Estou acostumada com os olhares que Normani e eu recebemos. Pessoas cochichando sobre nossas aparências quando aparecemos em local público. Particularmente, é muito irritante. Eles simplesmente olham pra nós e começam a falar como se fossemos algum tipo de espécie rara. Idiotas.
– Mila! Mani! Oi meninas, como vocês estão? – Megan cumprimentou. Ela é filha da Anna. Também é garçonete e uma boa amiga. Nós demos a ela 3 tatuagens. Anna não ficou muito feliz com isso mas aceitou.
– Estamos bem Meg.
– Mesa 7 está livre. – Ela sorriu conduzindo nós até a mesa.
Quando passamos entre alguns clientes eu ouvi uma conversa que não era muito agradável para mim.
– Que nojo. Essas garotas são uns ratos repugnantes. Coitada dessa menina se não parar de andar com elas, vai parar na cadeia. – Um homem murmurou.
– Não consigo escutar, pode falar mais alto senhor? – Eu respondi amargamente.
A expressão do homem mudou drasticamente. Notei que Normani me deu um olhar suplicante pra não começar uma briga aqui.
– Hum não... Desculpe... – Ele engoliu em seco.
Eu apenas balancei a cabeça em confirmação e voltei a olhar para Megan e Normani.
– Não essa noite Mila, por favor? – Megan sussurrou pra mim.
– Desculpe, não vai acontecer novamente.
Sentamos na mesa. Megan deu um pequeno sorriso e voltou para atender outros clientes. Normani olhou pra mim enquanto eu passava o dedo pela minha tatuagem na mão.
– O quê? – Eu sorri.
– Você gosta de uma briga. – Ela ria enquanto olhava pro cardápio do café.
– Não. Esse cara estava falando merda sobre nós. – Eu me defendi.
Normani negou com a cabeça.
– Se você diz Camila.
Lauren POV;
– Obrigada Dinah. – Eu agradeci sorrindo e ela apenas retribuiu o gesto.
– Ei aquela é a Normani! – Olhei para ela confusa. – Normani. Ela fez minhas tatuagens. Espera ai.
Ela levantou e caminhou até uma menina morena com mexas roxas em seu cabelo, piercings e alargadores. Ela tinha o olhar intimidador. Dinah a puxou pra perto de mim.
– Normani, essa aqui é a Lauren. Ela está querendo fazer uma tatuagem.
– Legal. Está pensando no quê? – Perguntou.
Abri a boca pra responder mas não saiu nenhum som. Normani sorriu.
– Indecisa. Qual sua música preferida?
– Todas do The 1975. – Respondi calmamente.
A morena sorriu para Dinah e então passou a mão no pelo cabelo.
– O que você acha de '1975' no pulso ou no antebraço? – Perguntou ela.
Eu passei a mão pelo meu pulso, pensando.
– Podemos apenas colar o molde enquanto você ainda não tem certeza.
– Ah, eu gostei. – Dinah assentiu.
– Ficaria legal. – Dinah acrescentou e Normani sorriu.
– Tudo bem, até amanhã. Eu arrumo um molde com letras legais pra você. Mais tarde eu pego vocês ok? – Normani se despediu e saiu correndo pra fora da lanchonete encontrando uma garota.
Seu cabelo era muito preto e ela tinha muitas tatuagens. Tinha alargadores pequenos de 8mm talvez?
– Ela parece ser legal. – Eu disse.
Dinah levantou as sobrancelhas enquanto tomava um gole do seu refrigerante.
– Não julgue Lauren. Ela é muito legal e fofa.
– O quê? Não me diga que você está afim da sua tatuadora. – Dinah sorriu.
– Eu não acho que ela é lésbica. Enfim, esquece.
Pagamos a conta e voltamos pro dormitório. Eu não posso acreditar que vou fazer uma tatuagem amanhã.
-x-– Está nervosa? – Dinah me perguntou quando chegamos próximo ao estúdio de tatuagem.
Eu dei de ombros.
– Dói? – Perguntei.
– Depende do lugar. Se você fizer no antebraço vai doer menos que no pulso.
Um sino tocou assim que abrimos a porta do estúdio. Normani estava tatuando um rapaz.
– Camila! – Ela gritou e uma garota saiu de uma salinha.
Ela era linda? Seus olhos castanhos me lembravam chocolate. Um de seus alargadores era da bandeira de Cuba. Ela usava uma regata e agora todas as tatuagens dos seus braços estavam a mostra. Caveiras, pássaros e fogo. O corpo dela conta uma história. Ela deu um sorriso lindo.
– Hey Dinah, bom te ver. Lauren né? – Perguntou a garota. Eu assenti. – Eu sou Camila mas a Mani me chama de Mila. Ok, me deixa te dar a tatuagem logo.
Segui ela pra dentro da sala e ela apontou com a cabeça pra uma cadeira e eu sentei ali. Ela pegou um bloco e uma caneta e perguntou.
– Ok, o que você vai querer fazer?
– Umm, bem, Normani disse que como minha banda favorita é The 1975...
Ela me olhou como se eu tivesse 10 cabeças.
– Lauren, é o que você quer e não o que a Mani sugeriu ok? O que você acha que quer?
Busquei na minha mente algo que realmente significava pra mim.
– I promise I'm not crazy, just passionate
Ela sorriu.
– Assim é melhor. – Ela escreveu em uma fonte com curvas e eu assenti. – Onde você quer?
– Estou pensando, na minha costela esquerda.
– A blusa.
Tirei a blusa junto com meu gorro. Ela colocou o molde e depois tirou.
– Pronta?
– Sim.
Ela pegou a pistolinha e colocou na tinta. Meus cabelos de todas as partes do corpo levantaram assim que eu ouvi aquele barulho irritante. Apenas levantei meu braço e tentei me desligar daquilo.
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The Tattooist
Teen FictionLauren é apenas uma garota normal da faculdade. Ela está sofrendo pelo fato de ser lésbica, e quando o bullying começa ele consite em lesões graves pelo corpo da garota. Em seguida, ela conhece Camila. A mal interpretada, a rockeira punk e tatuadora...