais algumas minutos esperando a mensagem, havia mesmo um endereço que não era longe dali porém não daria para chegar lá andando, enfiei a mão nos bolsos e notei que havia alguma grana lá, o suficiente para chamar um táxi. Agradeci a moça e parei o primeiro carro que passou, ela ainda segurando a porta me perguntou se eu precisava de companhia, sem querer ser rude mas... tudo que eu precisava dela eu já havia conseguido, então não, eu não queria sua ajuda, não mais, não precisava mais. Ignorando a pequena birra que eu estava da pessoa que acabará de me ajudar, respondo educadamente que não e sigo para o endereço onde Jenn me mandou.

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