Luccino volta ao trabalho na oficina após um bom papo com seu irmão, Ernesto. Mas parece que seu dia de trabalho seria muito mais agitado do que normalmente é.
MARIANA: Luccino, meu amigo!
Ao ouvir sua voz, Luccino abre um belo sorriso no rosto. Fazia tempo que não via Mariana após o dia da chuva de tinta que as malucas da Susana e Petrolina haviam jogado nos cidadão da cidade. Ele saiu debaixo do carro e se aproximou da melhor amiga que existe pra ele.
LUCCINO: Mariana! Que saudade! – ele queria abraçá-la mas percebeu que algo o impediria de fazê-lo – Bem.. Estou todo sujo de graxa.
MARIANA: E desde quando eu me importo com isso, Luccino?! Venha logo!
Luccino e Mariana se permitiram um abraço bem caloroso, que remetem aos gestos da época de Mario. A melhor amiga voltou a ter as belas madeixas de outrora, antes do "tratamento de beleza" feito pelo Xavier. Parece que o tempo não passou para ela.
MARIANA: Meu Deus, Luccino! Desde que eu te conheço, só consigo te encontrar na Oficina. Aliás bela oficina! Toda reformada... – ela se virou reparando a nova decoração do local. – Dá pra ver que o caixa aqui está fluindo bem.
LUCCINO: Verdade. O investimento feito pela Rainha do Café me ajudou a fazer uma reforma e financiar alguns cursos de reciclagem. Espero logo que esse esforço todo valha a pena.
MARIANA: Com certeza, valerá, amigo. Eu sempre tive fé em você, Luccino, e sempre vou ter. Falando em ter fé, como vão as coisas com um certo major que por acaso é o seu vizinho?
LUCCINO: Major Otávio... – o seu rosto iluminava só por pensar no seu amado – Vamos convivendo de vento em popa. Nunca estive tão feliz em ter alguém ao meu lado antes, só perde para o Mario.
MARIANA: Nossa Luccino! Eu não sei se fico lisonjeada ou ofendida, né?! – disse aos risos – Ah, o Mario foi uma grande aventura pra mim. Me ajudou a ser uma excelente piloto de motocicleta, a me aproximar do meu grande amor...
LUCCINO: Sei bem o que quer dizer...
MARIANA: E te ajudou também, não é, Luccino.
LUCCINO: E sou imensamente grato ao Mario por ter me ajudado a... entender o que passava comigo.
MARIANA: Por que você não vem me visitar lá na minha casa? Caso não saiba aonde moro, é lá na casa do Cel. Brandão.
LUCCINO: Eu sei bem aonde é. Estava mesmo devendo uma visita a vocês dois, mas surgiram tantas coisas por fazer aqui na Oficina que não tenho tempo pra quase nada. E o tempo que me resta é do meu Major!
MARIANA: Hum... – verbaliza com o tom de voz debochado – é do meu Major...
Luccino dá uma risada do comentário debochado de Mariana. Essa também não perde tempo e se junta ao momento.
LUCCINO: Falando em militares, como vai a vida de casada com o Cel Brandão?
MARIANA: Estamos bem. Aliás viemos de um passeio nas trilhas do interior de São Paulo. Você não sabe como é bom se embrenhar nas matas e aproveitar a natureza!
LUCCINO: Do jeito que vocês são aventureiros, não duvido nada.
MARIANA: Ah, Luccino, eu sugiro que você e o Major façam o mesmo. Um pouco de aventura não faz mal a ninguém, amigo.
LUCCINO: Prometo pensar nisso com o major. Mas do jeito que ele é medroso, é melhor que nem tenha esperanças.
MARIANA: Agora deixa eu ir porque eu tenho que passar na cidade e resolver algumas coisas. Vou programar um jantar para a gente.
LUCCINO: Marque mesmo. Será uma satisfação passar um tempo com vocês.
MARIANA: A gente se vê, Luccino, meu amigo!
LUCCINO: A gente se vê, senhora Mariana.
Nesse clima alegre e descontraído Mariana vai embora da oficina de Luccino, seu melhor amigo desde sempre. Na delegacia, o clima está bom, sem muitas surpresas. Nada indicaria que uma mudança brusca estava prestes a acontecer.
BRANDÃO: Boa tarde delegado.
BALTAZAR: Oh, Coronel Brandão! Que satisfação em revê-lo. O que deseja aqui na delegacia?
BRANDÃO: Estava de passagem e aproveitei a oportunidade aqui pra lhe ver.
BALTAZAR: Fico feliz.
BRANDÃO: E como vão as coisas aqui na delegacia?
BALTAZAR: Muito tranquilas. Aquela época turbulenta, graças ao bom Deus, acabou. Tudo corre na maior calmaria.
BRANDÃO: E o Xavier e o Virgílio?
BALTAZAR: Aqueles dois? Ah, eles ainda tem muito tempo de estadia na cadeia. Daqui eles não saem tão cedo.
BRANDÃO: Sei não, delegado. Acho que eles estão mansinhos demais pro meu gosto. Tenho certeza que Xavier deve estar armando alguma...
BALTAZAR: Eu duvido muito. Mas se quiser, pode vê-los pessoalmente.
BRANDÃO: Eu mesmo não, delegado. Prefiro deixá-los em paz aonde eles estão e espero que nunca saiam daqui.
Enquanto conversavam, duas pessoas entram na delegacia. Uma delas é bastante conhecida do Brandão e do Baltazar, mas o outro rapaz era desconhecido.
RANDOLFO: Bo-boa tarde, senhor delegado. Boa tar-tar-rde Coronel.
BRANDÃO: Boa tarde capitão.
BATALZAR: Boa tarde.
RANDOLFO: Bom, eu encontrei esse senhor na cidade e ele está a sua procura, delegado.
BALTAZAR: À minha procura?
HOMEM: Sim, senhor delegado. Eu sou Felisberto Farias, oficial de justiça da Comarca de São Paulo. Eu vim cumprir ordens.
BALTAZAR: Por favor, vamos até a minha sala.
O oficial de justiça e o delegado foram para uma sala reservada, deixando o Coronel Brandão e o Capitão Randolfo sós na recepção da delegacia.
RANDOLFO: Co-coronel, se me permi-te falar, acho que tem algo de ruim vai a-contecer hoje.
BRANDÃO: Concordo, capitão. Eu também senti isso com a chegada desse oficial de justiça.
Depois de uns quinze minutos o oficial de justiça e o delegado Baltazar saem. E pela cara de espanto que o mesmo fazia, algo surpreendente aconteceu dentro daquela sala.
BALTAZAR: Meus amigos, – disse o delegado assim que se aproximou do Coronel e do Capitão – Vocês não fazem ideia do que acabou de acontecer...
BRANDÃO: Conta logo, delegado! O que foi que aconteceu nessa conversa com o oficial de justiça?
RANDOLFO: Pe-pelo que vejo nã-ão é boa coisa que aconteceu.
BALTAZAR: E não é mesmo...
Logo após uma voz interrompeu a fala do delegado, fazendo que todos olhem para o fundo da recepção da delegacia.
XAVIER: Vocês não sabem a satisfação de estar de volta!
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Lutávio & Xavílio: dois lados da mesma moeda
FanfictionEssa fanfiction de Lutávio se inicia cinco anos após a tentativa de descarrilhamento do trem inaugural do Vale do Café. Luccino e Otávio passam a viver juntos como vizinhos na pensão da cidade. Xavier e Virgilho estão presos cumprindo a pena pelos c...