Capítulo XIV

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Estava deitada sobre o peito de EV curtindo aquele nosso momento incrível, as vezes nossos olhos se perdiam uns nos outros, sorrisos brotavam e tudo se mostrava perfeito. Eu poderia ficar ali pra sempre se soubesse que ela estaria ao meu lado, seu simples toque me confortava e trazia paz.

Como nada é bom demais por muito tempo escuto um barulho na porta de entrada, certamente era minha mãe, levantei mais que depressa ajeitando os cabelos e recolhendo minhas roupas jogadas pelo chão, Ever me olhava sem entender muito bem e ria da minha preocupação, ela ainda não tinha percebido o risco que estávamos correndo, se minha mãe nos pegasse ali seria o fim, não, não queria pensar nisso então tranquei a porta e fui para o banheiro, precisava de um banho ou então minha mãe iria acabar percebendo tudo que acabará de acontecer.
Ela nunca aceitaria toda essa mudança e certamente faria eu me afastar de meu amor, esse ainda não era o momento certo dela saber toda a verdade.

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Tínhamos acabado de ter nosso momento mais incrível quando vejo Allie levantar em meio aos tropeços catando as roupas pelo assoalho, não estava entendo muito aquele desespero mas não pude conter a risada, ela ficava ainda mais Linda com aquele ar de preocupação.
Ela entrou para o banheiro sem me explicar e eu continuei lá deitada, sorrindo, minha doidinha, enfim ela era minha.
Ouço um bater suave na porta, e não sabia bem oque fazer quando ouço uma voz rouca.

— Alisson ? Ever? ... Vocês estão ai?

Era a mãe dela, e ela estava no banho, Mas espera... Ela queria conversar comigo, deve ser por isso que ela está chamando, então respondo:

— Oi... Allie acabou de entrar no banho. –Digo enquanto abro a porta a encarando e logo apos desviando o olhar para o chão.

Ela observou todo o quarto sem qualquer expressão no rosto e em seguida faz menção para que eu a acompanhe. Caminho calada, olhando para o chão por um corredor estreito, ela então entra pela ultima porta, a sigo e me vejo diante de uma biblioteca enorme. Fico boquiaberta, meio que perdida no tempo a observar tudo, cada detalhe, não poderia deixar escapar nenhum. As poltronas esteticamente posicionadas ao centro da sala, dois sofás entre duas estantes de livros, que estavam muito bem organizados por sinal.

— Os Livros são a única lembrança que tenho de meu ex marido... –Diz a mãe de Ever ao trancar a porta.

— Amo livros...

—Allie também gosta muito de ler, na verdade nossa família é feita de amantes incorrigíveis de uma boa leitura. – Diz ela em um sorriso doce ao fechar os olhos, certamente ela se lembrara de algo.

Allie nunca havia me dito muito sobre seus pais, na verdade ela nunca havia mencionado nenhuma informação sobre sua família. A história não parecia ser uma das melhores mas com certeza não poderia ser pior que a minha, o recente falecimento de minha mãe ainda me machucava.

— E então... Nem me apresentei, prazer sou Júlia, será que Podemos conversar?

— Claro, claro, como a senhora quiser. –Disse enquanto apertava a sua mão e forçava um sorriso.

Não entendi muito bem o porque mas minhas mãos estavam trêmulas, sentia o suor escorrer nas minhas costas e não sabia como reagir ou oque dizer.

— Eu não sei bem como começar ou oque dizer, nunca pensei que passaria por uma situação assim, mas venha, sente-se aqui... –Dizia ela enquanto puxava uma cadeira para se sentar, sentei logo ao lado.

— Apenas diga, não pense muito, ajuda.

— Eu sei sobre você e Ever!

Meu coração parecia uma bomba relógio e cada uma daquelas palavras era um segundo a menos, eu nunca havia passado por situação nem parecida e agora estava diante da mãe da minha namorada enquanto ela esperava uma resposta.

—Eu sei que vocês são jovens, mas não quero que Minha garotinha saia machucada, ela já se feriu muito nessa vida, não posso permitir que aconteça de novo. Não posso permitir esse relacionamento, não que seja algo pessoal mas tanto eu quanto você sabemos o quanto vocês vão sofrer com essa relação, a sociedade vai massacrar vocês duas, não vou deixar que Alisson se quebre...

— Eu amo a sua filha...

Vi ela abaixar a cabeça e ficar calada, então senti que era o momento de continuar, de mostrar pra ela o quanto poderia fazer nossa pequena Allie feliz.

—Eu posso fazer ela feliz, posso cuidar dela, não vou sair do lado dela nunca.

— Meu marido disse a mesma coisa a mim, e hoje em dia eu nem sei mais por onde ele anda...

— Eu lutei tanto por ela... Você não sabe o quanto lutei por esse amor, quantas lágrimas derramei. –Disse com os olhos marejados.– E mesmo com toda aquela dor que eu sentia, com tudo dando errado, eu me agarrei as minhas esperanças, esperanças de um dia poder ter ela para mim! Não sei oque a senhora passou, não sei como se sente, mas Allie se tornou meu porto seguro, minha paz, o único real motivo para sorrir e não desmoronar. Ela cuida de mim, me ama, esta comigo mesmo quando todos já desistiram e eu vou lutar por ela até o meu último suspiro, vou lutar pelo amor dela, não me importo o resto do universo, se eu a tiver ao meu lado tudo estará perfeito.

Depois de falar aquilo não escutei a voz de Júlia mas sim um choro baixo, sem muito pensar me levantei e à abracei, era daquilo que ela precisava, de um abraço sincero. Do mesmo jeito que eu sempre precisei.

— Ah minha palavra continua a mesma, você vai com Alisson nessa viagem e depois não quero mais vocês juntas! Possivelmente eu a mude colégio ou não, isso depende de você... – Disse enquanto se afastava e enrijecia seu semblante.

— A senhora não pode fazer isso ...

— Na verdade posso, ela é minha filha. E isto é tudo, espero que Alisson não saiba do que se passou aqui.. As consequências para ela podem ser severas e sei que você não quer isso. – Ela então apontou para a porta. — Acho que vc sabe o caminho de volta.

Não conseguia conter minhas lágrimas, meu coração estava totalmente quebrado, não poderia desistir do amor da minha vida assim tão fácil mas também não queria tornar a vida dela um caos. Eu sai daquela sala com as pernas ainda bambas, com lágrimas nos olhos, não era possível que depois de tudo que passamos tudo terminaria assim.

Caminhei por entre aquele corredor lentamente, segurando por entre as paredes, precisa disfarçar tudo aquilo até encontrar uma solução, não iria assustar Allie. Eu encontraria uma solução, não importa oque eu tivesse de fazer.

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