Reino de Camelot - Inglaterra, 1046 d.C.
Era uma tarde pouco chuvosa, fria e o céu transmitia tristeza com as nuvens cinzentas cobrindo a cidade de Londinium. Um garoto corria até a parte mais nobre da cidade, suas calças estavam enlamaçadas pois pisara em todas as poças ďágua que vira. Não tinha mais que 12 anos, e estava ansioso por quem encontraria. Chegara em um pequeno castelo rodeado por jardins verdes e floridos, passaram por uma falha nas frestas dos portões de ferro e corria pelas trilhas de pedras que cruzavam os jardins. As luzes acesas dentro do simples castelo (falo simples castelo pois não era nada comparado ao castelo do Rei) estavam sugestivas de uma grande festa, o pequeno garoto plebeu, que cruzara a cidade para chegar até ali, sorria pois achava graça em todas aquelas pessoas dançando e bebendo dentro de roupas coloridas e inchadas. Ele deu uma volta por trás do estabelecimento e achegando-se a uma janela que transmitia uma luz amarelada pois intensa, bateu quatro vezes, depois três e por último assoviou. Ele olhou para os lados, com medo de que alguém o descobrisse e esperou um pouco afastado da janela. E depois de alguns segundos, ele ouviu o trinco da janela se abrir vagorosamente e abrindo-se o vidro, o rosto dela surgiu. Sorridente e meigo, a garota de aproximadamente 8 anos olhou para trás e deu um impulso para sentar-se no parapeito da janela e colocar as pernas para fora.
- Vem logo, alguém pode ter me visto!- disse o garoto, puxando a mão dela.
- Só se você se permitiu tal coisa.- disse a garota com ares de arrogância. O garoto a puxava pela mão rapidamente, cruzando os degraus e o jardim.- Aí, Arthur! Mais devagar!
- Temos que sermos rápidos, Eleanora!
Eles correram até os limites do simples castelo, onde tinha um velho casebre com madeiras apodrecidas e uma velha lamparina diante da porta. Arthur largou a mão de Eleanora e tirou a madeira que bloqueava a entrada, enquanto Eleanora pegava a velha lamparina e iluminava o lugar em que Arthur revelara após empurrar a porta revestida de musgos.
Era uma velha cabana onde eles mantinham suas coisas guardadas, amigos há pelo menos cinco anos, Arthur e Eleanora mantinham sua amizade em segredo. O garoto era um menino pobre que cresceu com a mulher que o adotou dentro de um velho bordel, enquanto Eleanora era filha de um dos nobres da corte do Rei Vortigern, atual rei de toda a Inglaterra. A sincera amizade dos dois eram mantida em segredo por eles, que se reuniam um vez ou outra para brincarem ou até mesmo, cuidarem de pequenos animais que eram massacrados pelo resto da população.
- Você trouxe aquilo que eu pedi?- disse Arthur, se abaixando para pegar uma caixa aberta a qual tinha uma andorinha com uma asa machucada junto a seus três filhotes.
- É claro. Não sou eu que vivo esquecendo das coisas!- disse Eleanora, irritada.
A garota sentou-se no chão junto ao menino, e colocando para frente uma bolsinha de couro, a abriu e revelou o apunhalado de minhocas vivas que ainda se mexiam na mão branca da garota. Ela depositou uma na caixinha e observou a andorinha comer e dar aos seus filhotes.
- Quanto tempo acha que vai demorar pra eles se recuperarem?- perguntou ela.
- Não sei, pode ser meses, perguntei a um amigo de minha mãe.- disse Arthur se levantando e andando até a janela que estava aberta, de frente ao luar que iluminava o velho casebre. Eleanora se aproximou do garoto, e ficando na ponta do pé, tentou imitar a posição de Arthur, que além de ser mais alto, era mais velho que a garota.
- Quando crescermos, vamos continuar amigos, não vamos, Arthur?- perguntou a garota.
O garoto mexeu nos dedos e mordeu as bochechas. Olhou para a garota a qual tinha os olhos castanhos e cabelos negros escorridos na pele branca e limpa.
- É claro que vamos, Nora.- disse ele sorrindo para a garota.
É claro que a promessa de amizade de Arthur foi sincera, assim como seu sentimento para com a amiga. O tempo se passou, Eleanora cresceu e ficou sendo cada vez mais requisitada por seus pais os quais tinham intenção de aproximá-la mais da corte. A garota era rebelde em seu jeito meigo, e por vezes fugia e disfarçada de plebéia, se encontrava com Arthur nas florestas ao redor da cidade. Ele estava mais crescido, não brincava ou cuidava de passarinhos com a garota. Mantinham a amizade que aos poucos se interessava em algo mais forte. Ele tinha por volta de seus 20 anos, estava mais forte, alto e mais homem. Tinha seu cabelo loiro devidamente cortado em um jeito rude que ela gostava, e os olhos azuis penetrantes que encantavam as mulheres dos bordéis onde ainda vivia com sua mãe adotiva.
Arthur mastigava um pedaço de capim enquanto sentia a brisa passar pelos seu corpo diante do penhasco onde estava sentado. Ele ouviu os sons do casco do cavalo que subia pesadamente, ele sorriu e olhou para trás. O cavalo negro com os cascos brancos pertenciam a Eleanora, a qual encapuzada, vinha trotando montada sobre o animal. Ela parou alguns metros dele e disse:
- Sua mãe não te ensinou a não colocar as coisas na boca?- brincou ela enquanto descia do cavalo.
Arthur sorriu e observou a garota caminhar em sua direção. O vestido mais simples que tinha ainda assim a fazia mais nobre do que qualquer outra que ele vira. Ela jogou o capuz para trás e recebeu o vento forte contra o rosto, balançando os cabelos negros para trás e bagunçando a franja curta que ela tinha acima das sombrancelhas arqueadas. Os quadris um pouco mais largos que os ombros, balançavam com a capa azul que vestia. Ela o empurrou para o lado e sentou-se ao lado dele.
- E seu pai não lhe disse que não queria que você me encontrasse novamente? Como é que ele me xingou uma vez?- disse Arthur, franzindo as sobrancelhas ao fingir tentar lembrar-se da cena em que o velho Heahmund, o chutou para longe de suas terras.- Ah, sim! Bastardo imundo.
- Meu pai nunca foi de muitas palavras com os humildes. E eu já tenho 16 anos... sou dona de meu próprio nariz.- disse ela, elevando o queixo.
Arthur olhou para a garota ao seu lado. Eleanora era uma bela e destemida jovem, tinha o rosto pálido delineado, assim como os lábios preenchidos em um tom de vermelho sedutor. Ela olhou para ele e disse:
- Certamente eu teria fugido de casa se não fosse sua insistência, Art.- disse a garota, olhando para ele.
- O velho Heahmund teria morrido de desgosto se soubesse que a pequena Eleanora foi embora depois que ele a privou de conversar com o bastardo sedutor aqui.
Eleanora sorriu e olhando para o horizonte, suspirou.
Arthur se aproximou e beijou sua orelha, de forma que Eleanora fechou lentamente os olhos durante o ato.
- Ele quer que eu vá para o Palácio de Vortigern.
- O que? Para fazer o quê lá?- disse Arthur, olhando para Eleanora.
-Quer que eu me aproxime da corte, arranje um nobre e tenha uma fortuna maior do que a dele.
Arthur se afastou e olhou para o horizonte, irritado pela injustiça.
- E com certeza você vai não é?! Por que você ficaria? Não é mesmo?
- Não comece, Arthur. Você sabe muito bem que eu não tenho saída!
- Você era mais valente quando éramos crianças.- disse Arthur, se levantando e andando até adentrar na floresta.
- Eu não tenho para onde correr. Ele já mandou que os guardas do Rei me buscassem para confirmar que eu chegasse lá como ordenado!- disse Eleanora seguindo Arthur, que chegando a um lago se agachou e molhou o rosto com a água.
- Sabe o que eu não entendo?- disse Arthur, se levantando subitamente e olhando para a garota. Seu rosto irado ainda estava molhado e encarava com seus profundos olhos azuis o rosto assustado de Eleanora.- A alguns anos nós prometemos um ao outro que a amizade não acabaria. E agora estamos a beira de um colapso por que você não sabe discutir com seu pai!
- Eu não posso contra ele! Ele sabe que nos encontramos mesmo sem a autorização dele, e por isso quer me levar para longe de você. - disse Eleanora irritada.- Art, você sabe o que sinto por você.
- Então porque não foge comigo? Poderíamos viver em aldeias, viver nossas próprias aventuras sem nos ligar a dinheiro, casa ou conforto. Como sempre planejamos!
- Ele nos caçaria. Por toda a Inglaterra. E você sabe disso.- disse Eleanora, agora abaixando seu tom de voz.
Arthur segurou o rosto de Eleanora, lentamente e olhando nos olhos dela, disse:
- Você sabe que se entrar naquele castelo, nunca mais vou vê-la. Não vamos mais ser isso que sempre fomos um para o outro. Não quero perder você para um colarinho branco arrogante e esnobe que nunca vai conhecer como você realmente é. Gentil, meiga, uma mulher que além de ser incrivelmente linda é mais corajosa e do que muitos que eu conheço.
Eleanora sorriu e segurou as lágrimas enquanto tocou nas mãos de Arthur, que seguravam seu rosto.
- Este é o nosso último momento juntos... Art...
- Não vá...- disse Arthur, trazendo Eleanora para perto de si e abraçando a garota que sumia debaixo de seus braços.
Eleanora chorou abraçando a cintura de Arthur e lentamente elevou a cabeça, deslizou suas mãos por entre os músculos do peito dele e alcançou o pescoço do jovem, e delicadamente beijou os lábios de Arthur. O beijo foi de início sentimental e sublime, como um beijo de despedida em que se transmitia as melhores memórias que eles tinham juntos e após isso, o toque dele não permaneceu nos ombros dela, mas desceu para os quadris e tateou-os até ele saber como era a sua forma e em seguida suas mãos encontraram a fenda do vestido da garota, que foi levantada para o colo de Arthur.
Ela descolou os lábios dele quando sentiu ele a encostar contra um carvalho seco. Ela segurava suas pernas ao redor da cintura de Arthur, e o mesmo apertava suas coxas alvas e macias enquanto beijava a pele quente de seu pescoço.
Eleanora arfava de prazer ao sentir seu corpo sendo tomado por Arthur e em um momento ela sussurrou em seu ouvido:
- Sempre serei sua.
Arthur sorriu e rapidamente, buscou dentro das calças o membro rígido que estava apontando por dentro de suas calças, ele endireitou o mesmo para que entrasse entre as pernas de Eleanora, e lentamente o colocou dentro dela. A garota elevou a cabeça e fechou os olhos, enquanto o sentia preencher dentro de si. Ela mordeu os lábios e depois olhou para Arthur que se empurrava para dentro de Eleanora, que também sentia o impacto de seu corpo contra o dela. Ela segurou o rosto dele enquanto via Arthur gemer ao tirar-lhe o lacre da virgindade dentro de Eleanora. Ela mordeu os lábios e arfava lentamente olhando fixo para Arthur. E por final, ele deu o último urro e saiu de dentro de Eleanora, que colocou os dois pés no chão e enconstou-se na árvore, enquanto Arthur guardava o membro ainda rígido dentro da calça, ela sorriu e o viu se aproximar e beijá-la com ferocidade.
- Não há mais nada que lhe separe de mim.-sussurrou ele.
- Eu o amo, Arthur.
- E eu a amo inteiramente, Eleanora.
Depois daquela tarde, onde ambos se uniram para se conectar para sempre, Eleanora e Arthur nunca mais se viram. A jovem foi levada para o Palácio do Rei Vortigern e Arthur ainda levava a vida humilde que tinha, sempre sonhando com ela em seus braços. A vida dos dois seguiram em caminhos separados, embora ambos nunca esquecessem um ao outro, Eleanora estava cada vez mais próxima do sombrio rei Vortigern, que mesmo tendo uma filha da idade de Eleanora, desejava a jovem nobre todos os dias que a encontrava. A garota tinha como sombra o Rei, que a seguia por onde quer que fosse. Eleanora via nele uma áurea negra e intimidadora a qual fazia com que todos o temessem. Certa vez, quando ela estava sentada a beira de uma das janelas da torre do castelo, enquanto acariciava um sabiá que pousou em seu colo, Vortigern surgiu como um espectro que se dissipa nas sombras. Carregado de peles de animais e em sua majestade de joias, ele se aproximou da jovem e ficou frente a frente com ela.
- Bom dia, Majestade.-disse ela sem o olhar.
- Por todos esses meses que está aqui, Eleanora, não teme e nem treme a mim?
Eleanora o olhou nos olhos. O rosto pouco magro e carregado de usura, seus olhos azuis refletia o rosto ainda jovem de um rei usurpador. Ela sorriu e disse:
- Se isso lhe incomoda posso aprender a tremer em sua presença, meu rei. Mas sempre achei que não seria capaz de me machucar, há bondade em seu olhos quando se dirigem a minha pessoa, ó Rei.- respondeu brandamente.
Os meses se passavam e a inteligência e quietude de Eleanora faziam com que Vortigern sentisse conforto em sua cega busca por poder. E depois de alguns meses, o Rei anunciou o seu noivado com a jovem Eleanora. As notícias se propagavam pelo reino e pouco a pouco seguiam até o caminho em que Arthur estava. O homem, que agora se encontrava com quase 24 anos, não se viu feliz em saber que a mulher que ele amava agora seria do Rei mais impiedoso de toda a Inglaterra. Naquele dia ele se isolou no penhasco onde se encontrava com ela e pensou em como ela estaria agora.
Ao contrário do Rei Vortigern, a então agora Rainha Eleanora, era meiga, gentil e sábia. Sem qualquer desejo de glória e poder, como seu então esposo o fazia, mas ela sempre se manteve a boa e gentil criança que Arthur conhecia. Agora não mais pertencente a Arthur, mas ao temido Vortigern.
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Sombras da Paixão: A Lenda do Reino de Camelot
FanfictionHouve um tempo em que a Inglaterra era governada por homens em aliança com magos, desta união mágica e forte nada poderia tornar o mundo em trevas. O primeiro rei foi Uther, quem recebeu a dádiva de receber a Excalibur pelo próprio Merlin. A espada...