Agora conheceremos um pouco mais da nossa mocinha, que para mim, é uma verdadeira heroína. Baseada em tantas mães solos que conheci - e até aquelas que não são -, ela mostrará um pouco da sua dura realidade.
Espero que gostem e tentarei não demorar muito até a próxima postagem!
Júlia
Era a quarta vez que Pedrinho acordava durante a noite e eu, como a mãe exemplar e preocupada, levantei da minha cama e fui até o seu quarto para amamentá-lo. Ele tinha dois meses e meio de vida e por incrível que pareça, os quinze dias que faltavam para completar três meses parecia uma eternidade. Não via a hora das cólicas cruéis passarem. Pelo menos rezava e acreditava que seria assim, como a maioria. Precisava que Pedrinho fosse como os outros bebês, porque a falta de sono estava causando transtornos a minha mente e a de seu pai.
Falando no pai do bebê, ele estava na nossa cama dormindo e roncando enquanto Pedrinho reclamava de fome. Se o bebê chorasse além do que deveria, de acordo com Gustavo, eu era uma má mãe e não me preocupava com o bem-estar do meu filho ou dele próprio, que precisava do seu sono intacto para trabalhar.
Peguei um Pedrinho choroso do berço, me acomodei na cadeira de amamentação que havia em seu quarto e observei, como todas as madrugadas, o quanto minha vida mudou no momento em que montei esse quarto.
Apesar da gravidez não planejada, assim que soube fiquei muito feliz. Fui daquelas mães que se apaixonou pelo seu bebê desde a descoberta! Diferente de Gustavo, que apenas mudou de amoroso para distante. Morávamos no mesmo apartamento há um ano e para ele, nunca passou pela cabeça que poderia ser pai. Disse que não queria um filho, que sua carreira profissional como gerente de uma grande concessionária de carros não cabia a família tradicional.
Bem, consegui reverter a situação ao omitir minha gravidez no nosso dia a dia. Sorte que não tive nenhum sintoma e apenas o sono era o vilão do nosso relacionamento. Ele queria que acompanhasse seus programas de televisão até onze horas da noite. Ainda hoje exige isso e mesmo estando completamente cansada, me forçava a estar com ele, comentar e na maioria das vezes, transar. Ele dizia que esse era o único momento que conseguíamos estar juntos, já que trabalhava de segunda a segunda.
Meu companheiro não gostava quando Pedrinho atrapalhava nosso momento e quando eu precisava ficar com ele no meu colo por um longo tempo, Gustavo resmungava o quanto o mimava e ia dormir emburrado.
Assim que Pedrinho parou de mamar e dormiu nos meus braços, delicadamente coloquei-o de pé apoiado no meu ombro e o fiz arrotar rezando para que não acordasse novamente. Olhei para o relógio e vi que já passava das cinco da manhã.
Ainda no quarto do bebê e com uma meia luz iluminando o cômodo, peguei a linha, agulha e continuei a fazer o tapete de crochê que me encomendaram. Essa era a minha vantagem, trabalhava em casa, fazia meus horários, cuidava da casa e do bebê. Claro que Gustavo não valorizava ou achava que fazia mais do que eu. Tudo isso não passava de hobby para ele, mas as compras do supermercado eram feitas com o dinheiro que ganhava das minhas confecções.
Seis e meia, Pedrinho e Gustavo acordaram em sincronia. Abandonei meus afazeres e enquanto o pai do meu bebê colocava a cabeça para dentro do quarto onde estava, me sentava para amamentar.
— Esse menino acordou novamente? — A resposta era óbvia! Ele perguntava a mesma coisa todos os dias e eu respondia da mesma forma:
— Sim, ele está com fome — respirei fundo e respondi com o resto de paciência que pouco a pouco se esvaia.
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