Fetish

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Eu acordei e minha cabeça latejava, meus olhos doíam com a luz do dia entrando pela janela. Me sentei na cama devagar e peguei o celular. Meu twitter ia à loucura, mal abri a timeline e aquilo era o fim de uma era: vídeos meus na boate.

- ARGHHHH! - esbravejei enquanto me deitava novamente e clicava naqueles vídeos.

Tinha eu dançando, eu beijando, eu agarrado.

- Que se foda essa gente chata - falei sozinho ainda rolando pela timeline.

Por mais que eu sentisse uma pontada de culpa e arrependimento, nada apagava da minha mente a cena do beijo daqueles dois e eu ainda podia sentir meu estômago embrulhar de nervosismo, tão contrastante com a felicidade e animação que eu estava em chegar lá e cantar pra Helena.

*Helena narrando*

Tateei a escrivaninha do lado da minha cama em busca do meu celular que tremia freneticamente. Eu tinha acabado de ligar a internet, impossível.

Desbloqueei o celular e no meio de tantas menções em tantas redes sociais não ficou muito difícil de descobrir o motivo daquele fuzuê todo.

Eu cliquei no play e no mesmo momento senti meu corpo inteiro formigar. Meu sangue gelou, como se minha pressão tivesse caído.

Eu levei minha mão até a boca e sentei devagar na cama.

- Filho da puta... - eu disse baixo e devagar.

Eu tinha meus olhos arregalados fixados na tela do celular e meu coração batia muito forte no meu peito.

- Desgraçado, mentiroso - eu, que repetia baixo e freneticamente, senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Foi ali que eu percebi que tinha perdido Joel Pimentel, definitivamente.

E isso me doía profundamente.

Eu que acreditei em cada palavra que ele disse, em cada desculpa que ele deu, que acreditei que ele realmente queria me reconquistar. Acreditei que talvez ele realmente me amasse e tivesse arrependido do erro que cometeu.

- Mas que porra? - eu larguei o celular bloqueado na cama e levantei.

Eu não deveria estar assim, eu não deveria estar mal, porra! Ele beija na boca de outra enquanto eu tô desaparecida, ele promete que me ama e que vai me reconquistar, eu dou a chance dele fazer isso, e novamente ele sai pra balada e pega todo mundo. E eu que tô aqui triste? Talvez ele não me mereça mesmo.

Mas se ele não quer, tem quem queira.

"Tá em casa?"
"Tô, por quê?
"Sozinho?"
"Hm..... HAHAHAHA tô brincando! Sim, tô sozinho, por quê?"

Eu soltei meus cabelos, arrumei, passei uma maquiagem no rosto e usei meu melhor perfume.

Chegando no meu destino, toquei a campainha.

Antes que Yashua pudesse falar algum coisa, eu o empurrei pra dentro e o beijei. Automaticamente ele segurou minha cintura com uma mão e correspondeu ao meu beijo enquanto me guiava de volta pra trás pra poder fechar a porta com a mão livre.

Yashua me encostou na parede e segurou minhas mãos.

- O que você tá fazendo? - ele perguntava com os lábios muito próximos dos meus.

- Não me pergunta - eu disse insistindo para que ele não continuasse as questões.

- Foi... o... Joel, né? - ele continuava me questionando divertido.

- Como você é esperto! - eu disse e o Camacho olhou pra mim dando um sorriso de canto.

Yashua voltou a me beijar e assim que se afastou, me puxou pela mão me fazendo o seguir pelas escadas da casa.

Chegando no segundo andar, ele segurou meu quadril me dando impulso para entrelaçar minhas pernas em volta da sua cintura e após isso senti o impacto do meu corpo batendo contra o colchão macio.

*Fim de Helena narrando - Início de Richard narrando*

Cheguei em casa com a notícia de que cada um de nós tínhamos direito à um acompanhante para a after party da premiação de mais tarde.

Subi as escadas procurando por Yashua, bati de leve na porta de seu quarto (que estava entreaberta) e fui entrando.

Quase infartei quando vi HELENA deitada na cama ao lado do meu irmão. O que eu fiz pra merecer isso, Deus?

- Yashua, Yashua CARALHO - eu sussurrei balançando meu irmão que dormia.

Ele abriu os olhos devagar e quando se deu conta do que estava acontecendo arregalou os olhos e levantou correndo me empurrando pra fora junto com ele.

- QUE PORRA É ESSA, MULEQUE? - eu continuei sussurrando com ele e dei um soco de leve no seu ombro - VOCÊ TÁ MALUCO?

- É o que? Você é o Joel agora, porra? - ele respondeu irritado.

- Exatamente! Você também não é! - eu exclamei.

- Ah Richard, ele pode fazer a merda que quiser e ela não pode? Vai tomar conta dos seus relacionamentos - ele bufou e jogou a cabeça pro lado.

- Beleza, beleza. Só não me arranja problema, tô avisando - eu disse.

- Tá, agora mete o pé - ele respondeu e eu ri antes de dar o recado que eu precisava.

*Fim de Richard narrando*

Eu me arrumava pra after party da premiação, ou melhor, me desarrumava (tirei aquele terno todo e coloquei uma blusa melhor) quando resolvi pegar meu celular e dar uma checada no instagram enquanto esperava Zabdiel e Lali voltarem pra me encontrar e irmos. Eles tinham ido buscar Lia, a menina da noite na boate, na porta do hotel para ir com a gente na festa.

Eu passava despretensiosamente pelos stories quando algo me chamou atenção e me fez voltar. Eu tinha certeza que tinha visto algo familiar.

Voltei pro storie anterior e prestei muita atenção a fim de saber o que tinha me causado essa sensação de estranheza, e foi quando percebi que o que eu achei que tivesse visto era na verdade um pedaço do vestido de Helena. Nos stories do Yashua. E eu só lembrava disso porque era o vestido que ela usou no dia do meu pedido de namoro no parque.

Tudo naquele vídeo começou a me irritar, apesar de só aparecer o Yashua, era o quarto dele, ele estava sem blusa... tudo me incomodava.

Tudo o que eu planejava era chegar nessa festa e fingir que nada tinha acontecido. N a d a.

Mas no momento em que eu pisei naquele salão, o plano foi por água abaixo.

Entre as luzes coloridas e com a música alta de fundo, estava Yashua e - não sei como ainda me surpreendo - sua acompanhante Helena sentados no grande sofá vermelho.

Andei junto com Lia na direção dos dois e eles se levantaram, sorrindo, prontos pra nos cumprimentar.

- Lia, Helena. Helena, Lia. Lia, Yashua. Yashua, Lia - eu disse enquanto os 3 se cumprimentavam.

Cheguei perto de Helena e dei um beijo na sua bochecha.

- Tá bem acompanhado essa noite? - ela sussurrou no meu ouvido - Não melhor que o Yashua.

Senti uma descarga elétrica passar pelo corpo e estiquei a mão para cumprimentar o garoto. Assim que ele retribuiu o aperto de mão, eu me aproximei.

- Você é um fudido mesmo - eu falei alto o suficiente para que ele pudesse me ouvir mesmo no meio da música alta.

Pelo Som de Sua VozOnde histórias criam vida. Descubra agora