A Protetora

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Fugi pela primeira vez. Aproveitei o discuido da JooHyun e saí sem fechar o portão.

Caminhei em direção à praia.

Já estava morando ali há uns três meses, mas meu pai ainda não achara tempo para me levar à praia. E ela parecia tão perto! As pessoas iam a pé, conversando, as mocinhas seminuas, exibindo minúsculos biquínis.

Segui atrás de um grupo, mas mantendo-me afastado.

Após passar um valão, numa parte do caminho ainda coberto pela vegetação, um rapazinho deu comigo, chamando sobre mim a atenção dos que com ele caminhavam.

Pararam, esperando-me. Parei, também, temeroso de que me perseguissem.

Uma das moças sorriu afável, acenando para mim: "Ei, vem! Estamos esperando!"

Aproximei-me, confiante.

Deu-me a mão:

- Está sozinho? - Perguntou-me amigavelmente.

Balancei a cabeça afirmando, com timidez.

- E sua mãe? - Perguntou a moça. - Onde está sua mãe? Ela sabe que você está aqui?

- Não tenho mãe! - Respondi bruscamente.

- Onde você mora? - Tornou a moça.

Olhei para trás, fazendo um gesto indicativo da direção de onde viera.

- Ah! Em Seoul, não é isso? - Insistiu ela.

Confirmei com um gesto de cabeça.

- Você veio sozinho? - Perguntou.

- Vim. - Respondi.

- Por quê?

- Quero ver o mar e meu pai não me leva.

- Ah! Você não conhece o mar? - Perguntou, entre espantando e zombeteiro um dos rapazes.

- Não. - Respondi com raiva.

- Então vai dar um mergulho hoje! - Ponderou outro rapaz.

Puxei minha mão de dentro da mão da moça. Ela agiu rápido e segurou-me com força. Confortou-me:

- Você só mergulha se quiser. Ele não vai dar mergulho em você, que eu não deixo. Aqui eu sou sua protetora. Você mora com quem?

- Com meu pai.

- E por que ele não traz você para ver o mar?

- Ele está ocupado.

Com efeito, meu pai estava sempre ocupado. Não tinha tempo para mim. Eu era um atrapalho em sua vida.

O mar veio se revelando devagarinho. Primeiro, a brisa mansa e fresca lambeu-me o rosto enchendo-me as narinas de um odor ainda não conhecido por mim. Depois, o azulão das águas ainda distantes e a batida das ondas na areia: chuá! chuá!

A areia mostrou-se por inteiro, rendada pela espuma branca que ia e vinha como a brincar com os banhistas. Lindo! Divinamente lindo!

Parei feito alguém que se depara com um obstáculo intransponível. Eu precisava beber aquela beleza toda ali, de pé, feito um marinheiro na proa de seu barco.

- Bonito? - Perguntou-me a moça que se fizera minha protetora.

Balancei a cabeça afirmamente.

- Vem! - Puxou-me até o meio da praia.

Esticou a toalha que levava envolta na cintura e mandou que eu me sentasse. Obedeci instintivamente.

E enquanto ela caía n'água, fiquei ali olhando, sem cansar, aquele mundão de águas azuis. Deslumbrante.

Um dos rapazes se aproximou molhado:

- Quer um mergulho? - Consultou-me.

- Não! - Respondi com enfado.

- Só molhar os pés! - Insistiu ele.

- Não! - Gritei, recusando terminantemente o convite.

Eu não estava preparado para entrar no mar que tanto me encantava. Ele era para mim uma coisa enigmática, sedutora e ao mesmo tempo, temerária. Queria só ver. Olhar. Sentir de longe.









...

Iti

Neko ama vocês ♡

Dong YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora