medidas desesperadas.

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Inferno

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Inferno.

Talvez eu possa definir minha atual situação assim: extremo sofrimento infligido por certas circunstâncias, sentimentos ou pessoa(s); martírio, tormento. Nunca pensei que morreria para conhecer o inferno. Ou melhor viveria.

— Q-q-q-q-q-que h-h-h-h-horas são? — a Swan gaguejou tão pateticamente que eu sinto pena. Mais patético que isso só nós duas dividindo um saco por conta do frio intenso. Mesmo com o saco de dormir e completamente vestidas, até com calçados, nós estamos congelando. Ela mais que eu, claro.

— Duas — Edward responde. A aflição em seu rosto é de pura agonia. Ele se afastou ao máximo de nós, com medo de piorar tudo. Está um pouco escuro, mas consigo enxergar um pouco.

— Talvez...

— Não, eu tô b-b-b-b-b-bem, m-m-m-mesmo. Eu não q-q-q-quero i-i-ir lá fora — Isabella o interrompeu antes que ele terminasse e internamente eu agradeço ela. Com a tempestade que está lá fora, ele quer mesmo que a gente vá correr para se aquecer. Prefiro morrer com o mínimo de dignidade, obrigada.

— O que eu posso fazer? — a voz sobressaltada de Edward me distrai das tremedeiras da garota ao meu lado.

Jacob choraminga do lado de fora, me fazendo entender. Ele estava reclamando com o meu noivo.

Isabella gaguejou um sai daqui, mas Edward explicou que o lobo é mais resistente. Ela tentou dizer mais alguma coisa, mas até me assustei quando não conseguiu nem ao menos completar uma palavra. Me viro para ela, avaliando seus lábios roxos. Mal sinal.

— Talvez eu possa fazer um feitiço... — murmuro passando a mão por seu rosto extremamente frio. Ela fecha os olhos ao meu toque, aliviada ao meu toque um pouco quente para me ignorar.

Edward e Jacob começam uma discussão, mas só presto atenção quando a voz do quileute se fez presente.

— É melhor do que alguma coisa que você tenha sugerido — Jacob diz — Vá pescar um aquecedor — ele murmurou — eu não sou um São Bernardo.

Observo zíper da porta tenda sendo puxado rapidamente pra baixo. Isabella abre os olhos, observando ele passar pelo menor espaço que conseguiu. Mas com ele veio um vento  gélido, me fazendo escorregar novamente diretinho para o lado da humana.

— Ela está convulsionando? — sussurro para mim mesma, virando-me para ela.

Isso chama a atenção dos rapazes apenas por uns segundos. Reviro os olhos, abraçando a Swan, esperando aquece-la um pouco.

Ela diz algo, mas eu estou ocupada calculando o quanto de poder eu teria se aquecesse a barraca agora. Como eu invejo Amy e Sam agora por serem espertas.

— Jacob, você não cabe aqui — suspiro — desista.

— Eu não — Jacob diz alegremente. —Eu estou com uns sólidos cinquenta e dois graus esses dias. Eu vou começar a te fazer suar rapidinho.

Isso me faz largar Isabella e Edward rosnar. Me colo na humana quando o quileute abre o zíper da nosso saco.

— Preciso ficar no meio de vocês — ele tem coragem de dar um sorriso sacana.

Algo que ele pensou não foi nada legal, porque Edward pegou em seu braço. Automaticamente ele reagiu, se afastando.

— Mantenha a sua mão longe de mim — ele rosnou por entre os dentes.

— Mantenha as suas mãos longe da minha garota — Edward responde com um tom frio.

Um silêncio é feito na barraca, até consigo ouvir um "ai meu Deus!" da barraca ao lado. Aposto que aquelas fofoqueiras estão de olho em tudo!

— Sua garota? — a voz de Jacob é quase um trovão. Me lembra a voz de Billy.

Uma lágrima rola pela face pálida de Isabella, me fazendo imaginar se ela congelaria antes de chegar ao queixo, como em um desenho.

— Isso aí — confirmo — e não, não é por causa de você, ou da Isabella — olho para Edward, sorrindo — é por nós.

Ninguém disse mais nada. Jacob abriu tanto o zíper que eu achei que pudesse quebrar. Rastejei até Edward, pegando meu saco de dormir e me enfiando nele. Estremeço com o frio. Engulo o orgulho e fico bem ao lado de Jacob. Ele não me toca, mas o calor que emana do seu corpo é o suficiente. Ele começa a falar com Isabella, eu não presto atenção, apenas olho para Edward, que me encarava de volta.

O cheiro de Jacob está por toda a parte, se misturando ao de Edward. Espanto as memórias de quando éramos um casal.

Isabella quebrou o silêncio perguntando por que ele era tão peludo. Mordo o lábio para não rir, desviando o olhar para eles. Ele responde que é porque seu cabelo é mais cumprido. Ela perguntou por que ele mantinha assim. Seja lá o que ele pensou, Edward riu dele. Jacob pareceu bravo.

— Porque parece que você gosta dele longo — reprimo a risada também. O que a paixão não faz, não é?

Logo a Swan dormiu. Eu já estou com calor, então estendo minha mão para Edward. Ele hesita, mas a pega, beijando-a.

Fecho os olhos concentrada, liberando o bloqueio na minha mente.

Querido?

Ele arregala os olhos.

Não precisa dizer nada. Não se sinta culpado, tudo bem? Está tudo bem agora e já vai passar. Eu... te amo? Droga. Eu estou caidinha por você. Droga.

Ele fica paralisado por um segundo antes de me beijar. Isso faz com que Jacob se retraia para longe de nós.

— Eu também amo você — ele sussurra quase inaudível em meu ouvido.

Ele se afasta novamente, mas ainda segurando minha mão.

— Seth está aqui — avisa.

— Perfeito — Jacob sussurra apenas.

Penso no frio que está do lado de fora e fico penalizada pelo jovem Seth.

— Seth querido, fique na barraca com as garotas. Elas precisam se esquentar também — faço minha boa ação do ano. Deixar uma pobre criança aquecida é caridade, certo? Deuses, eu sou tão boa.

— Estou indo, Kia — Edward diz a voz vazia, indicando estar passando uma mensagem.

Agora posso dormir em paz, sabendo que o membro mais fofo dos quileutes está recebendo o tratamento que merece. Quando já estou entre o sonho e a realidade, o braço de Jacob me alcança, me fazendo suspirar por seu calor confortável.

— Você realmente gosta dela? — Jacob sussurra.

— Com todo o meu coração — Edward responde no mesmo tom.

— E todo o amor que sentia por Bella? Desapareceu? — Jacob parece irritado.

Com tanta coisa para sonhar, por que estou sonhando com isso?

— Não desapareceu. Eu apenas amo Kiara agora. Com ela é tudo tão natural — ele suspira — Bella merece uma vida normal, eu mereço ser feliz. Estamos quites.

— Eu não fui bom para Kiara — Jacob comenta — espero que você seja melhor.

— É melhor pararmos. Ela consegue nos ouvir, mas acha que é um sonho — Edward conta — descanse, Kia.

Suspiro, virando-me para o outro lado. Espero ter um sonho melhor.

Dusk | twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora