Prólogo I - Redenção

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- Feyre, eu... Sinto muito. - Tamlin passou a mão pelos longos cabelos loiros, aparentando seu nervosismo - No final, eu fui tão louco quanto Amarantha e... Acho que destruí qualquer boa lembrança que nossa relação poderia ter te deixado.

A mulher arqueou as sobrancelhas, surpresa. Mesmo que o pedido de visita de Tamlin já informasse que ele pretendia se desculpar, ela nunca poderia imaginar que o Grão-Senhor iria se deslocar pra se desculpar pessoalmente com ela.

Depois da guerra, a Corte Noturna tinha trabalhado habilmente em reconstruir danos em Velaris, visitar e ajudar famílias, obter novamente a confiança dos ilyrianos... Foram tempos difíceis e conturbados, não só para eles, mas para todas as Cortes. Dessa forma, ela tinha passado alguns anos (103, para ser mais exata) sem muitos contatos com Tamlin, tirando reuniões com todos os Grão-Senhores.

Até aquele dia.

- E, Rhysand... Eu não sei o que estava pensando. Acho que ambos cometemos erros e... Droga, nós costumávamos ser amigos. - os fios dourados do feérico já estavam em total desordem, de tanto que ele remexia neles - Eu estou cansado de conflitos. Eu tive um bom tempo pra pensar e refletir nas grandes merdas que eu fiz, em relação a vocês principalmente. - ele soltou um suspiro - Vocês dois foram obviamente feitos um pro outro. Como eu pude tentar me meter nisso? Eu... Eu... Me perdoem, por favor. - terminou, abaixando a cabeça.

Rhysand estava evidentemente surpreso, o que não era algo comum. Apoiou suas mãos nos ombros de Feyre, que estava sentada em uma majestosa cadeira de madeira entalhada com os astros.

O que você acha?, inquiriu o feérico, através da ligação.

Ele não tem muito porquê mentir, Rhys. E... Eu nunca vou esquecer que ele me ajudou a lhe salvar. Nunca, Rhys.

- Bem, Tamlin... Não sei bem o que pensar. - disse Feyre, mordendo o lábio inferior.

O loiro suspirou, evidentemente ansioso. Uma ideia lhe acendeu os olhos.

- Olhem minha mente. Assim vocês saberão que é verdade.

Rhysand assentiu e apoiou-se na mesa, encarando Tamlin. Alguns segundos depois, diversas emoções cruzaram seu rosto, até que ele ficasse sereno de novo. Feyre fazia a mesma coisa, discretamente, de sua cadeira. Há muito ela tinha perdoado Tamlin, na realidade, mas aqueles pensamentos só tornavam tudo mais concreto.

- Bem. - Rhysand se pronunciou - Foi interessante.

Olhou pra Feyre, dando a ela toda liberdade de conduzir a situação. Então, ela começou a falar:

- Bem, Tamlin, você me fez muito mal. Primeiro, você me deixou definhar sozinha. Depois, não respeito minha vontade de estar com Rhys e ainda arriscou Prythian por isso. - ela hesitou - Porém, se não fosse por você... Eu não teria encontrado Rhysand. Eu não teria encontrado Velaris, meu lar. Minhas irmãs ainda estariam passando fome e casadas com homens brutos. E, o mais importante, sem você meu parceiro estaria... Morto. - o peso da palavra se fechou em seu coração como um punho, fazendo com que o Grã-Senhor da Corte Noturna segurasse sua mão discretamente.

Tamlin olhou a mulher, aquela que ele achara outrora que era o amor de sua vida e agora apenas lhe parecia uma pessoa querida.

- Por isso, você tem meu perdão. - concluiu ela - Não estou lhe prometendo que seremos grandes amigos ou algo assim, mas definitivamente você não é mais meu inimigo.

- Feyre, eu... - ele suspirou, aliviado - Obrigado, de verdade. E... Rhysand. - olhou o outro macho - Sei que não há a menor chance de você me perdoar mas...

- Eu o perdôo, Tamlin. - interrompeu o de olhos violeta.

O homem de cabelos dourados o olhou, completamente chocado e sem palavras, o que arrancou uma risada de Rhysand.

- Eu não sou meu pai... E nem você é o seu. Nossos erros de um para com o outro foram... Imensuráveis. E talvez nunca possamos repará-los. - ele suspirou - Mas eles são passado. E devem ser deixados para trás. Então eu o perdôo e espero que me perdoe mutuamente.

Tamlin inclinou-se para trás na cadeira, os olhos cheios de emoção. Respirou fundo e olhou os dois, Grão-Senhor e Grã-Senhora da Corte Noturna.

- Obrigado, de verdade. Por tudo. E eu claramente o perdôo, Rhysand. Eu... Obrigado.

Rhys e Feyre se comunicaram através de sua ligação. A mulher levantou-se alguns segundos depois e, juntamente ao seu parceiro, caminhou em direção ao outro Grão-Feérico. Ambos estenderam-lhe as mãos:

- Não podemos lhe prometer amizade, mas podemos lhe prometer que, a partir de agora, a Corte Primaveril tem na Corte Noturna aliados.

Sorrindo, Tamlin levou uma de suas mãos até às deles, que apertaram a sua entre elas, num aperto de mão triplo que selava a promessa de paz e esperança.

A Court of Roses and StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora