Zweites Kapitel - segundo capítulo.

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P.O.V Hellwitz

Vi um moleque magrelo entrando em minha sala. Esquisito. Parecia ser um novato, não estava nem com roupas brancas. Fiscal ou enfermeiro não era, novo demais pra isso... Eu o deixaria sair, mas ele caiu. Desastrado. Tudo que eu preciso. Uma pessoa desastrada geralmente é aquela que não vive muito na realidade, perfeito.

Saí de trás da minha maca, onde eu tinha me escondido quando ouvi passos suspeitos no corredor, ajudei-o a levantar e cumprimentei o feioso, do meu jeito, claro. Ele me disse que seu nome é Krauss. Ele era um pirralho invasor.

O panaca não tinha percebido que estava na hora do almoço. Eu precisava sair do meu quarto para ajudar as cozinheiras a servirem a comida. Por isso minha porta estava aberta. Esse menino é meio burro de não ter pensado em algo assim... Então eu lhe disse:

- Eindringling, como sua capacidade mental limitada não te permitiu perceber, te explico que agora é hora do almoço e eu preciso sair. Se esconda abaixo da maca, invasor. Tire suas roupas e coloque alguma minha, se alguém te encontrar, você facilmente consegue se passar por um maníaco. Ainda mais com essa sua cara.

O invasor me olhava com uma cara de quem estava perplexo, eu me divertia com isso mas não poderia deixar transparecer.

P.O.V Krauss

O cara mandou eu ficar pelado... Eu não vou ficar pelado na frente dele.

- Não vou trocar de roupa, mas vou me esconder. - disse enquanto passava por ele e me preparava para me ajeitar no chão abaixo da maca.

- Eu fico de costas pra você.

- Não é por isso.

- Claro que é, Hans Krauss, consigo ver isso estampado na sua cara.

- Achei que você fosse meio cego com esses olhos...

Hellwitz bravo pegou uma calça e jogou para mim, eu ainda estava com a camiseta suja de sangue em mãos. Eu cedi. Troquei de roupa, com ele virado de costas, depois já sentei no chão e me ajeitei no novo esconderijo...

- Bom menino! Não sai daqui! Eu já volto. Trago alguma coisa pra você comer também. - Infernowitz me disse isso e saiu da sala.

Nunca pensei que fosse ficar preocupado por um louco me abandonar... que situação.

P.O.V Hellwitz

Krauss ficará bem. Desci até o primeiro andar, fui até a cozinha e conversei com as senhoras responsáveis pela gororoba.

- Madame Van Finkler, tudo pronto?- perguntei fingindo naturalidade, pra que talvez ela não perceba que eu me atrasei.

- Não percebeu que atrasou meu trabalho, raquítico? - disse ela com alguma expressão forte.

Talvez o único jeito de identificar seja a voz grossa, sua cara era enrugada demais pra que eu pudesse ver seus sentimentos através dela. Chegava a ser engraçado. Madame Finkler era tão velha que talvez até tenha matado alguns soldados alemães intoxicados com sua comida na Segunda Guerra Mundial.

De qualquer modo, peguei as bandejas com os pratos de cima da mesa e fui servir aos internos. Saí da cozinha correndo rápido, assim poderia voltar logo ao meu quarto e ver se der eindringling estava bem...

Servi os internos, sempre com os pratos de plástico, claro. O cardápio de hoje foi uma sopa de vegetais. O de ontem também. O do mês todo também.

O que sobrava eu distribuía em vários pratos e deixava no meu quarto, afinal, mereço isso pelo meu esforço, não? Mas eu não entrei no meu quarto para servir, deixei tudo na porta, se não, Krauss iria ficar agitado.

Desci, devolvi a bandeja para as cozinheiras e me retirei da cozinha, subi a escadaria e fui direto ao meu quarto, peguei os pratos da porta e entrei.

- Um invasor precisa se alimentar bem. Mas não tanto. Seria ruim ter uma dor de barriga no meio de uma aventura. - disse em tom de brincadeira para que Krauss não me odiasse tanto...

Krauss, apreensivo, ignorando minha brincadeira, me disse:

- Que tipo de ajuda você quer?

- Quero sair daqui.

- Você não viu que no banheiro tem uma passagem para a parte externa? Depois é só pular o muro.

- Claro que eu vi. Mas eu e os outros não saímos por lá pois não temos para onde ir. Seríamos dados como fugitivos e assim que nos encontrassem seríamos mortos ou trazidos de volta para cá. Meu Deus, como pode ter uma cabeça tão grande e pensar tão pouco?

- Me dá essa comida?

- Uhum. - disse e sorri para o invasor.

Sentei em frente à Krauss, depois de encostar a porta. Peguei um dos 4 pratos que tinha e dei à ele. Hans me agradeceu e começou à comer aquela coisa tóxica com gosto. Isso fez meu coração derreter um pouquinho, ele até que não era tão horrível assim. Parecia ter uma vida difícil.

- Hmmmm... eu acho que posso te ajudar. - disse Krauss no intervalo entre uma colherada e outra.

- Amanhã você me fala sobre isso. Precisa voltar pra sua casa, se não, você vai estar desaparecido antes mesmo da minha fuga. Confuso.

- Tá.

Krauss terminou de comer e se levantou, bateu a cabeça na maca, nada surpreendente vindo dele. O barulho da pancada foi alto. Até que, uma coisa nos surpreendeu, ouvimos uma voz de velha dizendo:

- HELLWITZ! Pare de ser tão levado! Vou falar hoje mesmo com o psiquiatra sobre esse seu direito de ter a porta aberta por alguns minutos a mais! Hoje você fica trancado. Hoje, amanhã e talvez mais alguns dias também. Não me tire do sério, sua peste.

Droga. Droga. Droga. Era Madame V. Finkler, provavelmente foi me questionar sobre o atraso e ouviu a merda do barulho. Krauss tentou correr e abrir a porta, mas foi inútil.

Er Möchte Mich Doch Hier Erlösen - ele gostaria de me redimirOnde histórias criam vida. Descubra agora