O coração envenenado.

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Rolei para um lado da cama e para outro. Não conseguia dormir, eu só conseguia pensar na mamãe e Ana. Como será que a mamãe está? O que será que ela tem?
Meu senhor Drizella! É para sentir pena da pessoa que te causou inferno agora?
Dei um tapa em meu próprio rosto, onde deixei uma marca vermelha de minha mão sobre meu rosto.
Suspirei e tentei novamente dormir, dessa vez, com êxito.

Eu estava sonhando. Eu estava em um palácio lindo. Com as paredes cor creme e os móveis de ouro, era simplesmente perfeito. Senti duas mãos tocarem minha cintura e uma boca quente beijar meu pescoço. Me arrepiei e me virei para ver seu rosto. Infelizmente eu não conseguia enxergar seu rosto, porém eu conseguia ouvir a sua voz, que dizia: Um problema que resultou em uma solução. Uma dor que trouxe um amor. Vamos?
Ele estendeu o braço para que eu segurasse no mesmo. Segurei, um pouco confusa com o que ele havia acabado de falar. Então ele me puxou para mais perto, juntando nossos corpos e beijou-me a testa.

Acordei com o barulho do despertador. Porquê diabos os humanos inventaram esse trem irritante? E porque eu ando sonhando sonhos bizarros?
Sim, bizarros. Esse negócio de romance e amor não cola comigo, eu não acredito no amor, para mim o amor é sinal de fraqueza e é apenas uma ilusão que os mortais criaram, tão tolos.

Me levantei de minha cama, e avistei uma carta em cima da cômoda rosa perto da mesma. Peguei a carta e a abri, a carta dizia:
 
Olá, pequenina.

  Você está me devendo um favor ainda. Não tente me encurralar pois sei o quanto anda se esquivando. Ou quer que eu te entregue aos que carregam tochas e armas para te matar? Vá até o mundo das maravilhas e siga minhas instruções assim que terminar de ler essa carta. Se não for, é melhor usar preto e sofrer seu próprio luto antecipadamente.
                            
                                          Com carinho, Rumple.

Ao terminar de ler a carta, não pensei duas vezes em obedecer as ordens de Rumple, não quero acabar em um caixão e eu devo isso a ele. Rumple é um ser mágico, o Senhor das Trevas, o pior e o mais perigoso. Todas as pessoas necessitadas de salvação que precisam de algo fazem um acordo com o mesmo, ele dá o que elas mais querem, porém toda mágica tem seu preço, e ele sempre pede algo em troca, e vou lhes dizer, não é nada barato.
Vou ter que faltar aula hoje e também não irei avisar ao Koll, ele com certeza não vai me deixar ir, porém não sou uma menininha de quem deve se sentir dó, eu sou aquela que vai derramar sangue da própria mãe, por isso eu sou capaz de qualquer coisa.

Saindo dos meus pensamentos, comecei a agir. Peguei meu livro de feitiços e o abri em uma página de portais. Levantei minha mão sobre as paredes e pensei em um portal se abrindo e surgindo da parede. Tic toc, pum! Peguei o meu livro e entrei dentro do portal, lá, pensei no lugar em que eu queria ir, O pais das maravilhas.

      O país das maravilhas.

Entrei naquele mundo "cheio de maravilhas" se é que me entendem. Lá era um labirinto, e em cada parte tinha um lugar forte o bastante para te confundir, apenas pessoas espertas conseguiam ir além. Já lhes contei que além de linda, sou bem esperta? E enquanto vocês estavam lendo, eu já atravessei e resolvi cada enigma do labirinto? Haha.
Avistei o lugar fora do labirinto a procura de alguma pista de Rumple. Fiquei igual uma barata tonta olhando aos redores. Caminhei até uma pedra que estava de baixo de uma árvore. Havia um coelhinho sentado na mesma, e ele chorava sem parar.

-- Porque choras? -- Perguntei enquanto passava a mão em seu rosto, secando suas lágrimas.
-- Ele levou o coração de minha herdeira, sim ele levou... Foi ele, ele levou -- Falou entre soluços.
-- "Ele?" -- Coloquei minha mão sobre o queixo, e logo percebi toda a situação, dei um sorriso maléfico e com minha magia fiz o coelho voar e se enforcar. Sim, o matei se é isso que querem saber. Deixei o mesmo cair no chão morto, e então a pedra sobre a qual ele estava sentado virou um bilhete, que dizia:

  Muito bem, pequena Drizella.
     Você se mostrou digna do que vai receber agora, vá até a sala do chá e procure uma faca em cima da mesa. Depois pegue um cogumelo, mas não qualquer um, pegue um verde com pontinhas vermelhas, e passe seu veneno sobre a faca. Te direi o que irá fazer depois.

Sorri, e fui até a sala do chá. A mesa estava toda cheia de xícaras caídas sobre a mesa, e estava bagunçada. Não tive muito esforço para achar a faca, a peguei e fui procurar o cogumelo. Avistei um jardim de cogumelos e lá se destacava o diferentão, verde com pontas vermelhas, o peguei. Em baixo do cogumelo, havia outro bilhete. Já estou cansada desse mistério todo e de receber ordens.

  Drizella, você é realmente um frutinho de maldade, gosto disso em você. Bom, explore mais um pouco este lugar e encontre um garoto moreno, alto e dos olhos cor de mel, quando o achar, o chame pelo nome: Henry e o imobilize com sua magia. Depois enfie a faca em seu coração, isso não ira matá-lo, mas ira envenenar seu coração, faça e lhe darei alguns meses sem as perseguições dos que desejam sua morte.

Bom, eu teria que envenenar um garoto que provavelmente era inocente. Mas como eu disse, sou má e provarei isto.
Passei o veneno do cogumelo sobre a faca, e meus olhos brilharam ao ver o quanto aquele veneno deixava aquela faca tão bonita. Sai da sala do chá, e fui para outro lugar cheio de mato e árvores, até que ouvi passos. Era o meu menino. Então me escondi atrás de uma árvore grande e estreita.
Fui dar uma espiada, e vi um lindo garoto. Alto e moreno, como disse Rumple. Não consegui ver seus olhos, ele estava de lado e eu não podia chamar muita atenção. Ele tinha braços fortes. Aproveitei o momento de distração do garoto e o imobilizei com minha magia. Caminhei até ele com uma expressão vitoriosa.

-- Você deveria ser mais atento. -- Dei um sorriso malicioso enquanto eu o media com o olhar de cima a baixo, avistando assim, seus olhos cor de mel.
-- Me solte agora! Tenho que procurar algo para salvar minha mãe. -- Disse tentando se mover, o que foi tolo.
-- Oh meu querido -- Passei a mão em seu rosto, e logo notei o quanto essa voz parecia com o menino do sonho.
-- Está percebendo agora como o amor é uma fraqueza? Veio aqui em busca de salvar a mãe e vai acabar envenenado. Seu amor te trouxe a tua própria ruína. -- Passei minha unha sobre suas bochechas que estavam vermelhas.
-- Me solte! me solte! Não vou permitir que isso aconteça, por favor, eu imploro, eu entrego-lhe minha vida mas salve ela! - Ele ja estava muito nervoso, e começou a soar.

Ele parecia ser um mortal. Então sua mãe também seria, mas porque? Como alguém daria sua vida por amor? Pela mãe? É algo que talvez eu nunca entenda.. nunca tive a chance de sentir esse amor. Bom, amor é fraqueza.

-- Sinto muito em lhe fazer isso. -- Passei a faca que estava molhada de veneno e passei sobre seu peito, o olhei e ele estava confuso, achou que eu iria mata-lo.
Segurei sua mão firme, e sussurrei em seu ouvido: Amor é fraqueza.
Lancei a faca sobre seu peito, a qual atravessou até seu peito, e o veneno ali mesmo foi até seu coração. Tirei a faca e ela estava suja de sangue, joguei a mesma no mato.

O garoto desmaiou. Eu precisava ir, mas antes eu o olhei novamente, aqueles olhos que eu havia visto antes dele desmaiar, cheios de lágrimas..
Isso não importa! Ele foi em busca do amor e levou uma facada no coração, ele cavou sua cova.

Lancei minhas mãos sobre a parede novamente e fiz o mesmo feitiço de portal, e assim voltei para casa, no caso, para meu quarto. Me sentei na ponta da cama e meu celular começou a vibrar. Era a Bárbara, Lucas e Alicea, eles estavam preocupados. Me mandaram mensagens perguntando o porquê não fui e o porque de não responder. Havia 20 ligações do Koll, pelo visto ele havia saído, fui ver sua mensagem, a mesma dizia:

Koll:
Onde você está? O que foi fazer agora Drizella? Vou te procurar, pfv responda quando ver essa mensagem, to preocupado.

Drizella:
Oi.. eu já cheguei. Fui resolver alguns assuntos que precisavam ser tratados, mas já cheguei e estou mais que ótima!

Mandei a mensagem, e percebi que eu havia mentido. Eu não estava mais que ótima, por algum motivo aqueles olhos cor de mel, tristes, mexeram comigo. Será que ele lançou um feitiço em mim com o olhar? Eu não sei o que está acontecendo comigo, isto seria arrependimento? Não, não e NÃO!

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