Capítulo 2 - Júlia

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Aquele momento mágico que reli a história e tive um plim! Espero que continue inspirada, essa história mexe comigo que sou mãe e tenho muitas amigas mães que estão ou estiveram em situação parecida como a da Júlia.

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Júlia

Já se passaram seis meses desde que minha vida mudou pela segunda vez. Não queria mais contar quantos dias faziam que não via nem escutava sobre Gustavo, mas contava e endurecia meu coração um pouco mais a cada avanço dessa dolorosa contagem.

Mudei de nosso antigo apartamento para um pequeno canto em um complexo de torres de três andares, sem elevadores e com muito jovens solteiros. Era barulhento, maltratado, mas barato e o único que cabia no meu bolso.

Era um teto e só dependia de mim para bancar.

Michele queria que eu fosse morar com ela, mas em hipótese nenhuma aceitaria ser um estorvo em seu relacionamento. Minha amiga era recém-casada e nenhum dos dois pretendiam ter filhos. Imagine uma amiga recém separada e um filho como agregado? Nem pensar!

Quando descobri a traição de Gustavo, Michele foi a última pessoa que pensei em ligar. Se não fosse por sua amizade e preocupação, com sua ligação semanal para saber de seu afilhado, estaria sucumbindo em piedade e culpa por mais tempo do que gostaria.

Sim, senti culpa, por mais absurdo que isso pudesse ser visto por mim hoje. Gustavo era um asno, nunca me mereceu, mas na fragilidade do momento que é a maternidade, se sustentar e se separar, pensei que tudo foi culpa minha. Não fiz o suficiente, falhei.

Para me ajudar de outra forma, Michele criou uma loja virtual com meus tapetes de crochê e então, minha renda, junto com meu trabalho, aumentou. Continuava como uma mulher zumbi, Pedrinho nunca dormiu mais do que duas horas seguida e assim que fiquei sozinha na cama de casal, coloquei-o para dormir comigo aliviando grande parte do meu desgaste em levantar e voltar. No final das contas, ele era meu acalento para dormir e eu o dele.

Não pude trazer todos os móveis e nem consegui falar com Gustavo sobre a partilha dos nossos bens. Não éramos casados formalmente, mas o mínimo de consideração achei que ele teria. Engano meu. O corretor de imóveis foi a pessoa quem lidou comigo chorando, Pedrinho nervoso e nossa mudança. O que não trouxe para meu apartamento de trinta metros quadrados voltou para seu dono, o homem que doou um esperma para fazer meu filho.

Michele queria processá-lo, pedir pensão e tudo mais. Cheguei de juntar todos os papéis, ir no advogado, mas despois de uma profunda conversa com o operador de direito, descobri que não queria compartilhar a guarda da criança. Nunca gostei dos pais de Gustavo e um lado meu agradeceu que ele sumiu junto com sua família, porque Pedrinho era MEU, apenas meu. Sofreria, mas daria conta de nós dois como sempre foi.

Eu tinha formação técnica de secretariado e almoxarifado. Nunca tive muito dinheiro, sempre sobrevivi, porque meus pais morreram em um acidente de carro quando era adolescente e meus avós me sustentavam em uma pensão com o dinheiro do seguro de vida deles. Ter-me por perto era doloroso para eles, além de serem muito velhos e doentes. Nunca me quiseram e sempre segui minha vida na sombra de Michele, que me acolheu como amiga, praticamente uma irmã, e nunca mais me largou.

Gustavo foi meu primeiro relacionamento sério e quando pediu para que saísse da pensão para morar com ele, na intenção de ter sexo todos os dias, fui sem pensar duas vezes. Meus avós, quando souberam, nunca mais enviaram dinheiro para me ajudar e nunca mais fui atrás deles. Estava livre e com a única pessoa que me amava ao meu lado.

Irmandade Horus - Vicenzo (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora