CAPÍTULO: 8 ✓

300 44 8
                                    

"É uma bela casa." Maite comentou em admiração.

Aparentemente, o senhor Ogletree havia reforçado a segurança em seu escritório. Demi teria que fazer o mais desagradável e visitar sua casa, onde estaria sua esposa, que iria descobrir que uma das amantes de seu marido teve um filho. Camaradagem pura.

Deki ignorou o comentário da mulher em seu banco de carona. Outra casa para ela tirar dos verdadeiros donos, ótimo.

O guarda era o mesmo da outra vez e ela fez Maite lhe entregar 200 dólares para abrir o portão. A empregada que abriu a porta também era a mesma, mas ela não reconheceu Demi de imediato. Como da outra vez, foi Allyson que apareceu e percebeu quem era, mandou a empregada embora e começou uma série de objeções.

Demi ergueu as mãos para impedi-la de continuar. "Senhora Ogletree, eu sinto muito aparecer aqui mais uma vez, mas seu marido não quis cooperar."

"É ela?" Maite perguntou em descrença. "Essa é a mulher dele?" O tom de desprezo e zombaria não passou despercebido por ninguém.

"Essa? Com quem pensa que está falando?"

Demi suspirou da atitude das duas mulheres. Ótimo, tudo que ela precisava naquele momento. "Pode chamar o senhor Ogletree? Sei que ele está aqui." Apontou para o carro parado na frente do seu.

"O QUE QUEREM COM ELE?"

"Por favor, senhora Ogletree."

"QUEM É?!" O tom irritado cortou qualquer resposta que surgiria. Demi não pode deixar de notar que Allyson empalideceu um pouco. "FECHE A PORTA, MULHER! OS INSETOS VÃO ENTRAR!"

"Senhor Ogletree." Demi cumprimentou com uma calma surpreendente quando o homem quase arrancou as portas das dobradiças. "Consegui achá-lo mais uma vez."

"O que você faz na minha casa?!" Ele avançou, pronto para empurrá-la para longe, mas Demi estava preparada e desviou habilmente. Ele escorregou um pouco e se agarrou em um pilar para se firmar.

"Não muito educado, senhor Ogletree."

"MULHER ODIOSA!" Ele gritou enquanto se virava. Ele estava vermelho e parecia estufar o peito para um efeito maior.

"Lhe disse que se me desse seu número nunca mais me veria." Demi ofereceu como forma de defesa, mas não era esse o objetivo. "Agora que estão todos aqui, vou embora." Ela olhou para Maite, que parecia dividida entre admiração e surpresa. "Faça-me um favor, senhor Ogletree. Leve-a embora dessa vez."

Estavam todos muito surpresos pra reagirem enquanto ela entrava no carro e saia pelo caminho de terra. Seu trabalho estava feito, pensou com satisfação.

Um mês depois, enquanto se escondia atrás de uma banca de jornal com uma câmera na mão, seu celular tocou e interrompeu seu planejamento. Imaginando ser Raven com as informações que havia pedido sobre seu alvo, ela atendeu sem olhar o visor.

"O que tem pra mim, Raven?"

"DETETIVE LOVATO?"

Demi congelou. Aquele celular era exclusivamente para trabalho e, por trabalho, ela queria dizer que usava para mandar e receber mensagens e ligações de Raven. Ninguém além de sua secretária tinha o número. E aquela, definitivamente, não era sua secretária.

"Quem está falando?"

"Estou no seu escritório agora. Pode vir para cá?"

Um milhão de teorias encheram seu cérebro. Alguém sequestrou Raven, alguém está querendo vingança, algum maluco decidiu...

"ALLYSON?" O primeiro nome fluiu suavemente pela sua língua, não muito planejado, mas bem falado.

A linha ficou muda antes de obter uma resposta. Seu alvo estava longe de ser visto. Demi guardou o celular e a câmera e correu até o metrô mais perto. Raven estava esperando-a do lado de fora do escritório.

"Ela insistiu. Estava chorando e falando que era urgente. Fiquei preocupada e..."

"Tudo bem, Raven." Demi tirou sua carteira e entregou dinheiro para Raven. "Compre alguns cafés na lanchonete, ok?" Ela passou ali na frente, o local estava cheio. Raven ia demorar, no mínimo, dez minutos para conseguir atender seu pedido.

Ela entrou no escritório rapidamente e não demorou muito para ver a senhora Ogletree sentada no sofá de espera. Seu rosto estava corado, os olhos inchados, e o casaco bem apertado contra o corpo.

"Senhora Ogletree, o que faz aqui?"

"Você estragou tudo." De todas as coisas que Demi imaginou, essa não era uma das conversas. Allyson levantou e seus olhos adquiriram um brilho de raiva. "Você apareceu nas nossas vidas e estragou tudo mais uma vez."

"Entendo que a situação em que ficaram não seja a das melhores, mas fiz apenas o que me pediram para fazer."

"O que sua esposa pediu para fazer." Allyson corrigiu.

"Ex-esposa." Demi rebateu. "Ela disse que precisava falar com ele."

"E você simplesmente concordou?"

"É por uma boa causa. Não iria cutucar feridas do passado apenas por diversão."

"Boa causa?" Alyson se aproximou perigosamente. "Onde está a boa causa nisso? Destruir nossa vida? Destruir tudo que construímos? Ela nunca passou de uma noite de transa! Que direitos acha que tem?!"

"Todos os direitos do mundo, porque ela não fez aquele filho sozinha." Demi também estava começando a ficar com raiva. Não era uma boa notícia.

"Quem garante que seja do meu marido?" Allyson encolheu os ombros. "Ninguém sabe. Ela nunca fez um teste de DNA, nunca falou nada para ele. Pelo que sabemos, pode ser de qualquer um."

"É do seu marido." Demi rebateu entre os dentes cerrados.

"O que te faz ter certeza disso? Não gosta de pensar que teve uma galhada maior?"

"Maior como a sua?"

Um silêncio pesado se apoderou do ar, antes de ser cortado pelo som de uma mão se chocando contra uma bochecha. Allyson ainda deu um tapa no ombro de Demi antes de sair, fechando a porta atrás de si com um estrondo. Demi ficou congelada no lugar, com a bochecha ardendo e os dentes bem fechados.

Por esse motivo que ela não gosta de fuçar no passado.

•Demally• √ E͟y͟e͟  F͟o͟r͟  A͟n͟  E͟y͟e͟Onde histórias criam vida. Descubra agora