Capítulo 6

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Peguei minhas chaves e olhei para o lado da cozinha para conferir que não tinha nada aceso na cozinha, mamãe tinha ido visitar vovó do outro lado da cidade, ela havia até me chamado, porém eu tinha planos. Fechei a porta e respirei fundo indo em direção ao mercado.

Fazia dois dias que não via Lalisa, sem contar que também ela não respondia minhas mensagens.

Virei a esquina e agradeço mentalmente por não estar muito longe de casa. Entrei no estabelecimento fazendo o som do sino ecoar pelo local, sorri vendo a garota me olhar surpresa, ficamos naquela troca de olhares até ser interrompida pela voz de seu pai.

Lisa fez sinal com os olhos e assim fui para o corredor dos doces, fingi estar escolhendo alguma coisa, enquanto ela e seu pai conversavam em tailandês.

— Oi... — Sua voz me fez despertar de meus pensamentos e olhei por cima de seus ombros. — Ele foi resolver alguns assuntos pendentes.

— Eu deveria ter avisado. Se você me respondesse... — Murmurei voltando a olhar o rótulo da mercadoria.

— Me desculpa, Jen... — Segurou em meu queixo delicadamente me fazendo olhá-la. — Papa me deixou de castigo e pegou meu celular.

— Eu achei que vo-

Lisa me interrompeu com seus lábios carnudos, suspirei entre eles e sorri sentindo seus dentes puxando meu lábio inferior.

— Senhorita, Kim? — Sua voz soou sedutora fazendo-me apoiar na prateleira. — Quer conhecer o meu lugar?

— Oh... E o...

— Papa vai demorar para voltar. Me espere aqui.

Mesmo Lisa me dando uma ordem para ficar à sua espera, eu a segui em passos lentos e a vi fechando o caixa, andando até a porta de vidro e girando a plaquinha de "aberto" para "fechado".

— Pronta?

Assenti pegando em sua mão que estava estendida. Assim ela saiu me puxando pelo pequeno mercado e abriu uma porta me fazendo passar e segurar em minha cintura e empurrando para frente.

— Onde estamos indo, Lalisa? — Perguntei subindo as escadas.

Ela nada falou, apenas riu me fazendo uma careta engraçada enquanto ela agora me puxava pela mão passando por uma porta.

— Esse é o seu quarto? — Perguntei olhando por todo o lugar que tinha caixas em um canto, sua cama ficava no canto do quarto e logo à frente um pequeno armário com discos de vinil e duas máquinas fotográficas ao lado.

— Desculpa a bagunça... Não tive tempo de tirar as coisas das caixas ainda. — Levou sua mão a nuca alisando.

Quatro meses que você mora aqui, Lalisa. — Sai deslizando o dedo sobre a mesinha.

— Não achei que teria visitas... — Ela soltou uma pequena risada enquanto eu apenas a olhava com uma de minhas sobrancelhas arqueada, ela pigarreou e respirou fundo. — Digamos que... Eu não estava me encaixando aqui. — Ela praticamente sussurrou e soltei um suspiro percebendo o que ela estava querendo dizer. Ela me olhou e sorriu, me fazendo sorrir também. — Ainda não chegamos. — Abriu a janela. — Senhorita... — Sorriu e me estendeu sua mão.

Neguei com a cabeça vendo a formalidade que ela estava me tratando e passei pela janela e Lisa passou logo em seguida, passou por mim e me puxou pela mão subindo pelas escadas.

— Okay, feche os olhos. — Falou assim que saímos da escada.

— O que? Não. — Neguei dando um passo para trás.

— Não confia em mim? — Arqueou suas sobrancelhas.

— Não é isso...

— Então... — Ela sorriu, relaxei meus ombros suspirando fechando meus olhos. — Nini, confie em mim.

Lisa segurou em minha mão e na minha cintura, e começou a me guiar dizendo para relaxar que nada de ruim iria acontecer.

— Quando me mudei pra cá, encontrei esse lugar e desde então, se tornou meu refúgio, até alguns dias atrás... — Sua voz era baixa e suave, ela falava perto de minha orelha, eu podia sentir sua respiração, não estava pesada, parecia calma.

Abri meus olhos vendo a vista de Seoul, me aproximei mais da mureta e me permiti sentir o vento e a bela vista da cidade. Lisa se sentou e estendeu sua mão para me ajudar a sentar ao seu lado na mureta.

— Por que estava chorando naquele dia? — Perguntei receosa, não queria invadir a sua privacidade.

Ela me olhou, não precisei falar mais, ela sabia muito bem que dia eu me referia.

A nossa primeira troca de olhar.

— Deixei muitos amigos na Tailândia. Minha família toda está lá e quando me mudei pra cá, não consegui me encaixar, eu sou a única estrangeira de minha sala, está um pouco difícil me adaptar.

Assenti ainda a olhando, ela olhava para frente enquanto balançava seus pés, suas mãos ao lado de seu corpo.

— Você disse que aqui era seu refúgio, o que mudou?

Lalisa soltou um suspiro e me olhou, agora conectado aos meus.

— Conheci uma garota... — Ela deu uma pequena pausa, eu não queria demonstrar a quão nervosa fiquei quando ouvi aquelas palavras, mas não pude deixar de pigarrear e desviar de seus olhos. — Passei meses observando cada detalhe dela, sua expressão, seus movimentos... Sei que pode ser algo invasivo... Mas eu não conseguia tirar meus olhos dela.

Apertei meus dedos naquela mureta gelada, ao ouvir aquelas palavras, percebi o quanto Lalisa estava apaixonada por essa garota.

Não chore, Jennie!

— ... Quero dizer o quanto ela é linda e que eu estou perdidamente apaixonada por ela desde que meus olhos encontraram os seus.

— Por que não falou ainda? — Perguntei engolindo seco e olhando em seus olhos que estavam mais brilhantes do que o normal.

Aquilo estava doendo tanto.

— O que está esperando para dizer isso a ela? — Minha voz saiu trêmula, eu tinha que fazer o meu papel como amiga, incentivá-la.

— Porque eu tinha que trazê-la até aqui, no nosso lugar.

Sussurrou se aproximando de meu rosto e colando nossos lábios. Era um beijo calmo, senti sua mão subir pelo meu rosto, eu estava perdida, o que ela está fazendo? O que estou fazendo?

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!!!

— Jennie... — Falou separando nossos lábios e encarei seus olhos castanhos. — Você fica linda tentando saber qual biscoito quer levar ou quando quer levar alguma coisa diferente. você fica linda quando se distrai por alguns minutos e logo em seguida pede desculpas para a pessoa por não ter ouvido o que ela estava dizendo. Fica linda quando finge que não está me encarando quando estou tentando me controlar para não sair correndo e te beijar loucamente cada vez que passa por aquela porta... Estou completamente e loucamente apaixonada por você, Jennie. 

UM ROMANCE SIMPLES E CLICHÊOnde histórias criam vida. Descubra agora