1- Birth

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A temperatura estava entre 40° C. Tainah suava e sentia dores terríveis. Respirando com dificuldade, ela se aconchegou entre as grandes raízes de uma árvore e tentou se acalmar. A desidratação a fazia tremer e se sentir mal, mas ela achava que era o medo de ser encontrada.

O medo a fizera fugir de Manaus e buscar refúgio no meio da floresta Amazônica. Muitos sensates tinham se refugiado em partes isoladas do mundo, pois sentiam que estavam sendo perseguidos.

Tainah havia perdido o contato com muitos amigos nas ultimas semanas, e sentia que seria a próxima. 3 membros de seu cluster haviam sido mortos misteriosamente no decorrer do ano. Ela nunca havia sentido tamanha dor e tristeza como na primeira vez que perdeu um mebro de seu grupo. Foi como se a corrente tivesse se partido e como se todos os seus sentimentos fossem esmagados.

A floresta se erguia imponente ao se redor, os cipós pareciam centenas de serpentes nos troncos das árvores. A vida selvagem que passava por ali nem sequer notava a presença dela. Pequenos mamíferos e répteis rastejavam e corriam ao redor.

A única luz que tinha acesso era os raios da lua cheia que trepassavam as copas das árvores. As dores persistiam e ela sabia que em poucos minutos daria a luz a um novo cluster. Desejava desesperadamente que um dos seus estivesse ali com ela.

Quase que sentindo a necessidade que ela tinha por uma pessoa que estivesse com ela, Harry segurou sua mão. Tainah se viu em uma sala fria, em algum lugar da Escócia.

- Aguente firme, querida! Esta dor irá passar - disse e segurou sua mão tão firme que ela voltou a se sentir segura novamente.

O cenário se alternava entre as densas florestas no norte do Brasil, e a gélida sala de estar na Escócia. A dor veio de forma tão profunda que Tainah apertou a mão de Harry, que gemeu discretamente ao compartilhar sua dor.

De uma vez só ela sentiu que todos haviam nascido.

- Eu posso vê-los - disse ofegante.

E realmente podia, sua visão se estendia muito além da floresta, a sala gélida estava longe de sua mente. Tudo que enxergava era os locais onde seus filhos estavam.

Sua visão se estendia de norte a sul, de leste a oeste. Ela viu um jovem que caminhava tristemente pelo calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro; uma jovem sentada em sua sala de estar assistindo um filme na fria noite de Paris; um jovem que passava de táxi em frente ao Coliseu em Roma; um jovem que bebia Vodk na congelante noite de São Petesburgo; uma jovem a encarou perplexa, enquanto balançava-se em uma praça em Madrid; um pobre rapaz encarou cabisbaixo a estranha mulher que surgira ao lado do caixão do irmão em Sidney; uma jovem parou de brincar com os amigos e encarou a estranha mulher que se encontrava na sala de estar do namorado, na agradável noite de Los Angeles; um rapaz parou sua leitura, ao perceber que um mulher o encarva no oposto da Biblioteca em Londres.

Ela os encarava extasiada, e eles a encaravam perplexos. Ela sentia seus medos e preocupações ao vê-la daquela forma, parada e sorridente.

A conexão se dissipou e ela respirava ofegante. O suor escorria pela testa, os cabelos negros e lisos encharcados e a pele vermelha pareciam que haviam sido mergulhados no rio solimões.

Harry segurou sua mão. Ele se sentia feliz e extasiado compartilhando as emoções que ela sentia.

Seus outros irmãos se juntarm a eles, mas ninguém disse nada. Todos estavam se sentindo únicos. Tainah resolveu quebrar o silêncio.

-Eu amo vocês, meus irmãos!

- Seremos sempre um só! - Disse Harry.

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