Capítulo Dois: "A força da Lei"

265 15 33
                                    


Luccino volta ao trabalho na oficina após um bom papo com seu irmão, Ernesto. Mas parece que seu dia de trabalho seria muito mais agitado do que normalmente é.

MARIANA: Luccino, meu amigo!

Ao ouvir sua voz, Luccino abre um belo sorriso no rosto. Fazia tempo que não via Mariana após o dia da chuva de tinta que as malucas da Susana e Petrolina haviam jogado nos cidadão da cidade. Ele saiu debaixo do carro e se aproximou da melhor amiga que existe pra ele.

LUCCINO: Mariana! Que saudade! – ele queria abraçá-la mas percebeu que algo o impediria de fazê-lo – Bem.. Estou todo sujo de graxa.

MARIANA: E desde quando eu me importo com isso, Luccino?! Venha logo!

Luccino e Mariana se permitiram um abraço bem caloroso, que remetem aos gestos da época de Mario. A melhor amiga voltou a ter as belas madeixas de outrora, antes do "tratamento de beleza" feito pelo Xavier. Parece que o tempo não passou para ela.

MARIANA: Meu Deus, Luccino! Desde que eu te conheço, só consigo te encontrar na Oficina. Aliás bela oficina! Toda reformada... – ela se virou reparando a nova decoração do local. – Dá pra ver que o caixa aqui está fluindo bem.

LUCCINO: Verdade. O investimento feito pela Rainha do Café me ajudou a fazer uma reforma e financiar alguns cursos de reciclagem. Espero logo que esse esforço todo valha a pena.

MARIANA: Com certeza, valerá, amigo. Eu sempre tive fé em você, Luccino, e sempre vou ter. Falando em ter fé, como vão as coisas com um certo major que por acaso é o seu vizinho?

LUCCINO: Major Otávio... – o seu rosto iluminava só por pensar no seu amado – Vamos convivendo de vento em popa. Nunca estive tão feliz em ter alguém ao meu lado antes, só perde para o Mario.

MARIANA: Nossa Luccino! Eu não sei se fico lisonjeada ou ofendida, né?! – disse aos risos – Ah, o Mario foi uma grande aventura pra mim. Me ajudou a ser uma excelente piloto de motocicleta, a me aproximar do meu grande amor...

LUCCINO: Sei bem o que quer dizer...

MARIANA: E te ajudou também, não é, Luccino.

LUCCINO: E sou imensamente grato ao Mario por ter me ajudado a... entender o que passava comigo.

MARIANA: Por que você não vem me visitar lá na minha casa? Caso não saiba aonde moro, é lá na casa do Cel. Brandão.

LUCCINO: Eu sei bem aonde é. Estava mesmo devendo uma visita a vocês dois, mas surgiram tantas coisas por fazer aqui na Oficina que não tenho tempo pra quase nada. E o tempo que me resta é do meu Major!

MARIANA: Hum... – verbaliza com o tom de voz debochado – é do meu Major...

Luccino dá uma risada do comentário debochado de Mariana. Essa também não perde tempo e se junta ao momento.

LUCCINO: Falando em militares, como vai a vida de casada com o Cel Brandão?

MARIANA: Estamos bem. Aliás viemos de um passeio nas trilhas do interior de São Paulo. Você não sabe como é bom se embrenhar nas matas e aproveitar a natureza!

LUCCINO: Do jeito que vocês são aventureiros, não duvido nada.

MARIANA: Ah, Luccino, eu sugiro que você e o Major façam o mesmo. Um pouco de aventura não faz mal a ninguém, amigo.

LUCCINO: Prometo pensar nisso com o major. Mas do jeito que ele é medroso, é melhor que nem tenha esperanças.

MARIANA: Agora deixa eu ir porque eu tenho que passar na cidade e resolver algumas coisas. Vou programar um jantar para a gente.

LUCCINO: Marque mesmo. Será uma satisfação passar um tempo com vocês.

MARIANA: A gente se vê, Luccino, meu amigo!

LUCCINO: A gente se vê, senhora Mariana.

Nesse clima alegre e descontraído Mariana vai embora da oficina de Luccino, seu melhor amigo desde sempre. Na delegacia, o clima está bom, sem muitas surpresas. Nada indicaria que uma mudança brusca estava prestes a acontecer.

BRANDÃO: Boa tarde delegado.

BALTAZAR: Oh, Coronel Brandão! Que satisfação em revê-lo. O que deseja aqui na delegacia?

BRANDÃO: Estava de passagem e aproveitei a oportunidade aqui pra lhe ver.

BALTAZAR: Fico feliz.

BRANDÃO: E como vão as coisas aqui na delegacia?

BALTAZAR: Muito tranquilas. Aquela época turbulenta, graças ao bom Deus, acabou. Tudo corre na maior calmaria.

BRANDÃO: E o Xavier e o Virgílio?

BALTAZAR: Aqueles dois? Ah, eles ainda tem muito tempo de estadia na cadeia. Daqui eles não saem tão cedo.

BRANDÃO: Sei não, delegado. Acho que eles estão mansinhos demais pro meu gosto. Tenho certeza que Xavier deve estar armando alguma...

BALTAZAR: Eu duvido muito. Mas se quiser, pode vê-los pessoalmente.

BRANDÃO: Eu mesmo não, delegado. Prefiro deixá-los em paz aonde eles estão e espero que nunca saiam daqui.

Enquanto conversavam, duas pessoas entram na delegacia. Uma delas é bastante conhecida do Brandão e do Baltazar, mas o outro rapaz era desconhecido.

RANDOLFO: Bo-boa tarde, senhor delegado. Boa tar-tar-rde Coronel.

BRANDÃO: Boa tarde capitão.

BATALZAR: Boa tarde.

RANDOLFO: Bom, eu encontrei esse senhor na cidade e ele está a sua procura, delegado.

BALTAZAR: À minha procura?

HOMEM: Sim, senhor delegado. Eu sou Felisberto Farias, oficial de justiça da Comarca de São Paulo. Eu vim cumprir ordens.

BALTAZAR: Por favor, vamos até a minha sala.

O oficial de justiça e o delegado foram para uma sala reservada, deixando o Coronel Brandão e o Capitão Randolfo sós na recepção da delegacia.

RANDOLFO: Co-coronel, se me permi-te falar, acho que tem algo de ruim vai a-contecer hoje.

BRANDÃO: Concordo, capitão. Eu também senti isso com a chegada desse oficial de justiça.

Depois de uns quinze minutos o oficial de justiça e o delegado Baltazar saem. E pela cara de espanto que o mesmo fazia, algo surpreendente aconteceu dentro daquela sala.

BALTAZAR: Meus amigos, – disse o delegado assim que se aproximou do Coronel e do Capitão – Vocês não fazem ideia do que acabou de acontecer...

BRANDÃO: Conta logo, delegado! O que foi que aconteceu nessa conversa com o oficial de justiça?

RANDOLFO: Pe-pelo que vejo nã-ão é boa coisa que aconteceu.

BALTAZAR: E não é mesmo...

Logo após uma voz interrompeu a fala do delegado, fazendo que todos olhem para o fundo da recepção da delegacia.

XAVIER: Vocês não sabem a satisfação de estar de volta!

Lutávio & Xavílio: dois lados da mesma moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora