Capítulo Três: Liberdade e Saudade

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XAVIER: Que bela coincidência! O Coronel Brandão está aqui para me recepcionar.

BRANDÃO: O que é que você está fazendo fora da cadeia, seu miserável?

XAVIER: Também fico feliz em te ver, Coronel. Acreditaste que uma pessoa da minha estirpe ficaria pra sempre numa cela?

BRANDÃO: Você deveria apodrecer na cadeia, seu desgraçado!

XAVIER: Realmente fico lisonjeado pelos seus elogios... Mas como eu lhe disse, um homem como eu não fica num lugar como esse para sempre.

Xavier se aproxima do Coronel Brandão e ao ficar lado a lado com o militar, o recém liberto faz uma declaração ao seu pé de ouvido.

XAVIER: Isso é só o início, Coronel. Você ainda vai ouvir falar de mim.

E junto com o Virgílio, Xavier sai da delegacia pela porta da frente, deixando ali um coronel preocupado, um capitão impressionado e um delegado calado.

BRANDÃO: Delegado Baltazar, como isso aconteceu? Como aquele criminoso do Xavier conseguiu sair da cadeia?

BALTAZAR: Infelizmente, é a lei. O oficial de justiça trouxe um mandado de livramento condicional e com isso, tanto o Xavier quanto o Virgílio estão livres pra fazer o que quiserem.

BRANDÃO: Isso não é possível! A Justiça não pode ser tão cega a ponto de soltar esses dois.

RANDOLFO: Ma-mas delegado, eles vão ficar li-li-livres assim?

BALTAZAR: Na verdade não, Capitão. Eles terão que se apresentar perante mim uma vez por mês para averiguação, e quando achar necessário também.

BRANDÃO: Pois tenha certeza, senhor delegado, que logo logo aqueles dois vão ocupar a cela, da qual nunca deveriam ter saído!

BALTAZAR: Eu também acho isso, Coronel. Eu ficarei de olhos bem abertos para quaisquer atitudes suspeitas do Xavier e do Virgílio.

Quinze minutos depois, os recém libertos chegaram ao seu destino. Pouca coisa mudou durante o período em que esteve ausente. A fazenda estava aos cuidados de um capataz de confiança de Xavier. Bimensalmente o funcionário o visitava e lhe apresentava informes sobre o andamento das plantações recados e quaisquer fatos que acontecera no local.

XAVIER: Enfim, de volta ao lar! – inspiração profunda – Ah que saudade que estava do cheiro do ar limpo, do calor do sol e das minhas propriedades.

VIRGÍLIO: E agora, senhor? Aonde eu me instalo?

XAVIER: Você vai se instalar na casa grande, comigo. Eu vou precisar de você ao meu lado de agora em diante.

Com essa declaração Virgílio não conteve um sorriso tímido por ouvir do seu patrão que ele o considera importante bastante para viver sobre o mesmo teto. Esse sentimento bom aumentou ainda mais ao saber que iria se hospedar em um quarto exatamente ao lado a do Xavier.

XAVIER: Pronto. A partir de agora esse é o seu quarto. Os empregados já arrumaram o cômodo e ali – apontando para um grande guarda-roupas de madeira – você pode por as suas roupas. Aliás, vamos acertar mais tarde os detalhes sobre a tua vida aqui dentro. Agora eu preciso de um bom banho e dormir. Preciso me livrar de quaisquer vestígios daquela cadeia imunda.

Assim como o Patrão, Virgílio também precisava de um banho e uma noite bem dormida. A partir do dia seguinte, Xavílio teria suas próprias missões para cumprir. O que Xavier mais quer é vingança. Seu principal alvo é Brandão, por ser o responsável pela sua prisão e por muita dor de cabeça. Já para o seu capanga, sua vida pós cadeia seria para servir ao seu chefe mas também ele buscava redenção.

Lutávio & Xavílio: dois lados da mesma moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora