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O primeiro dia de aula

Os dois continuaram sua caminhada até alcançarem as rua do comércio, por ali, várias barracas coloridas se espalhavam a perder de vista oferecendo os mais variados tipos de produtos. A variedade era tanta que, desde sua chegada, Iani não teve tempo para conhecer tudo.

—Ah! Olha Iani! Olha!

Aiko ia na frente guiando o caminho, no entanto, seus olhos foram em direção a uma barraca onde vários brinquedos de madeira estavam expostos. Piões, cavalinhos, ioiôs, bloquinhos de construção e até mesmo pequenos lobos estavam perfeitamente enfileirados com cores vibrantes que enchiam os olhos.

—Que incrível! Tem até rodinhas!

De trás da banca um homem de bigode grisalho apareceu esfregando as mãos.

—O que achou meu rapaz? 

—São muito legais!

—Mesmo pequeno se vê que tem bom gosto — o comerciante riu — Cada um custa a bagatela de dez moedas de bronze.

—Dez?

A voz de Iani o pegou desprevenido.

—Sim madame, dez.

—Um pouco acima da média, não acha?

—Se não tem condições, apenas não compre.

A voz de uma criança chegou até os ouvidos de Aiko e Iani. No mesmo instante o garoto entregou as 10 moedas ao vendedor lançando um risinho para Aiko que ficou com as bochechas vermelhas. Por impulso Iani enfio as mãos no bolso da capa mas lembrou que não tinha uma única moeda consigo. Aaron sempre lhe dava tudo o que precisava e ter dinheiro não parecia mais um requisito importante depois que saiu do seu vilarejo.

—Tudo bem Iani.

Aiko pareceu entender o que se passava na cabeça da jovem e para acalma-la deixou um largo sorriso moldar seus lábios, mesmo que, por dentro, ainda estivesse irritado com o menino.

—Já tenho muitos brinquedos, não preciso de mais nenhum!

Com o coração apertado, mas alegre, Iani afagou os fios castanhos do garotinho.

—Você é um bom menino Aiko.

—Obrigado Iani!

—Agora é melhor irmos ou você vai chegar atrasado no seu primeiro dia.

Concordando com um breve aceno, Aiko voltar a guiar Iani pelas ruas movimentadas até se afastarem do comércio chegando na parte residencial. Por ali as casas eram maiores cheias de ornamentos pomposos. Para Iani, a sensação que tinha era de estar andando pela parte nobre de sua antiga vila.

—Chegamos...

Distraída, a jovem demorou um pouco para perceber Aiko sussurrando atrás de si. Ao olhar para frente uma grande construção tomou forma. Os portões de ferro davam as boas vindas junto das inúmeras fitas de cetim vibrantes amarradas nas grades, do lado de dentro uma fonte jorrava águas cristalinas em meio a um jardim bem cuidado onde, pouco depois, se encontrava a escola.

—Não tem ninguém — Iani procurou nos arredores — Vamos Aiko, a aula já deve ter começado.

Ela deu alguns passos, mas logo parou. Ao olhar para trás Aiko estava parado como a estatua do jardim. As mãos segurando tão firme as alças da bolsa ao ponto dos dedos ficarem brancos. 

—Aiko? — Iani voltou a se aproximar dele — Você tem que entrar.

Mas o garotinho não respondeu, apenas continuou em silêncio e com a cabeça baixa.

Lobos na montanha | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora