Espelho!
Lá no alto tem um arranha-céu
que
fascina
Mas também me deixa triste
Ele também é um
Espelho
Que reflete a minha
Vida
Os
barracos
As
ruelas
O
lixo
A
poeira
Eu
Pequenininho
Contemplando o majestoso espelho da
Vida
Existe apenas um pequeno muro
Mas parece um campo de força
Separa
Distância
Rouba o nosso
sol
Mas há uma
janela
E lá há um pequeno ser de cabelos dourados
Que me olha a alma
Ela me enxerga?_
Enxergo!
O menino pequeno
fascinado
Que olha encantado um mundo inalcançável
Que me olha!
Ele me enxerga?
Vê a riqueza que me cerca
É culpa minha
Quando na mesa do café tenho mil
possibilidades
Enquanto ele não tem
nada
Toco o vidro
Frio
E
Indestrutível
Lá embaixo há
vidas
Pessoas que merecem mais do que
eu
Ele me encara enquanto estou me
Culpando
Existe culpados?
Quero que
exista
E se for pode ser eu mesma
Quando é que vamos nos
fundir?
Todos os dias quando desço
Até o carro
Vou para o outro lado
da cidade
Todos os dias
Tudo o que faço é só me distanciar
Daquilo que não é a
Minha vida
Fico só...
No
Meu
mundo
Onde
Nunca cruzamos a
linha
Essa é a
fronteira
Quando o meu mundo
começa
e o dele
Termina
A linha é invisível mas nunca é
Cruzada
Hoje
Não entro no carro
Hoje
não faço o mesmo caminho
Hoje
Eu corro
Pro outro
lado
Enquanto acho uma brecha diante daquele
paredão
Uma mão é me estendida
Sou puxada para
O chão de
terra
E olhos tão
opacos
Ele me
olha
Eu o
olho
Nós
Encarando um mundo
Diferente
Bem diante dos nossos
Olhos
E questionamos
•••
- Como é lá em cima?
- Como é aqui embaixo?
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A Cidade Tem Poesia
PoetryCada pontinho de luz ou de escuridão nas ruas, tem uma história, e elas estão aqui em forma de verso. Ah! A cidade da garoa.