Moral und gute Manieren - a moral e os bons costumes.

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P.O.V Hans

O tempo aqui dentro é tão engraçado. Não sabemos se passa rápido ou se parece uma eternidade. Achamos que já é de noite, hora de dormir. As luzes foram apagadas e a única iluminação que entra é por debaixo de uma fresta da porta. Hell está dormindo, conversamos tanto hoje, afinal, não tínhamos mais nada para fazer. Ele me disse muitas coisas. Contou que tem quinze anos, como eu. Está internado de forma ilegal, ele realmente tem um transtorno mental, porém não poderia estar aqui (aliás, quem poderia estar num lugar tão horrível?), mas nem sempre a lei segue a moral e os bons costumes.
Hell vem de uma parte nobre da cidade, um lugar que eu sequer já vi.
Tenho tantas coisas para dizer sobre ele, mas são desconexas, não consigo achar uma forma de organizar isso, mas posso listar.

Certo.

• 15 anos
• Classe média
• Possui vampirismo, um transtorno psíquico que faz ele achar, certas vezes, que é um vampiro, então durante os surtos ele age como um (mas particularmente, não acredito nisso, acho que ele quer me amedrontar)
• Seu nome é Joseph Müller. Foi apelidado de Hellwitz pelos internos. O motivo? bem... não arrisquei nem perguntar.
• O sonho dele é ser poeta. Poeta e pianista.
• O nome da primeira professora dele foi Marilyn Monroe. Dá pra acreditar? E o interessante é que ele me disse que ela era bem bonita também, não como a Hollywoodiana famosa, mas era.

Pensando bem, eu não sei quase nada sobre o Hell. Enfim, ele também não sabe muito sobre mim. Vou dormir.

P.O.V Hellwitz

Acordei com uma mão na minha cintura, estava de costas para o Hans, me virei pra ele, falei:

- Tire suas patas de cima do meu corpo.

1 minuto de silêncio. Vi que fui tonto em falar com o invasor, ele estava dormindo, um sono tão pesado quanto pedra. Mas, eu precisava tirar aquele braço de perto de mim.

Peguei com cuidado a mão de Hans e fui fazendo um movimento quase cirúrgico para afastá-lo e ao mesmo tempo não o acordar. Levantei seu braço e fui me afastando, quando eu soltasse o braço de Krauss, ele cairia suavemente em nossa "cama".

Pra minha decepção, não foi tão suave assim. Quando soltei o braço de Hans, ele acordou assustado.

- MÃE! BELLA!

- Quem é Bella? - questionei.

Ele olhou perplexo para mim, como se não me reconhecesse mais. Mas isso só durou alguns segundos.

- Minha irmã. O que você estava fazendo com meu braço?

- A princesa me abraçou de noite.

- Oh, desculpe. Eu tenho hábito de dormir assim, mas com meu travesseiro. Não sei como pude te confundir com um, tendo em vista que você é magrelo e todo duro. - sussurrou Hans.

- Você também é.

- Hellwitz, está ouvindo?

- O quê?

- Alguém chorando.

- É Edward. Ele sente medo com as luzes apagadas.

- Por que não acendem, então?

- É um castigo. Eu daria tudo pra acender as luzes dele.

- Que bondoso.

- Não. Mas ouvir lamentações me irrita. Você conseguiria se acostumar com alguém chorando na sua orelha todas as noites?

- Não. Nem com alguém jogando meu braço no chão todas as noites.

- Hum.

- Quer dormir?

- Não. Tá querendo falar alguma coisa?

- Perguntar. Você conhece individualmente todos daqui?

- Não. Mas todos me conhecem. Eu sou mais saudável e jovem que todos, então ajudo em algumas tarefas que os empregados temem fazer.

- E você ganha algo com isso?

- Petisco de liberdade. Posso sair do meu quarto algumas vezes. Por isso que quando você entrou aqui eu me escondi, é muito raro subirem nesse andar em horário de almoço, eu sou o responsável pelo corredor. E sua corrida faz barulho.

- Vamos fugir amanhã de manhã?

- Sim. Se não ficarmos trancados por mais um dia.

- Depois vou voltar pra minha casa, tá?

- Tá. E eu?

- Conversarei com Annelise, Peter e Kaiser sobre você.

- Quem?

- Meus amigos.

- Quem te deu drogas?

- Que?

Olhei para Hans, segurei seus braços e disse lenta e pausadamente:

- Pelo amor de Deus, não conte sobre mim para ninguém. Eu vou ser um fugitivo.

- Mas... mas eles são meus amigos.

- Eu te falei, amigos não se amam, se não amam não confiam. Por favor, Hans.

- Daremos um jeito.

Senti um alívio, soltei os braços de Hans.

P.O.V Krauss

Tivemos uma discussão um pouco grave. Mas tudo se acalmou. Depois que terminamos de brigar, me virei para o lado, já tinha se tornado quase um hábito. Senti a mão de Hellwitz passando pela minha cintura. Eu fiquei extremamente assustado, paralisado. Eu sentia algo e não sabia oque era.

- Tá sentindo? Foi isso que senti quando você me abraçou. Você também tiraria minha mão.

Hellwitz deu uma risada um pouco alta, maldosa. Logo tirou seu braço do meu corpo. Virou-se. E então só conseguia ouvir sua respiração meio ofegante, ele parecia ter algum problema respiratório, mas não chegava a roncar.

Tudo ficou misturado na minha mente. O choro de Edward, a fuga no dia seguinte, a saudade de Bella e minha mãe, o abraço de Hellwitz...

Pode parecer meio cruel pensar assim, mas mesmo com tanta coisa na minha cabeça, eu só conseguia focar em Hellwitz. Ele é menino e eu também, isso é nojento. Eu tô confuso. Será que ele é bicha?

Sabe, já me chamaram muito de bicha na escola, os meninos diziam que eu tinha jeito de ser. Eu nunca entendi. Se o Hellwitz for um desses, eu não tenho o jeito dele. Fora que, a Annelise gosta de mim e um dia eu vou namorar ela.

Que droga, Hans Krauss, até quando você vai mentir para si mesmo?

Acho que no fundo todo mundo sabe. Sim. Todo mundo sabe.

Talvez o Hellwitz nem seja gay, e minha mente está criando isso, uma forma de descontar as frustrações. Ou também, posso estar DESEJANDO que ele seja. Que droga. Pensando bem, não deve ser tão ruim viver num lugar como esse, o mundo lá fora é cruel demais para pessoas frágeis.

Eu estou chorando. Muito. Chorando por tudo que eu não chorei até agora. Eu ainda sou uma criança que precisa de consolo, suportei muitas coisas até aqui, as pessoas acham que eu sou racional e indestrutível, mas isso é só uma barreira que nasceu em mim de modo forçado. Estar aqui quebrou isso. Que merda ele fez comigo?

Er Möchte Mich Doch Hier Erlösen - ele gostaria de me redimirOnde histórias criam vida. Descubra agora