Memorial

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Mike estava sentado em sua cama.. Já havia chegado em casa à algum tempo. Ele e Ruby já haviam concordado sobre o que fazer, a questão era, quem ia levar o corpo para cremar? Os dois tinham sentimentos muito fortes por dentro e muita coisa ia-se embora.
Por ser o mais velho, Mike devia assumir essa responsabilidade mas ainda assim... Pensava em sua mãe, nos momentos que tanto passaram juntos e sentia ódio de si mesmo quando lembrava da tristeza que causou em nela quando cometeu seu suicídio; de todo pior ele estava vivo, além de levar a maldição não sabia o que fazer depois que contou e mostrou a verdade à ela.
Em primeiro ela se sentia perdida, não era algo que fosse possível acreditar, não fazia parte da sua realidade e eram informações demais; e quando tudo fez sentido, a tristeza era um sentimento que reinava pois se um filho é levado ao suicídio, os pais sentem o erro por nunca terem percebido e que agora estaria tudo acabado, não o veriam mais sorrir, ou brincar ou mesmo escutar sua voz. Ainda assim, no meio daquele turbilhão de tristeza, havia felicidade para Margareth, pois ela ainda tinham seu filho ali e tinha uma nova chance de fazer o certo... A grande questão é o ponto, pra só se perceber um erro após algo tão grave.
A vida seguiu por um tempo até o surgimento da doença da mãe de Mike, novamente se  notava tristeza e mesmo assim agora a alma da mulher permanecia de pé, forte como uma muralha.. Agora podia descansar seja lá para onde ela for.
Ouviram se passos, alguém havia entrado, rapidamente Mike se transformou e ficou com sua adaga em mãos enquanto um sombra se aproximava até que...
A sombra abriu a porta e em menos de segundos Mike já alcançava o pescoço do ser, que segurou a adaga o girou batendo em sua perna fazendo com que o fantasma caísse no chão..
- Você está péssimo.
- Relaxa, estou b...
- Eu soube de sua mãe....
Mike voltou a sua forma normal, se levantou e novamente se sentou na cama..
- Nunca achei que os ventos carregassem vozes...
- Carregam mais do que imagina- o indivíduo puxou uma cadeira e se sentou frente a Mike- Depois que soube que a tia morte te amaldiçoou, pensei que havia se tornado forte... ainda assim, lhe resta humanidade suficiente para chorar.
- Sabe San Diego, talvez eu ainda seja uma criança, somente brincando com esses poderes.. Ao mesmo tempo me sinto velho e culpado, por minha mãe, por minha irmã..
San Diego se levantou e foi até a janela, abriu ela e inspirou o ar que vinha- Acredite, talvez a culpa não seja sua só que se continuar remoendo isso não vai chegar a lugar nenhum, a vida não é sobre ganhar, é sobre ver o quanto você apanha e ainda consegue ficar de pé...
- Eu sei, eu sei já ouvi isso mil vezes naquele filme..- Mike expirou fundo e caiu para trás na cama fechando os olhos. Nesse meio tempo a imagem de Ruby estava em sua mente até novamente ouvir a voz do Vento.
- Você precisa de um banho..
- Preciso é de Vodka..
- Você não está pensando direito..
- Mas essa é a ...
- Não minta pra si mesmo, sabe que agora não é hora de fugir de novo.
Ele tinha razão, quantas vezes Mike havia fugido de problemas e se refugiado na casa de San, até mesmo quando ganhou sua maldição foi ele quem o acolheu antes que voltasse à Margareth.
- Já decidiram o que fazer com o corpo dela?
- Vamos crema-lo...
- Então é melhor você se levantar, ainda há uma pessoa  a quem deve a sua atenção.
- E você? Vai pra onde agora?
- você me conhece, sempre estou com a Brisa..
Um curto sorriso surgiu no rosto de Mike..- fala sério, não se cansa de seguir aquela mulher?
- Não se preocupe fantasma, você ainda irá se apaixonar-   San Diego se levantou e se despediu, saiu do mesmo modo que entrou na casa..
Mike se levantou, precisava mesmo de um banho.. O dia já amanhecia e a viagem seria longa.
Ficou um longo tempo embaixo do chuveiro, sentindo a água fria sobre seu corpo.. Parecia limpar tudo, lavar seu corpo e alma levando junto suas lágrimas. Ao sair do banheiro se trocou e saiu de casa..

O corpo de sua mãe, estava na casa de Hukia,a melhor amiga de Margareth e a pessoa que permaneceu com Ruby no último suspiro dela..

(Batidas na porta)
- Mike..- a mais velha o abraçou forte- está quase tudo pronto, poderemos levar o corpo daqui a pouco.. Sente-se, aceita um café?
- Aceito sim...- ele observava a casa, era nostálgico, nada mudou.. Lembrava-se da época que sua mãe levava ele e sua irmã ali, tudo estava do mesmo jeito- Obrigado por sempre estar com minha mãe..
- Ela sempre foi especial pra mim,  nunca conseguiria sair do lado dela mesmo que quisesse..- fez uma pausa, como se tivesse visto algo atrás do rapaz- só não entendo porque você sumiu por tanto tempo..
As únicas que conheciam seus poderes, dos humanos, era sua mãe e irmã então era natural que ela não soubesse o que estava acontecendo.. Ela continuou a falar:
- Sua mãe era como uma irmã pra mim.. A gente sempre aprontou muito na infância.
- Minha mãe?
- A própria, quantas e quantas vezes saímos às escondidas..
Um sorriso se abriu no rosto de
Mike, gostava de ouvir sobre a infância de sua mãe, porém ainda havia algo a fazer...
Conversaram um tempo, e Hukia ia contando várias e várias historias de sua infância e da amiga.. Apesar de tudo não eram tão velhas, nem Margareth e muito menos Hukia, não passavam da casa dos 60.

O fantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora