Não há como começar a história de Ana Bragança Souza senão pelo fato de que ela é absoluta e indiscutivelmente comum.
Talvez a única coisa que a garota tenha de diferente é ser apenas Ana, sem nenhum segundo nome pra tentar dar alguma identidade ao primeiro - que é tão sem graça como tudo nela.
Quero dizer, já pensou em quantas milhões de Anas existem? E por que os pais fazem isso se vão lhes dar um segundo nome? Não seria mais fácil só colocar um maldito nome e pronto?! Mas o pior é que se pode colocar qualquer outro nome depois dele, qualquer um mesmo. Clotilde, Magnólia, Rúbia... Qualquer nome se encaixa, porque é como se o "Ana" não existisse.
O nome dela não é sequer um dos clichês das histórias como Sofie, Crystal ou Reather, ou ainda um daqueles que servem para ambos os gêneros como Alex ou Ash. Pensando bem eu não sou nenhum Jack, Josh ou Greg, mas o problema aqui não sou eu e sim ela.
De qualquer forma, talvez o mais correto seja explicar como cheguei a essa conclusão de que ela seja tão sem graça assim. Que se dá pelo simples fato de Ana ser quem ela é desde que a conheci no ensino infantil. Bom, eu não a conheci no sentido total da palavra, já que nunca tivemos uma conversa propriamente dita. Mas eu a observo há tanto tempo que julgo poder dizer que a conheço.
Antes que você tire suas conclusões precipitadas, já deixo claro que não sou nenhum tipo de stalker ou coisa parecida, ok?! E se fosse não seria Ana Bragança meu alvo. Penso que escolheria alguém mais... Interessante. O que é contrário a tudo nela. Já que sua vida é tão monótona que é fácil saber que depois da aula ela gosta de almoçar na hamburgueria do Seu Antônio, que fica ao lado do colégio. E que ela e as amigas, Beatriz e Laura, fazem isso todas as quartas e sextas. E também que sua escolha está sempre entre o hambúrguer de costela bovina e o de porco num cardápio com 9 tipos diferentes.
É mais simples ainda perceber que ela gosta de música, pois sempre está com os fones de ouvido ao alcance. Mas não toca nenhum instrumento porque quando se distrai e começa a tentar acompanhar o ritmo, acaba ficando só na tentativa.
Sabe, eu não sou um maluco perseguidor e, sim, estou enfatizando isso duas vezes no mesmo capítulo para que fique claro. Eu disse que sempre a observei, mas acredito que na maior parte tenha sido de maneira inconsciente ou coisa do tipo. Porque foi simples me acostumar com a presença de alguém que sempre esteve em lugares que eu também frequentava, estudou nas mesmas escolas e até na mesma classe. Ela meio que sempre esteve ali, mas não como alguém digno de atenção. Era mais como parte do ambiente, talvez até do mobiliário.
O problema é que Ana é um padrão absolutamente imutável. Ou ao menos era, até ela quebrar esse nosso lance onde ela faz tudo igual e eu vejo o quão entediante deve ser a vida dela e me sinto melhor por pensar que a minha não deve ser tão ruim assim. E nem pense em me julgar por isso, tudo mundo já fez algo assim.
O grande ponto da questão aqui discutida é que Ana é, provavelmente, a pessoa mais sem sal que alguém pode ter o desprazer de conhecer. Se bem que é mais provável ela não gerar emoção alguma em qualquer pessoa além de indiferença. Bem, qualquer um exceto eu. Porque eu, Oliver Mendes, estou completamente apaixonado pela garota mais sem sal do colégio.
Pensando melhor, talvez não esteja.
Ainda não sei. Tudo o que posso pensar agora é que ela está me tirando o sono, e não de uma forma fofa ou qualquer merda do tipo. E sim que não tenho conseguido dormir desde que, há dois dias, Ana Bragança ferrou com a minha vida perfeitamente em ordem. E, bem, aqui estou escrevendo para ninguém em específico e agindo como se isso fosse algum tipo de conversa, tudo na tentativa de não soar tão idiota. Na verdade, isso é minha última tentativa de encontrar qualquer coisa que possa explicar o que está acontecendo comigo.
Até agora, nada.
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Comumente Comum
Novela JuvenilAna Bragança é tão sem graça que eu só poderia imaginar o nome dela sendo publicado em um jornal se fosse nos obituários. E é uma merda estar apaixonado por alguém assim. ~~~ Plágio é crime, amiguinhos, não façam isso!